Sergia A.
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Azul caipira

Encontrei em Minas as cores que adorava
em criança. Ensinaram-me depois que eram feias
e caipiras. Segui o ramerrão do gosto apurado…
Mas depois vinguei-me da opressão, passando-as
para minhas telas.

(Tarsila do Amaral)

 

Quando eu era criança, em uma pequena cidade no interior do Piauí, acompanhava o movimento dos que faziam as trouxas e iam para São Paulo tentar a vida e um dia retornar. Eram muitos por isso o fluxo era constante. No mês de dezembro era divertido observá-los passar na minha rua, vindo da rodoviária, com suas malas e um toca-fitas/gravador ao pé do ouvido. Mais divertido ainda era ouvir o novo sotaque, enxertado de gírias, afinal já não eram caipiras. Isso me veio à mente durante as duas longas horas em que fiquei em uma fila, no vão livre do MASP, para ver Tarsila Popular.

A exposição faz parte de uma série que apresenta modernistas brasileiros do cânone, com referências populares nas suas obras. Ao mesmo tempo está inserida na programação do ano dedicada às Histórias das Mulheres, histórias feministas, dialogando com duas outras mostras simultâneas: Djanira e Lina Bo Bardi. Temporária, portanto, assim como a minha rápida estadia na metrópole. Diante da multidão (organizada em fila, mas uma multidão), superado o pavor inicial, foi o pensar sobre o ir e vir das pessoas, suas buscas, seus objetivos, suas tentativas de evolução, que me fez suportar a espera. Primeiro, pelo alento que é ver no Brasil de 2019 muitos jovens e crianças interessados em arte e cultura, ver professoras de escola pública levando turmas enormes a um museu que lhes oferece uma possibilidade de sonhos, de imaginação tão necessária na construção de suas vidas futuras. Segundo, porque é gratificante perceber que o acaso me fizera estar ali, naquela manhã, comparando comportamentos e repensando a minha própria trajetória de caipira pelo mundo.

Operários – Tarsila do Amaral, 1933.

Ao subir a escadaria, entendi que duas horas eram pouco e o dia apenas dava sinais de onde me levaria. Não chorei em frente a La Gioconda (Mona Lisa) no Louvre, ou do Nascimento de Vênus na Galleria degli Uffizi, ou do Monumento imperial a la mujer-niña no CCBB (Rio de Janeiro – 2014), no entanto não consegui conter as lágrimas diante de Antropofagia, Abaporu, e das enormes telas Operários e Segunda Classe. Como se, de repente, me viesse uma nova compreensão do que significou para a artista e para nós brasileiros o rompimento com a visão submissa a temas e princípios europeus. Era entender visualmente o que as letras me disseram nos livros, como se outra parte do meu cérebro precisasse ser ativada para recuperar detalhes esquecidos e acender o clarão. Um mergulho sem resistência no azul puríssimo, no rosa violáceo, no amarelo vivo, no verde cantante, como ela definia suas cores. E, naturalmente, no nosso modo de ver, entender e representar o mundo.

Impossível não voltar aos anos 1920/1930 e imaginar como tudo aquilo repercutiu nas mentes colonizadas e conservadoras da elite brasileira na qual Tarsila tinha origens. Uma filha de São Paulo (a nossa referência de riqueza e progresso) que foi alfabetizada por uma preceptora belga, iniciada nas artes por um mestre alemão e depois enviada a Paris para formação acadêmica, retornando com uma produção artística completamente identificada com o jeito brasileiro interiorano de ser? Certamente o fato balançava todas as certezas de quem aprendeu a se distanciar de sua gente para não parecer igual. Daí, talvez, o porquê de por muitos anos a crítica se valer da busca por influências europeias e formalistas no seu trabalho (o cubismo, por exemplo) em detrimento dos temas, cores, das narrativas e personagens reais ou fantásticos que trazem à tona uma brasilidade não vista como legitimadora da grande arte.

Alma alimentada, desci as escadas com um oco no estômago. Eram duas horas da tarde e o corpo dava sinais de que também precisava de alimento. O restaurante do MASP estava fechado para reformas, me disseram. Um lanche rápido no café, e segui renovada para ver Djanira: a memória de seu povo. Mas isso é história para outra coluna.  Lá fora o céu de 2019 estava azul impuro, ou matizado de gás carbônico dos escapamentos velozes. Mas o sol era amarelo vivo e escaldante como o da minha terra, não permitindo que eu esquecesse minhas origens apesar do gosto que se apurava naquele instante.

***

Sergia A. (sergiaalves@hotmail.com)  vive em Teresina-PI, como aprendiz de letras e espantos. Mestra em Letras/Literatura, Memória e Cultura, é autora do livro Quatro Contos, Editora Quimera (Teresina, 2018) e participou de coletâneas diversas: A mulher na literatura Latino-americana, Editora EDUFPI/Avant Garde (Teresina, 2018); Conexões Atlânticas, Infinita (Lisboa, 2018); 2ª Coletânea Poética Mulherio das Letras ABR Editora (Guarujá, 2018); Antologia do Desejo: Literatura que desejamos, Patuá (São Paulo, 2018)

 

O Beijo no Asfalto

 

Minha vida desandou, hoje tenho certeza, depois do beijo. Não de qualquer beijo, mas daquele no asfalto. Dado num rapaz que sequer conhecia, na Praça da Bandeira, atropelado por um ônibus. O coitado escorregou do meio-fio e, fração de segundos, já não vivia mais. Gesto automático, corri pra socorrê-lo, amparando o pescoço nos meus braços. Mesmo pego de surpresa, atendi seu pedido de misericórdia: dei-lhe um beijo na boca. Pior ainda, na frente de todo mundo, incluindo meu sogro. Como iria adivinhar a presença de um repórter canalha, de jornal sensacionalista, entre a multidão que se formara para ver a desgraça alheia? Estampada na primeira página, dia seguinte, estava lá a maldita manchete, em letras garrafais: O BEIJO NO ASFALTO. A partir daí, quem diria, todos ficaram contra mim. Não entendem que o beijo foi apenas um gesto humano, de solidariedade. Que se danem!, pois não me arrependo. E por um único e simples motivo: fez eu me sentir, pela primeira vez na vida, um homem bom, sem maldade – “Lindo beijar quem está morrendo!”.

Perdoar Arandir até que seria possível, juro por Deus, mas voltar a beijá-lo nunca mais. Sempre lembraria dele beijando a boca de um homem. Isso é o fim da picada, mesmo reconhecendo a grandeza de seu gesto. Até relevaria os mexericos da vizinhança, as torturas sofridas da dupla Cunha/Amaro e os ciúmes doentios do Aprígio, meu pai. Nem lavando a boca mil vezes, acredite, eu seria capaz outra vez. E olha que Arandir é o grande amor da minha vida. Aliás, o primeiro e único namorado que tive. O homem que me fez mulher quando eu não passava de uma garotinha boba e virgem. Quanto à insinuação maldosa de ser gilete, cortando dos dois lados, nunca liguei a mínima. Amante do rapaz morto? Canalhice pra venderem jornal. Arandir é macho dos bons, daqueles que querem sexo todo santo dia, por isso não desejar ter filho tão cedo, atrapalha nossa eterna lua de mel. Vontade não faltou de ir ao seu encontro, em hotel no Largo de São Francisco, mas a lembrança do tal beijo pôs tudo a perder.

Selminha não vem, disse pra ele, mas eu vim no lugar dela. Vim por acreditar em você, na sua inocência diante da campanha sacana do jornal Última Hora. Grandíssimo filho da puta, esse Samuel Wainer! Vim também porque, ao contrário da sua esposa, não sinto nojo de você. Vim ainda porque, caso queira me beijar, meus lábios e língua estão à sua inteira disposição. Vim, por fim, pra deixar bem claro o amor que sinto por você. Não de agora, depois do famoso beijo, mas desde o namoro com a minha irmã, que o rejeita logo no momento que você mais precisa. Fiquemos em duas, dentre outras provas do meu amor: ter ido morar com vocês, a fim de ficar pertinho de ti; e ter deixado a porta do banheiro aberta, de forma intencional, para que me visse nuinha da silva, como nasci, desejando meu lindo corpo. Vou mais além, escuta Arandir, em minha louca paixão – querendo, morro agorinha com você, sem pestanejar. Bala ou veneno, tanto faz. Topa?

Seu desgraçado, não bastasse o que fez, tenta agora seduzir Dália, minha  caçula. Sempre falei que você não prestava, não valia um tostão. Mas as mulheres, ingênuas por natureza, são levadas na lábia dos canalhas. Minhas filhas provam isso. Por que eu, Aprígio, o odeio?  Por ciúme da Selminha, talvez você pense. Por ficar bisbilhotando Dália no banheiro, quem sabe. Por você ter casado com Selminha sem minha aprovação, decerto. Por você mentir pra gente que não conhecia o rapaz morto, quiçá. Por nunca ter pronunciado seu horroroso nome, porventura, preferindo chamá-lo de namorado, noivo e marido. Como explicar tamanho ódio, então, você deve estar se perguntando? Simples, meu caro: meu ódio é amor, amor dos grandes, irrespirável de tão sufocante. “Jurei a mim mesmo que só diria teu nome a teu cadáver.” Tudo eu teria perdoado, Arandir, menos vê-lo beijar outro homem que não eu, somente eu. Mesmo tardiamente, aprenda: traição implica morte. É batata!

Harmada

João Gilberto Noll (1946-2017) foi um escritor brasileiro nascido em Porto Alegre–RS. Além de romances, Noll também escreveu contos e textos para teatro. Iniciou o curso de Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o concluiu na Faculdade Notre Dame do Rio de Janeiro. Também trabalhou como jornalista e, em São Paulo, como revisor. Recebeu diversos prêmios literários, dentre eles, o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em cinco ocasiões. Tem trabalhos adaptados para o cinema brasileiro, tais como: Nunca fomos tão felizes (1983) e Hotel Atlântico (2009). O autor foi bolsista e professor convidado da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, além de escritor residente no King’s College, em Londres, em 2004.

Em Harmada, vemos um herói em plena decadência. Sua narrativa (em primeira pessoa) é a dos que estão em busca de um alvo incerto. Não há coragem ou mérito. Todos os locais por ele visitados são caóticos. Trata-se de uma desconstrução do real (tão sufocante), onde o personagem central encontra-se fragmentado. Em nenhum momento Noll descreve algo com clareza. O mundo descrito é falível e, ainda assim, o narrador procura, incessantemente, traçar um caminho que visa construir sua própria realidade.

Não há grandiosidade. O protagonista é um homem comum, porém, único e contraditório, atrelado ao seu interior no diálogo que realiza consigo mesmo e com os pormenores do mundo que impõe seu peso sobre ele. Vejamos um trecho do romance que retrata muito bem essa assertiva: “não, não havia ninguém aparentemente a me escutar no outro lado de mim, mas quando acordei do tremor de terra comecei a falar, a princípio sem me dar conta de que do outro lado de mim realmente vinha uma premência difusa que estava a me ouvir” (p. 26).

O personagem guia-se por sua paixão pelo teatro. Quer dirigir uma peça e apenas isso faz sentido para a sua vida. Nota-se uma divergência entre aparência e essência numa relação dialógica socialmente criada. Harmada é um livro angustiante, provocador. Que deve ser lido com muita atenção para o subjetivismo ao qual o narrador se insere, já que ele vive num constante “colapso entre a aparência e o íntimo das coisas” (p.15).

Um livro fundamental para se repensar a prosa de ficção brasileira.

De tudo ficam três coisas

Tenho ouvido e observado coisas , pessoas e, sobretudo, comportamentos que antes não me chamavam a atenção. Um dia, conversando com o meu amigo Cícero Filho (desses que são verdadeiros oráculos particulares), percebi que, a certa altura, o homem passa a sentir necessidade de fazer parte de um clã, em que os poucos amigos têm em comum manias, piadas e anseios… principalmente anseios. Ainda distantes da senilidade, mas já depois de balzaquianos, enveredamos num papo acerca da vida que foi e da que virá. Surgiu, é claro, a frase tão conhecida, encontrada na obra de Eça de Queirós: “Plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho”. Eu, internamente, pensei que já fiz as três coisas e estou muito longe da sensação de dever cumprido. Aliás, está mais pra dever comprido do que cumprido. Essa sensação não me pertence, definitivamente. Passeei um pouco pela lembrança que tive de Drummond, no seu texto A imagem no espelho, no maravilhoso livro O sorvete e Outras histórias. O texto cria uma nova maneira de escrever as suas memórias, ele defende a ideia de que o melhor é fazer isso aos 20 anos, pois as aventuras serão mais fiéis e “terão a graça das coisas verdes”.  Imagine ter o poder de projetar a sua vida, baseada tão somente em vitórias e júbilo. Mera quimera! Perdoem-me a rima medíocre. Outrossim, seria igual devaneio borboletear pela vida sem enfrentar os reveses. Passo a discussão para o terreno da minha profissão: professor de cursinhos preparatórios para concursos públicos.

Meus alunos são pessoas vencedoras, já de saída. Abdicaram de paixões, prazeres e dias de sol. Muitas vezes são seres enclausurados, desbotados e sem assunto que não seja um edital aberto, uma questão anulada ou uma revisão de Português anunciada. São meus protegidos. Como eu os admiro! Mal sabe o concurseiro que eu sou o seu maior fã. Se possível fosse, eu arrombaria a porta da aprovação e o colocaria lá, na esfera pública, seu lugar por merecimento! Não sendo possível fazer assim, faço como posso. Todos os dias, manhã, tarde e noite, ensino tudo o que sei sobre a língua portuguesa. Mas não pense que só eles aprendem, eu saio transbordando de ensinamentos sobre dedicação, fé e motivação. Costumo dizer que são necessários os três pilares do sucesso: recurso, tempo e dedicação. Recurso para investir num bom material, num bom cursinho, num bom professor; dedicação para enfrentar as inúmeras dificuldades que surgirão; tempo para usufruir daquilo que o recurso te proporcionou, com a dedicação que você possui. É isso! Na vida, no trabalho, em casa…. você sempre vai precisar de recurso, dedicação e tempo. Lute pelo alinhamento desses pilares, você consegue. Boa sorte e boa-fé fazem muito bem. Lembre-se: NÃO FORCE A BARRA, A AMIZADE E A COLUNA.

Convite a pensar nos direitos humanos

Por Lunara Maria Soares e Silva Moura

 

Lendo Contos de Assombro, deparei-me com um conto chamado “Uma jaula de animais ferozes” (1867), de Émile Zola, um relato feito por um Leão e uma Hiena de um zoológico de Paris, que tinham curiosidade em conhecer a jaula dos homens. Certa manhã tiveram a oportunidade, e, ao se aproximarem da cidade com seus ruídos de trânsito, sorrisos e lágrimas dos transeuntes, ambos se assustaram, pois tais sons pareciam uivos ferozes e dor.  Por fim, tudo naquela cidade parecia um terror, já que os homens matavam sem estar com fome, trancavam-se em suas casas por portas enormes e fortes cadeados para não se devorarem e atropelavam suas crianças com suas carruagens sem se darem conta. Todas aquelas imagens eram tão aterrorizantes que o Leão e a Hiena correram de volta às suas devidas jaulas para nunca mais saírem.

Esse conto chama atenção para o contexto de várias transformações político-sociais, no bojo da ideia de emancipação humana trazida pelo iluminismo, entre as quais o surgimento da ideia de direitos humanos. Não obstante esses avanços, a noção do outro retratada no conto ainda se encontra perdida no individualismo e uma violência absurda continuava (continua) presente no dia a dia das pessoas.

A ideia de que a existência de lei, de direitos (como nos moldes dos direitos humanos), diminuiria a violência é um tanto ilusória – a luta pela efetivação de direitos, especialmente dos direitos humanos, tem que ser diária, constante e permanente.

Afasto-me da crença de que os direitos humanos não são necessários. Pelo contrário, alerto que esses direitos a cada dia devem ser reforçados e reafirmados. A comunidade internacional precisa ter em mente a ideia de coletividade, os consensos que foram sendo construídos ao longo da história, que culminaram na ideia de “civilização” que operamos contemporaneamente. Não podemos perder de vista o difícil equilíbrio entre as demandas locais de cada cultura, as particularidades de cada contexto social, e a ideia de direitos universais personalíssimos, condição necessária para que possamos nos afastar da indiferença frente a violência crescente, tanto entre nações como no interior das comunidades locais.

Lynn Hunt, em A invenção dos direitos humanos: uma história, diz que só foi possível a ideia dos direitos humanos com a mudança da mentalidade da sociedade da época. Essa mudança de mentalidade só foi possível porque, em meados do século XVIII, as personagens dos romances epistolares, muito populares naquele período, ajudaram a desenvolver na mente das pessoas as ideias de autonomia e de empatia, como por exemplo, no romance Júlia ou a Nova Heloisa de Jean-Jacques Rousseau, publicado em 1761, antes de seu O contrato social.

A capacidade de se imaginar no lugar das personagens romanescas, vivenciar suas situações, o contato mesmo com essas obras de arte, aguçava a mente das pessoas, incentivando-as a criarem novas formas de organização social e política, a reclamarem direitos, a se mobilizarem por causas comuns. Eis o embrião do que culminou na ideia de direitos humanos.

É interessante observar que, em se tratando da vida em sociedade, a empatia para com o outro parece ser condição necessária para que uma comunidade persista. Ver o outro como aquele que possui os mesmos direitos que eu, que sente e tem as mesmas necessidades que eu tenho, ver o “eu” do outro como o meu “eu”, parece ser um passo fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igual para todos. O reconhecimento do eu no outro, essa reciprocidade entre o “eu” e o “outro”, é a base para que possamos construir uma ideia de direitos humanos universais.

Retomando a ideia do início do texto da surpresa do Leão e da Hiena com a violência dos seres humanos e seu desprezo pelo vida e pensando nas transformações políticas e sociais em marcha mundo afora, como as políticas de extrema-direita com discursos nacionalistas e autoritários, penso que os direitos humanos estão sob ameaça grave e os retrocessos em relação aos direitos conquistados não são apenas uma hipótese, mas uma realidade em vários lugares do mundo, como na Síria e na Venezuela e, inclusive, no Brasil.

Lynn Hunt nos fornece um bom caminho para superarmos a violência a que estamos expostos, seja pela ação dos governos internos, pelo conflito entre nações ou pelos interesses puramente econômicos dos grandes oligopólios financeiros internacionais: precisamos ler mais romances, aguçar a imaginação, desenvolver a empatia, criar um mundo melhor.