Ítalo Lima
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Eu era a criança que ninguém queria brincar no recreio

chorar de frente ao muro
com os olhos cobertos de concreto /
na fala dizeres cinzas

ao invés de flores

no abraço cadeado nos dedos
dolorosos ardores expostos na saliva
há mares no engasgo da garganta
folhagens secas à procura do outono

chorar de frente ao muro
morrer de vez em sempre
sufocado e com sal na língua
dizer vapores
que atormentem a vizinhança
ser incômodo no vazio da surdina
dizer palavras tortas com os olhos
arranhados no chapisco

chorar de frente ao muro
com a agonia me esbofeteando o rosto
a ânsia invadindo minhas narinas

e na dolência povoar os meus delírios

chorar de frente ao muro &
derramar ancestrais do meu sangue
chorar de frente ao muro
chorar de frente ao muro
chorar de frente ao muro
sozinho na hora do recreio.

Ítalo Lima é escritor e publicitário. e-mail: italolimapoesias@gmail.com

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É, e parece ser o contrário

Por André Henrique M. V. de Oliveira

 

Conta-se que certa vez o filósofo Wittgenstein interpelou uma colega pelos corredores de Cambridge e lhe perguntou: “por que será que durante muito tempo a humanidade acreditou que o sol girava ao redor da Terra?” Ao que ela teria respondido: “provavelmente, porque é assim que nos parece”. No entanto, a imaginação do filósofo não se satisfez e ele lançou nova pergunta: “Como seria se parecesse o contrário? Se parecesse que era a Terra girando em torno seu próprio eixo?”

Nem tudo é o que parece, mas os olhos não enganam. De onde vem o erro, então? Resposta: não dos olhos, mas do juízo que fazemos. É instigante notar como a linguagem “comum”, fonte da qual tiramos a maioria dos nossos juízos acerca do mundo, é um campo invisível no qual estamos imersos. É preciso ter um mínimo de curiosidade e uma atenção de caçador para desatar alguns nós do pano em que essa linguagem comum é urdida. Por isso o bom filósofo é sempre um cara desconfiado. “Como poderia uma coisa ter sua origem em seu contrário? Por exemplo, a verdade no erro? A ação desinteressada no egoísmo?”, perguntou um poeta da suspeita chamado Nietzsche.

O germe da contradição está sempre ali. A política e a sociedade brasileiras são exemplos emblemáticos disso. A esquerda “nutella” do PT, com seu medo de transformação radical e sua pretensão de agradar a dois (ou dez) senhores, deu origem à onda protofascista do governo atual, que quer fazer em 17 segundos uma transformação ultra neoliberal com a pretensão de agradar somente a si, isto é, a eles: homens, brancos, ricos, héteros, bois, balas e bíblias (mal traduzidas). A aspiração por justiça social efetiva só durou até a frágil bolha de sabão da economia do país estourar – e agora aguardamos pela guerra civil que o “nosso” presidente diz ser a solução para o país.

A política brasileira, em todos os níveis que compõem esse “estamento burocrático”, para usar a designação de Faoro, cria e alimenta os problemas sociais e depois se vende como a solução para os mesmos. O que faz um político senão propor soluções? Para isso é preciso que existam problemas. Ou seja, no fundo os políticos brasileiros (falo especificamente dos que fazem disso uma profissão hereditária e fisiologicamente garantida) sobrevivem dos problemas que prometem solucionar. O populismo da fome ajudou Lula a se eleger. O populismo do medo, do ódio e da violência foi determinante para a vitória de Bolsonaro, e consequentemente para a derrota do bom senso, já que o medo e a aversão ao diferente adoecem a racionalidade. A estratégia agora é: quanto mais desigualdade e injustiças sociais, mais “marginais”, mais violência. Quanto mais violência, melhor para um governo “machão”, que vai combater a violência com violência e perseguir os supostos inimigos da pátria, e para os programas policiais na tv, que também precisam que exista violência e medo (sem o que eles não teriam qualquer audiência). Em resumo: quando falta educação, sobra violência. Bibliotecas vazias, presídios lotados.

Outro exemplo é o recente (na verdade, antigo) ataque à filosofia e às ciências humanas – o chute não no gato, mas no cachorro de Schrödinger, que morde sem latir e vive morto. Esse ataque é necessário. Não pelos motivos aludidos, não pela “possibilidade de ir para o Japão num cargueiro do Lloyd lavando o porão”, mas talvez porque os estudantes precisem de um puxão de orelha. É o germe da contradição que atua mais uma vez. Neste momento, bem mais do que nos últimos dez anos, é hora dos estudantes e profissionais da área (educadores, escritores, docentes, etc.) mostrarem porque “meia dúzia de homens inteligentes assusta mais do que uma multidão de ignorantes”, como disse Aristócles (vulgo Platão). A filosofia e as ciências humanas passaram por um período de relativa cidadania no currículo escolar, e se acomodaram. Agora que estamos no período de anti-intelectualismo e fake news elas se veem ameaçadas. Mas, no veneno está o antídoto: é preciso aproveitar a adversidade para se fortalecer. Então, maninho e maninha de humanas, enfrentemos com coragem mais essa. Ao lado de todos os problemas estruturais que já existem na área da educação (baixos salários, infraestrutura ruim, falta de valorização profissional, etc.) teremos que mostrar para esses imbecis, nem que seja de forma inconveniente, que “um país se faz com homens e livros”, e que o sol não se põe – é a Terra que gira. Estudemos. Trabalhemos. Lutemos.

O Nordeste é, antes de tudo, de um tudo

por André Gonçalves

É de Euclides da Cunha, em Os Sertões, a frase “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”. O tempo e a íntima ligação entre os brasileiros do Nordeste e o sertão do país fizeram com que houvesse quase uma releitura: é comum que se veja a frase original de Euclides adaptada para “o nordestino é, antes de tudo, um forte”. Mas o que é ser nordestino?

São tantas e tão ricas as possibilidades de “ser nordestino” que é difícil uma definição objetiva. Talvez possamos dizer que, mais que “um forte”, o nordestino, ou mais, a gente nordestina, é A força. Isso não significa uma superioridade sobre qualquer outra gente: ao contrário. O nordestino carrega na alma a vontade de ser igual.

Mas talvez possamos dizer que seja A força pela história, pelas revoltas contra a dominação abusiva de qualquer poder. Mesmo quando subjugada por algum tempo, a gente nordestina, renitente, resistente, teimosa, obstinada, reagiu e reage. Grande parte das maiores revoltas populares do Brasil em todas as épocas começou na região. E é uma delas que destacamos na nossa homenagem, nesta edição 42: Mandu Ladino, o jovem indígena piauiense que lutou contra a destruição de sua cultura e a eliminação de seu povo, dá nome a Revestrés 42. Uma história pouco conhecida país afora, mas que representa como tantas outras o ser nordestino que é A força por reunir a força de todos que tem coragem de lutar contra preconceitos e desigualdades.

Esta edição tem mesmo a cara de nordeste. Trazemos a Procissão das Sanfonas, de Teresina. Milhares de pessoas seguindo uma centena de sanfoneiros pelas ruas da cidade, rompendo com alegria, música e diversidade a rotina do comércio e aridez cotidiana, louvando tradições e heróis populares.  Também tem um nordestino que saiu do Cariri e desembarcou em São Paulo, jornalista e apaixonado pela vida, tuiteiro com um milhão e meio de seguidores e língua afiada como bem pede a tradição da região: Xico Sá. Da Bahia, o ensaio e a história de suspense e criatividade de um fotógrafo premiado mundo afora: Não minta pra mim, de Paulo Coqueiro, baiano que mexeu com a fotografia brasileira e levanta importantes questões contemporâneas. Também em Teresina, o Mercado da Piçarra e seus frequentadores da madrugada, devoradores de mão de vaca, sarapatel e maria isabel. Teresina que também é musa de músicos e artistas que a homenageiam em prosa, verso e cantigas, e você vai conhecer alguns deles. Tem ainda Totonho e os Cabra, paraibano, com sua “música brasileira do baixo clero”, e que diz que arte é absolutamente risco.

Para fechar a edição, o Humanismo Caboclo, que leva conhecimento e futuro a crianças e jovens e quer transformar o mundo a partir do sertão, e a entrevista provocativa e forte de Joice Berth que, se não é nordestina – nasceu e vive em São Paulo -, representa como poucas a coragem de ser mulher e de enfrentar o mundo machista e desigual – e também participar da construção de um novo jeito de viver.

Além de tudo isso, tem mais coisas nessa Revestrés. Mas ela é meio como o Nordeste: tem de tudo um pouco, e muito de tudo que é bom. E você vai descobrindo aos poucos.

A você que nos lê, desejamos uma leitura arretada de boa. Segue renitente, Nordeste!

Não perde por esperar

para ler ouvindo

Não faz tanto tempo assim o Piauí foi excluído do mapa por uma publicação editada no Paraná. 251.529 quilômetros quadrados de área simplesmente extintos por um livro de geografia. O Piauí, e o Nordeste como um todo, é Bacurau.

 

O filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles – premiado em Cannes, Munique e Lima e visto por 20 mil brasileiros só na pré-estreia – vai te fazer sair do cinema tudo, menos do mesmo jeito. Para mim, que gosto muito de Aquarius mas acho O Som ao redor só ok, é o filme mais maduro do diretor pernambucano até aqui.

Na trama, Bacurau é um vilarejo perdido a oeste de Pernambuco, concentrador de todos os problemas que assolam o sertão: escassez de água, falta de assistência médica, descaso dos governantes, hibridização da cultura e a chegada das ferramentas de comunicação, também. Não estamos – nós, nordestinos – tão tecnicamente desconectados do mundo o quanto se ousa julgar.

Naquele lugar, onde quase nada chega e onde quase tudo falta (as cenas do prefeito Tony Júnior poderiam ser cômicas se não fossem tão dolorosamente reais), a comunidade encontrou um jeito de se auto organizar: quem faz as vezes de Estado são alguns dos moradores cujos poderes foram conquistados seja pelo respeito à idade, ao conhecimento, à intransigência ou mesmo ao uso da força.

São eles: o sábio professor Plínio – que numa das cenas mais bonitas tenta ensinar geografia a crianças com autoestima sabotada pela inexistência de Bacurau no mapa -, o veterano Damiano, um tipo curandeiro que concentra a sabedoria ancestral da aldeia; Acácio/Pacote, o ex-bandido redimido; Lunga, espécie de cangaceiro trans, o filho pródigo ou líder do morro; e a controversa médica Domingas, perfeitamente vivida por Sônia Braga.

 

Num primeiro momento, ao misturar disco voador e sertanejo, o enredo pode até parecer sem sentido – somos levados a crer que o foco está na personagem Teresa, chegando a Bacurau para o enterro da avó. Mas leva pouco tempo para entender que o personagem principal de Bacurau não é apenas um: é a comunidade, é o comum.

Já nos primeiros minutos de projeção, a cena da mala vermelha – que Teresa arrasta por uma estrada de terra até chegar em casa – é a que melhor descreve essa personagem “comum”: de mão em mão, a mala é conduzida pelos moradores de Bacurau até chegar ao quarto, num trabalho sincronizado e coletivo que resume com precisão o espírito daquela comunidade.

Mortes estranhas e brutais começam a atormentar a pacata Bacurau, num misto de faroeste hollywoodiano com cinema novo – Kill Bill fica no chinelo perto do iminente extermínio proposto pela distopia de Kleber Mendonça. Enquanto cabeças rolam sem nenhum resquício de piedade, os moradores desencanam de tentar descobrir quem é, afinal, o seu algoz, e partem para uma surpreendente estratégia de guerrilha.

Mesmo com toda a tecnologia da informação disponível, os gringos exterminadores (que aqui podem ser interpretados como o Estado, os políticos, a polícia e, se voltarmos um pouco mais na história, os próprios colonizadores do Brasil) não contavam com a força da união e, é claro, do “poderoso psicotrópico” que, ao invés de paliativo para transtornos contemporâneos como ansiedade e solidão, serve como pílula de coragem para aquela região.

Fica todo mundo doidão, com a droguinha do seu Damiano – convencidos de que excluídos de seus direitos estão também isentos de suas obrigações. Não faz nenhum sentido um dilema moral aqui – não há o básico sendo ofertado àquela comunidade, e não estou falando de água.

Os moradores de Bacurau são desprezados e subestimados – destaque para a resposta pontual que o guri dá ao menosprezo disfarçado de interesse da “turista”: “quem nasce em Bacurau é o quê?” – “é gente, ué” – Os princípios éticos não são cobrados dos matadores forasteiros que, aliás, não perdem a chance de eliminar os discordantes – é um casal de motoqueiros não-estrangeiros, mas podia ser a classe média brasileira sem a menor consciência de classe – e, na tentativa ridícula de igualar-se, atentam contra o seu próprio povo. Se não é a melhor cena, a reunião da dupla brasileira com a equipe gringa traz, sem dúvida, um dos melhores diálogos.

 

É curioso aqui no sudeste, durante as cenas de combate, perceber a sala de cinema torcendo pela vitória e resistência dos moradores de Bacurau. Ora, Bacurau é a Batalha do Jenipapo do – um dia também esquecido – Piauí, os jovens da periferia, o estudante que você quer ver fora da universidade, a bicha que te causa repulsa, os indígenas, os negros, as mulheres e os “paraíba”. De repente, explanada numa lógica mocinhos X vilões, lhe parece uma batalha cruel?

Numa guerra com condições tão desleais e injustas, a luta pela sobrevivência não pode ser vista como barbárie – a opção contrária a isso é morrer, não sei se ficou claro. O Nordeste pode ser sedutor como Domingas oferecendo guisado com suco de caju a Michel – mas não se engane: no minuto seguinte estamos a postos com nosso jaleco, vermelho de sangue, prontíssimos pra lutar. É Lampião que não nos deixa arregar.

 

bora pra balada?

depois de passar por oeiras, floriano e parnaíba, no primeiro semestre, a balada literária chega a Teresina finalmente, em sua terceira edição, trazendo nomes de peso da cultura nacional e estrangeira, numa programação de tirar o fôlego dos amantes da arte em geral, sobretudo, da literatura e música, ainda mais ao homenagear dois nordestinos arretados de bons, ambos ligados à educação e sensíveis aos problemas sociais: paulo freire, educador pernambucano consagrado, dentro e fora do país, pela sua pedagogia do oprimido, escolhido patrono da educação brasileira – “A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena de ser uma farsa”, e elio ferreira, professor da melhor qualidade, do curso de letras da uespi, além de voz poética dos excluídos, notadamente da américa negra, ao soltar o verbo em estrofes versos contundentes, repletos de indignação e verdade, pelas ruas praças auditórios aqui e alhures – “poema germinando no monturo/ raízes de fedegoso incorporam martelo/ tens mãos para regar esta planta?/ reclamação dos vermes a remexer as fezes/ numa bacia de retalhos de flandre/ carcomida pela ferrugem/ ganho o declive do saguão/ o ladrilho solto troc truc/ o cheiro de mijo/ me condensam para o mundo/ por ser ou não ser a razão de tudo/ a vida se enfibra/ na coluna vertebral dos homens/ pulsa arrebento”, como não bastasse, acredite, ainda teremos nesta terça-feira 27, abertura do evento, no theatro 4 de setembro, às 19h30, uma conversa pra lá de instigante com valter hugo mãe, escritor artista plástico poeta  e editor português que tem, depois de quase 30 livros publicados – o remorso de Baltazar serapião, o paraíso são os outros, a desumanização, contos de cães e maus lobos e o filho de mil homens, entre outros -, tirado o sono de milhões de leitores mundo afora, plantando na cabecinha de cada um a ideia que literatura, gostemos ou não, serve pra descortinar a vida e nossas inquietações existenciais, numa escrita singularíssima que causa estranheza no início, a exemplo de empregar todas as palavras em minúscula, segundo ele pra democratizá-las no texto, nenhuma sendo melhor que a outra, como faz este modesto cronista agora, mas que depois, assunte bem, deixa a gente maravilhado com tudo, de boca aberta mesmo, apaixonado de tal maneira a ficar de joelho diante do livro, e dele também, do valter hugo mãe, portanto, estupefato com tamanha inventividade, não só nos aspectos formais mas, benza deus, por trazer à tona assuntos e tiradas filosóficas que nunca, nunquinha mesmo, nossa vã filosofia poderia imaginar, através de metáforas inquietantes, tipo ser velho é estar sempre à espreita de não existir, sobre a inevitável da velhice, tema presente em a máquina de fazer espanhóis: “o nosso inimigo é o corpo. ser velho é viver contra o corpo até chegarmos a um momento em que a luz do sol nos parece uma dádiva inestimável e vale a pena viver apenas para fazermos a fotossíntese das tardes”, mas a balada traz ainda, pra espantar a escuridão o ódio a ameaça fascista destes dias, a cantora maranhense Rita Ribeiro, a da tecnomacumaba e pérolas aos povos, dois cds lindíssimos, que desde 2012, num transe epifânico, adotou o nome Rita Benneditto, em homenagem ao sobrenome do pai (fausto benedito ribeiro) e da cidade natal (são benedito do rio preto), a fim de apresentar suburbano coração, seu novo trabalho artístico, também no theatro 4 de setembro, aos muitos fãs que têm por essas bandas de nossa outrora verdecap e municípios vizinhos, soltando a bela voz em meninos da precisão, música que toca funda a alma da gente –  “pelas marginais/ passarão meninos/ guardando o país/ por quem batem os sinos/ se pelas catedrais/ os filhos da precisão/ pedirão mais por outro destino/ do que por sair da lama/ com pose de dama em carnavais/ esquecerão as dores/ lembrarão de deus/ num porvir que aflore dor/ pelas marginais…”, mas caso ache pouco, pra dois dias de evento, hoje e amanhã, outros nomes despontam na vasta e diversificada programação:  marcelino freire, idealizador e organizador do evento em são paulo, um agitado cultural e contista dos bons; nelson maca, curador da balada em salvador e poeta da gramática da ira; sérgio vaz, a destemida voz das periferias e ruas paulistanas, quiçá brasileiras, com seus poemas contundentes e líricos: “sorrir enquanto luta é uma ótima estratégia para/ confundir os inimigos” ou, então, “pra quem tem medo de amar/ um sussurro é tempestade”; e, por fim, ed marte, arte-educador mineiro que louva, como ninguém, a poética da diversidade, deixando claro que toda forma de amor, sexual ou não, vale a pena.  bora pra balada?