Luiz Alberto Mendes
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Decisão

Não há outra saída senão exercer a liberdade de escolha sempre. Não há decisão se não houver circunstâncias. Estamos sempre envoltos em circunstâncias e, obviamente, tendo que decidir e decidindo. Sem circunstâncias não há mundo e, não havendo mundo, não há existência:

Eu tinha cerca de 21 anos. Estava preso na Penitenciária do Estado, condenado a mais de 100 anos e cumprindo regime de castigo. Não havia me desenvolvido normalmente por viver desde os 11 anos de idade na rua. Pequeno, frágil e com cara de menino. A pederastia selvagem imperava na prisão; não havia visita íntima. Os presos me olhavam qual eu fosse uma moça, cobiçosos. Odiava aqueles olhares. Estava no castigo por haver matado um sujeito que tentara me estuprar.

Estávamos na cela do Fórum da Capital. Eu sumariava um dos meus muitos processos. Junto comigo, cerca de 20 companheiros de prisão. Meia dúzia deles estava em regime de cela-forte como eu, e quase todos por crimes dentro da prisão. Eram os “matadores”. Tiraram três facas improvisadas da parte posterior da coxa, que estavam presas com esparadrapos. Haviam passado na revista assim armados. Eu os conhecia, cada um deles havia matado duas, três ou até quatro vezes dentro da prisão. Perguntei a quem eles iriam matar. Era um plano de fuga. Tentariam sequestrar o Juiz quando fossem atendidos em audiência. Estavam todos no mesmo processo; um crime que um deles cometera e os outros haviam sido arrolados como testemunhas. Enfrentar PMs armados com facas era um plano suicida, na minha opinião.

Não consegui me tranquilizar. Com certeza seríamos todos espancados. Os PMs se vingariam em nós. Era situação limite cujas circunstâncias já haviam sido dadas quando escolhemos dar motivos para sermos presos. Restava as consequências. Depois da pressão ali naquela cela lotada, soubemos que tanto a minha como a audiência deles, haviam sido adiadas. Os demais companheiros haviam sido ouvidos. Os guardas que abriam os portões estavam ressabiados; abriam a cela de armas embaladas nas mãos. Aquilo ativou nossos sensores. Algum daqueles que saíram e voltaram, com medo das facas serem utilizadas contra eles, denunciara.

Eu não tinha nada a ver com aquilo. Mas sabia como os policiais eram sádicos e que gostavam de nos espancar. Nem era preciso nem dar motivo. Fomos deixados por último na hora de sermos embarcados no camburão para voltar à prisão. Quando percebi, só havia eu e os “matadores” na cela. Trataram de esconder as facas dentro da privada. Não podiam voltar com elas; seriam descobertos na revista de praxe.

De repente, fomos tirados da cela e colocados lado a lado contra a parede. Os PMs, de armas nas mãos, exigiram que nos despíssemos. Havia cerca de 50 policiais e 6 presos nus na sala. Eles queriam saber das facas, que não acharam. Claro, ninguém sabia de nada e eu, muito menos. Estava na ponta e era o menor e o mais mirrado de todos. Os soldados não tiveram dúvidas: em meia dúzia me juntaram, ergueram no alto e levaram para outra sala. O Tenente me questionou sobre as facas. Sabia que seria torturado, mas escolhi nada dizer, não abriria a boca para nada. Gritaria ao ser espancado para avisar os outros.

Eles estavam impacientes. A pancadaria veio rapidamente. Pior que apanhar é esperar para apanhar. Foi um alívio quando choveu cacetadas e pontapés. Era tanta gente me batendo que eles se batiam entre si no afã de me acertar. Racharam minha cabeça, quebraram o nariz e estouram a boca. O sangue esguichava e eles batiam ainda. Já nem doía mais de tanto que haviam me machucado. Quando pararam eu estava lavado de sangue, vários deles também. Ainda queriam saber e bateram mais ainda. Eu estava firme por dentro, decidido, cuspindo pedaços de dentes e sangue. Saíram me arrastando de volta à sala de revistas e jogaram em um canto. Pegaram o Joca, que era o próximo. Ele era grande e forte; saiu batendo neles também. Os outros quatro avançaram e formou-se um bolo de presos e PMs no chão, uma gritaria, um escândalo que chamou a atenção de Juízes e autoridades. Tiveram que parar.

Os parceiros me ajudaram a me vestir, agora eu era um deles, o que mais apanhou, não denunciou e que mais precisava de ajuda. Fomos jogados dentro do camburão a pontapés. Sabíamos o que nos aguardava ao chegar na Penitenciária: mais espancamento. Desmaiei dentro do carro de aço. Acordei na enfermaria com armação de pau no nariz, cabeça costurada, costelas quebradas, cheio de hematomas, com o corpo todo doendo. Meu braço direito e as costelas estava enfaixados, as pernas machucadas e a canela sangrando. Mas por dentro estava contente. Havia provado que, mesmo sendo menor e mais fraco, era tão forte quanto qualquer um deles.

Quando voltei para a cela-forte, 15 dias depois, ainda com o braço na tipóia, todo enfaixado e nariz inchado e com armação de palitos de sorvete, o silêncio foi total. Quando os guardas saíram, todos queriam falar comigo e perguntavam sobre minha saúde. Eu era alguém, um homem respeitado.

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Luiz Mendes

23/01/2015.

8 de Março

No Dia Internacional da Mulher, comemorado na próxima terça-feira, 8 de março, quero render minhas homenagens às mulheres em geral, brasileiras e estrangeiras, guerreiras que sempre lutam, como diria o Che, sem jamais perder a ternura. Nos primeiros anos do século XX, Simone de Beauvoirpor melhores condições de vida e trabalho, além do direito de votar; Atualmente, a defesa de mais espaço na política e o fim da violência por questões de gênero, o deplorável feminicídio. Tanto ontem quanto hoje, lágrimas e sorrisos, dores e alegrias, discriminações e vitórias, como traços definidores de quem não abre mão, nem que a vaca tussa, da condição de ser feliz. Todas elas, sem distinção, merecem nosso respeito e admiração. Em tudo que fazem, a entrega é total e feito com amor. Daí a modesta louvação, que agora inicio, a mulheres que marcam, direta ou indiretamente, essa data emblemática.   

 Louvo inicialmente as operárias mortas em Nova York, umas 125, num incêndio criminoso em indústria têxtil, a selvageria capitalista mostrando a sua cara hedionda. Louvo também a  alemã Clara Zebrino que propôs em 1876, na Segunda Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, a brilhante ideia da instituição do Dia Internacional da Mulher. Louvo ainda as Nações Unidas por terem adotado o 8 de março, em 1977, como o dia para lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres. Estendo Leila Dinizminhas louvações à pintora Frida Kahlo, à filósofa Simone de Beauvoir, à ensaísta Susan Sontag, à escritora Anaïs Nin e à atriz Meryl Streep por responderem de forma tão linda, através de sua arte e ideias, à provocação instigante do camaleônico compositor baiano na música Cajuína: “Existirmos – a que será que se destina”? Nunca esquecer que louvando o que bem merece, como já dizia Torquato Neto, deixamos o que é ruim de lado, notadamente as diabólicas facetas machistas que envergonham a cultura brasileira até hoje. No plano nacional, nada mais justo que louvar a escritora cearense Rachel de Queiroz, primeira mulher a fazer parte da Academia Brasileira de Letras; o ativismo literário e político de Patrícia Galvão, a lendária Pagu, eleita musa dos modernistas de 22; a irreverência comportamental de Leila Diniz, quebrando tabus e preconceitos, ao exibir sua barriga de biquíni nas praias cariocas e afirmar, sem meias palavras, que transava de manhã, de tarde e de noite; a ousadia de Carolina Maria de Jesus, mulher negra e favelada que, ao registrar seu cotidiano em cadernos encontrados no lixo, escreveu uma das metáforas mais dolorosas: “Eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos.” Sem falar de Cássia Eller, o cantar visceral com paixão e sentimento como nenhuma outra artista; a interpretação divina de Fernanda Montenegro em todas as personagens que encarna no palco, televisão e cinema; e, por fim, a presidenta Dilma Rousseff que, mesmo torturada na ditadura, não guardou ódio no coração, tampouco perdeu a esperança em comandar o destino de seu povo.

Entre as piauienses, manifesto louvação a Maria da Inglaterra, ícone de nossa cultura popular, com o seu eternoO peru rodou, música que embala sentimentos por várias gerações e ritmos; a Francisca Trindade, síntese perfeita entre política, compromisso social e ética; Sarah Menezesa Graça Vilhena, por sua poesia simples e comovedora, que nos leva a valorizar as coisas “desimportantes” do cotidiano; a Patrícia Mellodi, com seu talento musical e coragem sertaneja desbravando o Rio de Janeiro, nascida que foi para brilhar nos palcos desde muito nova em Teresina; a Sarah Menezes, nossa judoca, pelas medalhas conquistadas nos tatames nacionais e internacionais, oxalá continue assim; a dona Raimunda, mãe idolatrada por mim e os demais filhos, que aos 91 anos continua Trindadeapaixonada pela vida e crente na bondade humana; a Lucíola, amor de minha vida, por curtir rock, gostar de viajar, tomar umas cervejas e alimentar utopias; a Carolina e Andreia, filhas queridíssimas, por terem se tornado mulheres competentes e tranquilas; e louvo pra terminar, agora e sempre, minha netinha Isabela, de dois anos apenas, símbolo da vida se renovando em beleza e doçura. Viva o 8 de março e as mulheres!

Com o coração na estrada – (3 – final)

Belém é uma cidade cheia de cheiros de muitas essências. Sobre as ruas, mangueiras centenárias se abraçam, formando túneis imensos. Há uma sensualidade contagiante no ar.

Durante meses, Dalila ocupa-se quase exclusivamente do cerco a Suiá. Segue-a dia e noite, escreve-lhe e lhe telefona diariamente. A princípio, a disc-jockey a trata como uma simples fã, mas passa a esperar com ansiedade as cartas e telefonemas. A certa altura, começa a pedir que a outra se identifique. Em vez disso, Dalila corta o contato por uma semana. Suiá torna-se super irritada, supondo-se numa crise de TPM… E quando a outra retorna o contato, a disc-jockey propõe de imediato um encontro.

Finalmente, estão as duas mulheres frente a frente, à luz mortiça da mesa de um restaurante. Olham-se e têm ambas a mesma sensação: conhecem-se, embora jamais se tenham encontrado antes daquela troca de olhares através da vitrine da loja de chocolates. Mas a conversa corre fragmentada,  como se disfarçasse o desejo de uma aproximação maior. Há um estranhamento a perpassar frases inacabadas. Nenhuma delas percebe o que está acontecendo.

Mas alguém parece perceber. Na mesa do canto esquerda, na penumbra de um abajur lilás, uma velha senhora observa atentamente as duas mulheres. Súbito, no lugar de Dalila e Suiá, ela vê um casal: a mulher é, sem dúvida, a disc-jockey, embora em trajes de uma época passada, mas na cadeira de Dalila, está um homem.  Há entre eles um clima de intensa paixão.

Imagens de presente e passado se alternam aos olhos da velha senhora, tal qual um filme. Das duas mulheres conversando corta para aquele homem beijando a boca de Suiá e, em seguida, para outra mulher que, enlouquecida, descarrega a pistola sobre o casal. Suiá cai aos prantos sobre o amante agonizante.

As duas mulheres pagam a conta. Parecem íntimas e extremamente felizes. Saem do restaurante.

Através da vidraça, a velha vê Suiá e o homem a se distanciarem, abraçados.

O primeiro aniversário

Por Luana Sena 

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Fica, vai ter bolo!

Era uma quinta-feira quente de 2012 quando aqueles cinco se encontraram em uma livraria para arquitetar o plano. A missão: entrevistar Assis Brasil, o escritor piauiense com um milhão de livros vendidos. Debateram sobre sua obra, afiaram as perguntas e organizaram-se para seguir até a casa do escritor, faltando 10 minutos para a hora marcada, quando alguém se lembra: “cadê o gravador?”.

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Entrevista com Assis Brasil: o começo de tudo

Ninguém havia levado, mas não confunda com amadorismo. Aquele foi um dia bem de revestrés, para ficar na história e fazer jus ao nome: esquecemos o gravador e quando o arranjamos as pilhas acabaram no meio da conversa. Para completar a maré de contratempos, a cajuína comprada para brindar nossa primeira entrevista era cearense. Estava dada a largada para a edição número um da revista Revestrés, uma revista piauiense para falar de cultura, “essa palavra tão gasta e amassada, surrada e um tanto quanto maltrapilha que tantas páginas e séculos foram gastos para tentar defini-la e, a cada definição, se torna outra”, dizia André no editorial de estreia. A primeira edição homenageava Maria da Inglaterra, rainha do povo, e trazia na capa Assis Brasil – a máquina de escrever.

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Lançamento Revestrés#01 em 29 de fevereiro de 2012

Mas a largada mesmo, de verdade, já havia acontecido dias, meses – talvez, anos – antes, entre encontros e conversas de dois amigos e parceiros de empreitadas: Wellington Soares, professor de Literatura e escritor, e André Gonçalves, da poesia, da fotografia e da publicidade. “Lembro bem das primeiras reuniões acontecendo no mezanino da livraria, para definir a linha editorial. Ali nasceram as primeiras ideias de seções e até o próprio nome da revista”, conta Wellington. “Do início, uma lembrança que acho comovente foi o momento da decisão de fazer a revista”, recorda André. “O papo simples, direto, franco e com um pouco de delírio”.

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Eles fundaram a Quimera (empresa de editoração, que passou a publicar a Revestrés e, depois, outros livros e produtos) e recrutaram auxílio para fazer o que, supomos, fazemos de melhor: acreditar em sonhos. Além de mim, vieram Samária Andrade, para o conselho editorial, Maurício Pokemon, nas fotografias, Alcides Junior, diagramação, e as jornalistas Liliane Pedrosa e Nayara Felizardo. Algum tempo depois, para botar ordem na casa, chegaram Adriano Leite, da administração, e Victória Holanda, a mais nova e intrépida repórter da turma.

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“Não tem ninguém da equipe que seja alguém que eu não queira estar ao lado, trabalhando ou convivendo”, confessa André, que comanda as reuniões de pauta bimestrais “desierarquizadas” – como um bate-papo, um encontro de amigos, quase sempre regado a pizza e fotos para o Instagram. “É uma mistura de experiência e juventude, onde todos aprendemos, todos crescemos”.  Para Samária, a descontração é um dos ingredientes que não pode faltar nesses encontros para definir entrevistados e temas de cada edição. “São sempre oportunidades de boas conversas – algumas muito produtivas e reflexivas. Outras viram uma grande farra. Somos felizes juntos”.

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Não demorou muito e fomos parar na academia – constantemente nos chegam artigos, dissertações e outras análises de pesquisadores sobre a nossa produção. Jornalisticamente, também entramos para o hall dos premiados: com dois anos de mercado, Revestrés levou quatro vezes o Prêmio Piauí de Reportagem (dois na categoria impresso, um em fotografia e mais outro em desenho de humor) e foi finalista de um nacional, com matéria da seção gastronômica, que sempre tenta contar a deliciosa história por trás de uma história delícia – alterando os fatores, desordenamos – e adoramos – o resultado.

479734_437866229617718_1523554109_nNa brincadeira – que levamos muito a sério – de fazer revista já se vão quatro anos – estampados em 23 edições.  João Cláudio Moreno, Benjamim Santos, Teresinha Queiroz, Eder Chiodetto, Niède Guidon, Douglas Machado, Marcelo Evelin, Paulo José Cunha, Marinalva Santana, Isis Baião, Luiz Alberto Mendes, Ziraldo e Ferreira Gullar foram alguns dos entrevistados que nos ajudaram a pensar, quando sentiram-se a vontade para, em nossas páginas, dizer o que quisessem.

“Costumamos dizer que fugimos aos padrões clássicos do jornalismo”, revela Samária. “A gente se apaixona pelos entrevistados”. Mais do que isso, Sam. A gente se apaixona toda hora, por tudo que a gente que faz.

 

 

Moacyr Scliar

No finalzinho de fevereiro de 2011, fomos surpreendidos com uma triste notícia: a morte inesperada de Moacyr Scliar, o talentoso escritor gaúcho. Além de uma grande perda para nossa literatura, sua partida deixa uma enorme saudade nos amigos e milhares de leitores. Para homenagear essa extraordinária figura humana, a quem tive o prazer de conhecer pela leitura de livros e pessoalmente, reproduzo o texto por meio do qual fiz sua apresentação aos participantes do 5º Salão do Livro do Piauí, realizado em junho de 2008, no Centro de Convenções de Teresina. MoacyrScliar

“Hoje teremos uma noite muito especial no Salipi: a presença de um dos maiores nomes da literatura brasileira contemporânea. Um autor que vem, ao longo desses anos, encantando os leitores com histórias marcadas por um humor irreverente e profundo humanismo, nas quais evidencia enorme simpatia pelos deserdados e excluídos.

E pensar que tudo começou em um papel de embrulho, quando tinha apenas seis anos de idade, escrevendo uma autobiografia precoce e curta. Ali, com certeza, ainda tropeçando nas letras, começava a nascer o escritor que o Brasil viria a amar com paixão e ternura. O gosto pela leitura, adquirido por influência da mãe professora, que o levava à Livraria do Globo onde podia escolher livros à vontade, bem como uma máquina de escrever Royal recebida de presente, foram decisivos na vida deste eterno “aprendiz” de escritor, como ele geralmente se define.

Dos primeiros artigos para jornal e da publicação de contos, nasceu a convicção em ser escritor. Os prêmios literários ganhos em seguida só vieram reforçar essa certeza. De lá para cá, ele já levou os prêmios mais importantes e cobiçados: Prêmio Guimarães Rosa, Prêmio Brasília, Prêmio Pen Clube do Brasil, Prêmio Joaquim Manuel de Macedo, Prêmio Cidade de Porto Alegre e Prêmio Jabuti, este último por três vezes. Sem falar do Prêmio Casa de Las Américas, em Cuba.

Autor multifacetado, destacando-se como contista, cronista, ensaísta e romancista, já tendo publicado mais de 50 livros, muitos deles lançados em vários países. Seus textos já foram adaptados para cinema, teatro, tevê e rádio. Escrevia semanalmente para importantes jornais do país, tais como Zero Hora, de porto Alegre, e Folha de São Paulo. Destacam-se da vasta e diversificada obra do autor, os seguintes títulos: O centauro no Jardim e O Exército de um Homem Só, no romance; O Carnaval dos Animais e A Orelha de Van Gogh, no conto; Cavalos e Obeliscos e Pra Você Eu Conto, na literatura infanto-juvenil.

Outra atividade que marca a sua vida e que ele buscou conciliar com a literatura é a medicina, exercida por anos em Porto Alegre. Esse fato, inclusive, causa espanto nas pessoas, como se a carreira médica fosse incompatível com a peleja literária. Esquecem que, no fundo, ninguém pode desejar ser médico nem escritor sem nutrir uma grande e avassaladora paixão pelo ser humano. Aliás, muitos de nossos escritores abraçaram a prática médica também: Guimarães Rosa, Pedro Nava, Manuel Antônio de Almeida, Jorge de Lima e Joaquim Manuel de Macedo.

Com vocês, o menino que escrevia histórias em papel de embrulho, apelidado de Mico na época, e que sempre acreditou na magia da ficção; o descendente de imigrantes judeus russos, que vem ao Salipi para falar sobre o tema palpitante de Os mistérios da criação literária, Moacyr Scliar.”

 

(crédito da foto: cultura.rs.gov.br)