
O primitivo tempo em que vivemos
Respeitada no mundo, jurada de morte no interior do Piauí, a arqueóloga Niède Guidon revela decepção com o homem, paixão pelos animais e ironia com sua fama de má.
Respeitada no mundo, jurada de morte no interior do Piauí, a arqueóloga Niède Guidon revela decepção com o homem, paixão pelos animais e ironia com sua fama de má.
Ele dá palestras em universidades pelo Brasil e recusa títulos. Rejeita o Estado e aponta o que devemos aprender com a vida nos quilombos. Aos 62 anos, ensino formal até a oitava série (nono ano), dois livros publicados, o quilombola Nêgo Bispo dá concretude ao termo intelectual orgânico.
O frade que foi preso pela ditadura, desenvolveu a meditação na prisão, escreve todo os dias, pratica atividade física, medita e não poupa a Igreja Católica: “É uma situação esdrúxula: temos uma cabeça progressista - o papa Francisco - e um corpo conservador”. E como esse corpo elegeu essa cabeça? “Foi um equívoco”.
"Ainda estou aqui é sobre memória. As novas gerações não sabem o que foi a ditadura". O escritor diz que não superou "porra nenhuma".
Com livros publicados, ele diz que não se considera escritor. "O que gosto mesmo e acho que sei fazer é escrever canções". Fala que todo mundo já pensou em parar e, autocrítico feroz, aponta suas canções de sucesso que, hoje, considera estranhas ou imaturas. Bem-humorado, conta que sua aventura mais radical foi morar com Chico César, logo que chegou em São Paulo.