No Dia Internacional da Mulher, comemorado na próxima terça-feira, 8 de março, quero render minhas homenagens às mulheres em geral, brasileiras e estrangeiras, guerreiras que sempre lutam, como diria o Che, sem jamais perder a ternura. Nos primeiros anos do século XX, por melhores condições de vida e trabalho, além do direito de votar; Atualmente, a defesa de mais espaço na política e o fim da violência por questões de gênero, o deplorável feminicídio. Tanto ontem quanto hoje, lágrimas e sorrisos, dores e alegrias, discriminações e vitórias, como traços definidores de quem não abre mão, nem que a vaca tussa, da condição de ser feliz. Todas elas, sem distinção, merecem nosso respeito e admiração. Em tudo que fazem, a entrega é total e feito com amor. Daí a modesta louvação, que agora inicio, a mulheres que marcam, direta ou indiretamente, essa data emblemática.
Louvo inicialmente as operárias mortas em Nova York, umas 125, num incêndio criminoso em indústria têxtil, a selvageria capitalista mostrando a sua cara hedionda. Louvo também a alemã Clara Zebrino que propôs em 1876, na Segunda Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, a brilhante ideia da instituição do Dia Internacional da Mulher. Louvo ainda as Nações Unidas por terem adotado o 8 de março, em 1977, como o dia para lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres. Estendo minhas louvações à pintora Frida Kahlo, à filósofa Simone de Beauvoir, à ensaísta Susan Sontag, à escritora Anaïs Nin e à atriz Meryl Streep por responderem de forma tão linda, através de sua arte e ideias, à provocação instigante do camaleônico compositor baiano na música Cajuína: “Existirmos – a que será que se destina”? Nunca esquecer que louvando o que bem merece, como já dizia Torquato Neto, deixamos o que é ruim de lado, notadamente as diabólicas facetas machistas que envergonham a cultura brasileira até hoje. No plano nacional, nada mais justo que louvar a escritora cearense Rachel de Queiroz, primeira mulher a fazer parte da Academia Brasileira de Letras; o ativismo literário e político de Patrícia Galvão, a lendária Pagu, eleita musa dos modernistas de 22; a irreverência comportamental de Leila Diniz, quebrando tabus e preconceitos, ao exibir sua barriga de biquíni nas praias cariocas e afirmar, sem meias palavras, que transava de manhã, de tarde e de noite; a ousadia de Carolina Maria de Jesus, mulher negra e favelada que, ao registrar seu cotidiano em cadernos encontrados no lixo, escreveu uma das metáforas mais dolorosas: “Eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos.” Sem falar de Cássia Eller, o cantar visceral com paixão e sentimento como nenhuma outra artista; a interpretação divina de Fernanda Montenegro em todas as personagens que encarna no palco, televisão e cinema; e, por fim, a presidenta Dilma Rousseff que, mesmo torturada na ditadura, não guardou ódio no coração, tampouco perdeu a esperança em comandar o destino de seu povo.
Entre as piauienses, manifesto louvação a Maria da Inglaterra, ícone de nossa cultura popular, com o seu eternoO peru rodou, música que embala sentimentos por várias gerações e ritmos; a Francisca Trindade, síntese perfeita entre política, compromisso social e ética; a Graça Vilhena, por sua poesia simples e comovedora, que nos leva a valorizar as coisas “desimportantes” do cotidiano; a Patrícia Mellodi, com seu talento musical e coragem sertaneja desbravando o Rio de Janeiro, nascida que foi para brilhar nos palcos desde muito nova em Teresina; a Sarah Menezes, nossa judoca, pelas medalhas conquistadas nos tatames nacionais e internacionais, oxalá continue assim; a dona Raimunda, mãe idolatrada por mim e os demais filhos, que aos 91 anos continua apaixonada pela vida e crente na bondade humana; a Lucíola, amor de minha vida, por curtir rock, gostar de viajar, tomar umas cervejas e alimentar utopias; a Carolina e Andreia, filhas queridíssimas, por terem se tornado mulheres competentes e tranquilas; e louvo pra terminar, agora e sempre, minha netinha Isabela, de dois anos apenas, símbolo da vida se renovando em beleza e doçura. Viva o 8 de março e as mulheres!