Wellington Soares

Coisas e outras

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A literatura salva

                   
Ontem soube da triste notícia da morte, por AVC, do escritor Luiz Alberto Mendes, ex-detento salvo pelos livros no presídio. Ao trazê-lo a Teresina, em 2015, escrevi uma crônica relatando nosso primeiro encontro em São Paulo, sua vinda ao Piauí e livros publicados.

Agora que ele se encantou, nada melhor que homenageá-lo socializando o texto com meus leitores da Revestrés.  

                                                                             A LITERATURA SALVA

A convite do Marcelino Freire, fui participar da Balada Literária de São Paulo em 2012. O evento reúne anualmente escritores, no mês de novembro, para celebrar o livro, esse objeto de desejo que fascina e encanta até hoje. Além de nomes consagrados, ele faz questão de valorizar os talentos regionais ainda desconhecidos no país. Sem falar também do pessoal que ilumina a periferia dos grandes centros com textos alternativos e saraus poéticos da melhor qualidade. Uma bela síntese da máxima “tudo junto e misturado”, tendência inspiradora de nosso imaginário cultural. De tal modo que participávamos de conversas interessantes, com temas literários distintos, envolvendo desde um Raduan Nassar, o aclamado autor de Lavoura Arcaica, até o desconhecido Wellington Soares. Daí o sucesso da Balada em relação a outras feiras, ao oportunizar essa enriquecedora troca de experiências.

Entre as palestras que assisti na Livraria da Vila, onde aconteceu o evento, um mexeu profundamente comigo. E com todos também que estavam presentes. O assunto era dos mais instigantes – “O quarto é o mundo: a literatura de verdade, dentro e fora dos presídios”, ministrada por Luiz Alberto Mendes, um  ex-detento salvo dos infortúnios da vida pela descoberta dos livros. Além de exemplo de superação, sua história é emocionante, daquelas que nos levam a acreditar que toda pessoa, inclusive as tidas como  irrecuperáveis, são passíveis de mudança. Já cumprindo pena, um belo dia outro detento indaga a Luiz Alberto se ele ouvira falar de Jean Valjean, protagonista de Os miseráveis, romance do escritor francês Victor Hugo. Diante da resposta negativa, o parceiro resolveu contar o enredo através do “telefone”, aparelho de comunicação utilizado com o esvaziamento do sanitário das celas. A repercussão foi tamanha que, a partir dali, ele resolveu ser escritor e viver de sua obra.

Hoje Luiz Alberto Mendes está livre das grades e sobrevive como escritor, já tendo publicado cinco livros por grandes editoras. Uma vida ainda dura, sem emprego fixo nem carteira assinada, mas repleta de realizações pessoais. Após descobrir a paixão pelos livros e o prazer da escrita, ele nunca mais foi o mesmo, transformando-se numa outra pessoa e encarando a realidade com novos paradigmas. Mas essa metamorfose foi possível graças a uma oficina literária, sob a batuta de Fernando Bonassi, realizada dentro do presídio, da qual ele não só participou como revelou seu talento literário. Publicou sua primeira obra, Memórias de um sobrevivente, enquanto estava na cadeia, estreia que resultou em elogios da crítica especializada e comparações a Gean Genet e Graciliano Ramos, dado a franqueza quase rude do estilo adotado.

Mas essas lembranças vêm à tona agora motivadas pela vinda de Luiz Alberto Mendes a Teresina, onde ministrará oficinas de escrita criativa nos presídios de nossa capital: Irmão Guido e Penitenciária Feminina, nos próximos dias 20 e 21. Na ocasião, ele dará o pontapé inicial ao projeto de incentivo à leitura no sistema prisional do Piauí, “Leitura Livre”, iniciativa elogiável da secretaria estadual de Justiça. Além de lançar, a convite da livraria Anchieta, os livros Memórias de um sobrevivente e As cegas, relatos pungentes de alguém que trocou o mundo das grades pelo fascinante universo das palavras. Seus outros livros são Tesão e prazer – memórias eróticas de um prisioneiro, Cela Forte e Desconforto, este último reunindo as suas poesias. Como faz questão de expressar nas andanças pelo Brasil, sendo ele próprio um exemplo disso, a literatura é capaz de salvar as pessoas das armadilhas existenciais.

*foto: Maurício Pokemon

No final da aula tinha um choro

 

Aquela aula tinha tudo para ser igual às demais. Com ela, fecharia a programação do ano. O assunto em questão era o Concretismo, vanguarda poética surgida no Brasil em 1956 que propunha, entre outros aspectos, o fim do verso e a valorização da linguagem visual. Mas, no finalzinho, veio o inesperado. Concluída a matéria, resolvi ler, por força do hábito, o trecho de um livro. Na ocasião, havia levado Por um fio, coletânea de histórias escritas por Drauzio Varella, nas quais o renomado médico descreve o sofrimento dos pacientes de câncer em face da iminência da morte. Quando dei por mim, estava com a voz embargada, um choro difícil de conter. Sugeri, então, que alguém tomasse o meu lugar. De nada adiantou, uma vez que choro espalha rápido, puxando uma corrente de solidariedade.

O desfecho da leitura não poderia ser diferente. Quem mandou escolher o relato mais penoso de todos? Justamente no que ele conta, de forma pungente, a morte do próprio irmão. Fernando, médico oncologista como Drauzio, descobre aos 45 anos que está com câncer de pulmão: “Quando tossi de manhã, encontrei uma mancha de sangue na secreção. Fiz uma chapa, apareceu um nódulo especulado no pulmão direito”. Como se não bastasse, ainda recebeu o pedido para que cuidasse, junto com o outro sócio da clínica, diretamente do caso. Dada a agressividade da doença, Drauzio Varella tratou logo de montar a melhor estratégia para combatê-la, embora soubesse das remotas possibilidades de êxito. A despedida entre os irmãos, algum tempo depois, parecia irrevogável. A morte já se fazia anunciar, mostrando sua feição implacável, cruel. Para Fernando, aliás, os momentos que a antecederam foram prenhes de grande lição: “Nos últimos meses, pude entender melhor o significado de estar vivo, e isso me trouxe uma paz que você não pode imaginar”.

Diferentemente de Estação Carandiru, quando nos levou a perceber que o homem brasileiro não é tão cordial assim, Drauzio nos conduz nesse livro a uma reflexão desapaixonada sobre nossa frágil condição humana: “Nada transforma tanto o homem quanto a constatação de que seu fim pode estar perto”. Na condição de médico, o sofrimento se manifesta em dobro, tanto em dar ao paciente o diagnóstico fatal quanto em ter consciência de sua vulnerabilidade. Mais difícil ainda é ser “obrigado” a tratar de pessoas próximas, queridas. Em qualquer situação, somente profissionais vocacionados como ele, são capazes de suportar tamanha dor. Mais impressionante, sem virar uma pedra de gelo nem abdicar, tampouco, da enorme paixão que os liga fraternalmente aos enfermos.

O choro que interrompeu a minha leitura em sala de aula tem uma explicação. Ouvir o relato sincero desse médico paulista acordou em mim a lembrança de Francisco, irmão querido levado de nosso convívio, vítima também de câncer. Revi naquele instante ali, coisa de minutos, a luta destemida que ele travou, no Rio de Janeiro, em defesa da vida, partindo ainda muito novo, deixando um monte de saudade. O consolo que fica, nesses casos, é a dedicação de médicos que pautam sua conduta no princípio de que mais do que curar, o objetivo fundamental deles é aliviar o sofrimento humano.

 

Caro Alex

 

Hoje acordei com uma vontade danada de escrever, como diria seu saudoso pai, estas mal traçadas linhas pra você. Era assim que o Francisco abria, geralmente, as cartas enviadas à família em Teresina. Inicialmente, falar que todos aqui, mesmo sob a ameaça do novo coronavírus, estamos com saúde e tocando a vida conforme Deus quer. Sem negligenciar, claro, dos cuidados necessários a fim de evitar a pandemia: lavar as mãos com água e sabão, ter o álcool em gel sempre por perto e evitar os cumprimentos efusivos (beijos, abraços e aperto de mãos). E o mais importante, jamais esquecer, não sair de casa, mantendo-se distante de aglomerações. Pras compras, deixar essa tarefa aos mais jovens.  Aos que entraram na terceira idade, como eu e seus outros tios –  Ceiça, Rita, Neto e Tomé -, o aconselhável é permanecer em quarentena, sem pôr a cara fora, uma vez que é a faixa etária de maior risco. E a que apresenta, segundo a OMS, alta taxa de mortalidade. Ao todo, 15 mil vidas já foram ceifadas, no mundo, pela “gripezinha” do Bolsonaro. Em torno de 35 delas, somente no Brasil. A maioria das vítimas constituída por pessoas acima dos 60 anos.

No caso de dona Raimunda, sua avó, com 95 anos, tais cuidados são redobrados. Além do perigo em contrair a Covid-19, que seria fatal, ela está se recuperando da fratura na bacia. Tudo por conta, infelizmente, de uma queda ao levantar da cama. E queda pra idoso, como sabemos, não é moleza, pois acarreta dois graves problemas: a imobilização e a dificuldade pra sarar. Mas longe de dona Mundica, assim também chamada por alguns, reclamar da sorte ou viver em depressão. Diversamente, acredita que vai sair dessa e voltar a ter uma vida normal, curtindo os familiares e amigos e, não podia faltar, o sagrado direito de tomar um banho de mar outra vez. Sem falar ainda de apagar a vela, em setembro vindouro, por mais um ano de felicidade e amor.

O que leva sua avó, figuraça de mulher, a ser essa incansável guerreira? Penso que a fé em Cristo, em primeiro lugar, e a paixão desmesurada pela vida, depois. Ou quem sabe, numa bela sacada, as duas coisas simultaneamente. Desde sábado passado, ela veio morar com a gente, comigo e a Lucíola, passar uma temporada, pra sermos precisos, vez que suas estadias mais frequentes ocorrem nas casas da Ceiça e da Rita, as duas únicas filhas de uma prole de nove rebentos. Brinco que é a única mãe, talvez, com mais hotéis cinco estrelas à disposição, arrancando dela uma boa risada. Quando não está deitada ou dormindo, tem aproveitado pra folhear as Lições do Papa Francisco – Inspirações para uma vida melhor, livro repleto de ensinamentos práticos, e assistir aos bons filmes da Netflix, sobretudo, os de temática religiosa e os de histórias de amor.

Mudando de assunto, a chuva quase diária em Teresina, bem como no restante do Piauí, é dádiva que enche nosso coração de alegria. Sinal que São Pedro quer nos garantir um inverno dos bons e, por conseguinte, mesa farta pra todos. Pode até não acreditar, Alex, mas temos frio nesta época  do ano. Diferente dos 38/39 graus costumeiros, notadamente no período do B-R-O-BRÓ, que vai de setembro a dezembro – motivo de chacota geral, a ponto de brincarem que dá pra fritar ovo na rua. As gozações já começam na aterrissagem dos aviões, quando o piloto anuncia nossa temperatura, quentura capaz de tirar qualquer cristão do sério e provocar mal-estar.

Mas nos conte aí, querido sobrinho, quais as novidades, incluindo o Covid-19, no Rio de Janeiro. Como você e a Lílian estão se virando, tendo que ficar no apê, sem desfrutar das belezas naturais da cidade e dos jogos no Maraca? Fico triste em saber, através da mídia, que muitos cariocas ainda não se deram conta da gravidade da pandemia. Embora desgovernado no momento, o Brasil sairá melhor desse sufoco, tornando-se um país solidário e com visão crítica sobre muitos aspectos: papel do estado na sociedade, escolha correta de gestores/políticos, cobiça/ausência da iniciativa privada nas horas de crise e, assunte bem, valorização da ciência e dos profissionais da saúde. Afinal, só os ignorantes persistem na crença que o vírus é obra do Satanás e armação dos comunistas.

No mais, Alex, receba nosso abraço saudoso e que, em junho próximo, possamos confraternizar todos em Teresina – reunindo a família – sob a benção de dona Raimunda, nossa amada e idolatrada matriarca. Inté!

Contos esparsos

Encontro com as lágrimas

Naquele dia dos pais, senti uma saudade do meu, vaga ainda, mas, de qualquer maneira, uma saudade. Resolvi, então, de repente, empreender a mesma trajetória que ele costumava fazer de casa para o trabalho, de segunda a sexta-feira. Caminhei por ruas, cruzei praças, atravessei esquinas, até chegar ao prédio onde ele trabalhava. Ali, sob o peso das lembranças, algumas lágrimas desceram dos meus olhos e queimaram. Depois não consegui mais acertar o caminho de volta e estou, até hoje, perambulando perdido, pelos desvãos da vida.

Cidadãos de bem

“Bandido bom é bandido morto”. “Bolsa Família: cansei de sustentar vagabundo”. “Tá com dó? Leva pra casa”. “Resistência contra genocídio é bandidagem”. “A atitude dos vingadores (linchadores) é até compreensível, uma vez que são, todos eles, juízes divinos”. “Fechamento do Congresso, militares já”. “O grande erro foi torturar e não matar”. “Ele é tão bonito, nem parece ser gay”. “Todo negro é pra frente”. “Ir a Nova York já teve sua graça, mas, agora, o porteiro do prédio também pode ir, então qual graça?”. “Os índios são preguiçosos e não gostam de trabalhar”. “Homofobia, machismo e racismo é tudo mimimi de esquerda”. “Brasil não tem jeito, melhor entregar aos gringos”. “Abusar de mulher feia é um favor”. “Depressão é falta de Deus na vida da pessoa”. “Macumba é coisa do demônio”. “Policial tem que primeiro atirar pra depois perguntar”. “Direitos humanos é pra proteger bandido”. “Coronavírus é uma praga comunista”.

Gracias, Irina!

Um lance apenas pro campeonato carioca ser decidido em 2001. Mesmo lotado, com mais de 60 mil torcedores, era possível ouvir o silêncio no Maracanã. Aos 43 minutos do segundo tempo, Petkovic se posiciona diante da bola para cobrar a falta. Foi nesse momento, quase sem respiração, que escuto Isadora sussurrar: “Pra você, com todo amor e eterna saudade”. Ainda em transe, desperto com o estádio vindo abaixo, o inacreditável, dado a distância da trave, havia acontecido: Pet marcou um golaço, talvez o mais bonito do futebol brasileiro, garantindo o título de campeão carioca ao Flamengo, time do meu coração. Sem palavras, desato a chorar, emocionado frente à tamanha generosidade da vascaína que, embora encantada, não deixava de marcar indelevelmente minha vida. E pensar que ainda hoje, depois de 19 anos, tudo isso continua intacto, vivinho da silva num acalanto pra sempre.

Queima total

Por quinhentão, você leva o nariz de Cristo e ganha o emprego almejado. O dedo mindinho do Salvador, pela bagatela de 1 mil reais, e as dores na coluna já eram. Pra realizar o sonho da casa própria, basta adquirir a orelha esquerda do Messias pela ninharia de 5 mil. Por 10, leva a mão direita do Redentor e, olha que maravilha, um carro zerinho na porta de casa. Que tal desembolsar 20 mil, ter a pessoa amada de volta e, de brinde, ainda ganha os cabelos do Protetor? No queimão de hoje, pela merreca de 30 mil, você sai do templo com o fígado do Libertador e, acredite se quiser, a cura dos problemas de saúde dos pais. Por 40, os pulmões do Altíssimo e, sonho dos sonhos, os pecados totalmente anulados. Assento no céu garantido, promoção das promoções, por apenas 60 mil, e os pés do Enviado inteiramente grátis. Goleando a concorrência, por somente oitentão, os rins do Mestre e, em contrapartida, a graça de ter o pai limpo das drogas. Dádiva máxima, eis aqui, pelo valor simbólico de 100 mil, o coração do filho do Senhor e, bendito seja, a garantia de vida eterna. Aleluia, irmãos!

Figura única

 

Sábado passado não foi um dia bom pra mim. Além de acordar gripado, sem ânimo pra nada, exceto dormir, recebi a triste notícia da morte de uma pessoa querida: Jorge Salomão, poeta baiano radicado no Rio desde 1969, que, depois de um infarto em fevereiro e três pontes de safena, resolveu se encantar em plena véspera do Dia Internacional da Mulher, no hospital Miguel Couto, aos 73 anos de idade. De imediato, lembrei alguns versos de Pseudo-blues, uma linda canção na voz de Marina Lima, com letra de autoria do filho de Jequié: “Dentro de cada um/ Tem mais mistérios do que pensa o outro/ Uma louca paixão avassala a alma o mais que pode/ O certo é incerto, o incerto é uma estrada reta/ De vez em quando acerto, depois tropeço no meio da linha”. Justamente quando ele, artista multifacetado, vivia uma das melhores fases da vida, com o lançamento da obra 7 em 1, coletânea de livros já publicados, e o álbum Poética, a ser lançado ainda este ano pelo Sesc-SP.

Nossa convivência, infelizmente, se resumiu a dois encontros. Um tantinho de nada em termos de quantidade, porém marcante do ponto de vista estético e afeto humano. O primeiro, em Teresina, setembro de 2016, na Casa da Cultura, reunindo escritores de várias gerações.  O segundo ocorreu no Rio, em novembro de 2019, final do show da cantora piauiense Patrícia Mellodi, no Teatro Rival. Em ambos, a conversa girou em torno da cultura brasileira atual – seus desafios, conflitos e estratégias de resistência em tempos de ódio. Sempre com muito humor e boas gargalhadas, ele que era a inquietude e a irreverência por natureza, como podemos constatar ao dizer que em “todas as manhãs/ grito por viver/ clamo ao sol por mais justiça/ abro o leque da solidariedade/ todas as manhãs/ sou mais eu/ sendo mais justo/ em todas as medidas/ todas as manhãs/ danço minhas manhas/ abrindo as manhãs.”

Após o show da Patrícia, que nos deixou comovidos pro diabo, seguimos todos prum barzinho em Botafogo, onde fomos bebemorar a boa música,  comer algo pra espantar a fome,  tomar chopp gelado, jogar conversa fora e, barulhentos e felizes, celebrar a amizade que dá sentido a vida. Dos presentes, Jorge Salomão era, disparado, o mais alegre de todos, distribuindo simpatia indistintamente. Sua performance poética durante o espetáculo, em dobradinha com o talentoso Christovam de Chevalier, fora sensacional, sendo ovacionado pela plateia. Além de poeta, Jorge se destacou também como artista visual, diretor teatral e compositor, tendo sido parceiro de grandes nomes da MPB: Zizi Possi, Cássia Eller, Frejat, Marina Lima, Adriana Calcanhoto e Nico Rezende, entre outros.

Figura carismática, que seduzia os que atravessavam seu caminho, pouco importando convivência diária ou encontros fortuitos apenas, Jorge Dias Salomão estreou na literatura com Mosaical, em 1996, cujo título desnuda a velha polêmica entre poesia e letra de música. Depois vieram O olho do tempoCampo da amerikaSonoroA estrada do pensamentoConversa de mosquito e Alguns poemas e + alguns, sua última publicação de inéditos, reunindo poesias pra serem lidas em voz alta, como ele gostava tanto de fazer. Por iniciativa da Gryphus Editora, veio à tona ano passado o conjunto da obra num só volume, batizado por ele de 7 em 1, disponibilizando ao leitor um acervo de livros já esgotado nas livrarias. Para Caetano Veloso, seu conterrâneo era uma figura única, de quem gostava pelo humor e, sobretudo, pelo radical brilho em não se adequar a convenções. Salve, Jorge