Por Isana Barbosa
Abril.
Um mês gigantesco. Muitos sentimentos até indescritíveis porque nunca antes sentidos. Vulnerabilidade lado a lado com a força. Nos momentos mais complexos, somos inteiros ali: sombra e luz. Aprendizado de aula prática sem teoria prévia. Não oficialmente. Mas lógico que eu já me sentia seguindo uma universidade autodidata que me preparava para a prática. Claro que tive que rever toda a teoria e escolher o enfoque temático, catando aqui e ali o que serviria ao processo atual. Delimitar o tema sempre é a parte mais difícil: o início da tese. Convicções destruídas. Mas outras criadas de maneira mais contundente possível porque advindas da alma experienciada. O mundo aqui dentro parece maior quando lá fora é distante. Alheio ao meu mundo, o exterior está aqui dentro de alguma maneira, assim como estamos todos lá fora em energia, orações, alguns até fisicamente mesmo. “No fronte”. Heróis do momento, que, em boa parte, rodam sobre duas rodas, enquanto outros salvam vidas com as próprias mãos. De mil maneiras particulares que ninguém precisa tomar conhecimento, estamos todos envolvidos numa causa comum e servimos ao universo com o que somos e podemos doar por termos dentro de nós. Assim, dentro passou a se mostrar mais importante que fora em cada universo particular.
Maio.
Mesmo o maior dos valores precisa ser continuamente afirmado a fim de manter-se vivo. Um mês aflito e cansado. Individualmente, um detox e mudança geral de valores a partir de reflexões, meditações e orações. Mas agora gerando reais atitudes sobre. Muita introspecção e descoberta de mim mesma em relação ao mundo e enquanto indivíduo universal que, por si, já é um miniuniverso. Amor próprio verdadeiro e intenso e centramento como base para decisões e atitudes cada vez mais assertivas. Rituais como forma de garantir a manutenção social e conexão “real” e espiritual. Quando o outro precisa de você, o despertar é inevitável e grita. “Disciplina é liberdade. Compaixão é fortaleza. Ter bondade é ter coragem”. Renato já trazia uma releitura crítica de um posicionamento que olha pro outro com o mesmo olhar que se faz ao espelho. Mais uma etapa concluída com alívio e satisfeita com as transformações vividas em plenitude.
Junho.
Um dia de cada vez. Está em pleno funcionamento. Muitos planos surgindo, mas a totalidade no presente momento. Este mês pareceu menos difícil, apesar de lá fora tudo piorar bastante. Aqui dentro a resiliência, palavra de tanto uso fútil, parece muito valorosa atualmente. Um dia li em algum lugar que nada é tão absurdo que vivido diariamente não pareça normalidade. E, assim, os fashionistas fazem moda com termo triste sobre uma tragédia coletiva: “o novo normal”. A hipocrisia está a cada dia mais escancarada. Nem máscaras físicas de triplo tecido escondem as ideologias egoístas. Talvez encarar isso tudo tenha se tornado menos doloroso também porque começamos a fase de adaptação real e vemos o lado bom disso tudo. Se é que podemos chamar de bom… Mas o lado evolutivo de toda experiência vivida com olhos aprendizes. As mortes só aumentam. Pelo vírus biológico e pelos outros vírus sociais que já tínhamos desde primórdios: violência, doenças psicológicas não tratadas e capitalismo selvagem, como diriam os Titãs. Mas acredito numa Nova Era. Não vou nunca intitular de novo normal porque nem acredito na normalidade e acho tudo muito ilusório e raso. Deixo para a superficialidade encarar como normal o que é absurdamente caos. Se o caos é normal, não existe nada de novo aí. Mas a fé, aquela arcaica e fora de moda, está aqui. Sem religiões porque Jesus é melhor fora da cruz. O que ele ensinou através de sua própria trajetória de vida ultrapassa ritos e mitos cultuados como fé. E o que são valores de várias outras religiões menos prestigiadas e por vezes discriminadas está latente aqui e lá fora. A evolução e regeneração do planeta acontece aos nossos olhos. A natureza reproduz isso de maneira nítida na flora e fauna. E o homem adapta-se como pode para prosperar enquanto espécie. Somos as baratas do mundo. Sobreviveremos em espécie. Espero que com melhorias. Afinal, Darwin ficaria emocionado ao ver uma espécie em adaptação com louvor. Façamos.