Wellington Soares

Coisas e outras

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“Ainda estou por aqui”

Falar de pessoas queridas não é tarefa das mais fáceis, ainda mais envolvendo os pais, sobretudo, quando esses deixam histórias que marcam indelevelmente a vida dos filhos: o alheamento da mãe pelo Alzheimer e o assassinato do pai pela ditadura militar. Entremear tais assuntos dolorosos, através da memória, foi o que levou Marcelo Rubens Paiva a escrever Ainda estou por aqui, relato que emociona ao nos levar a refletir sobre a fragilidade da condição humana. Depois de Feliz ano velho, seu livro mais celebrado, este surge também com a magia de tocar fundo a alma do leitor – Então, fico pensando, será que ela sabe que lancei um livro, cujo título é essa frase?. É muito misterioso esse processo da ausência. E meu pai também, desaparecido; eu, escritor, que quase morri no acidente com 20 anos de idade, mas ainda estou aqui para falar de coisas que eu já tinha contado em Feliz ano velho, mas não com tantos detalhes.”Ainda estou aqui

Eunice Paiva é descrita sem mistificações pelo filho, ora uma mulher inteligente e corajosa, ora uma mãe incapaz de expressar seu afeto por meio de afagos.  A italianinha, como fora apelidada na escola, desde cedo gostou bastante de ler, a ponto de preferir livros à comida, tendo como autores prediletos, dentre outros, Dostoiévski e Érico Veríssimo. Falava fluentemente francês e inglês. Aos 18 anos, foi aprovada em primeiro lugar na faculdade de letras do Mackenzie, repetindo a mesma classificação aos 42 anos, já viúva, ao entrar para o curso de direito, indo atuar em defesa dos índios. Sobre a mãe, a quem Marcelo ama muito, as referências, mesmo ela ainda viva, são feitas sempre no passado por causa do Alzheimer que a levou ao completo esquecimento: “Minha mãe tem uma saúde invejável até. Nunca fica ou ficou doente. Era magra. Era advogada atuante. Lia sem parar. Fazia tudo a pé. Andava de metrô. Nadava no mar de Búzios. No entanto…”

Quanto ao pai, o deputado federal cassado Rubens Paiva, torturado e morto por agentes da ditadura, doeu à beça, segundo o autor, relembrar o fatídico dia 20 de janeiro de 1971 com militares armados, em trajes civis, levando seu pai e sumindo com ele para sempre. Duas mentiras, ditas pelos meganhas, que sangram ainda hoje: o retorno após o depoimento e o sequestro do pai por “terroristas”. O lamento vem, por incrível que pareça, sem ódio nem sentimento de revanche: “Imaginar este sujeito boa-praça, um dos homens mais simpáticos e risonhos que muitos conheceram, aos quarenta e um anos, nu, apanhando até a morte… É a peste, é a peste, Augustin. Dizem que ele pedia água a todo momento. No final, banhado em sangue, repetia apenas o nome. Por horas. Rubens Paiva. Rubens Paiva. Ru-bens Pai-va, Ru…Pai. Até morrer.”

Uma das passagens bonitos do livro, talvez um refrigério nesses enredos tão tristes, é o paralelo que Marcelo faz entre o arquivo de memórias construídas pelo filho desde o nascimento, ocorrido em fevereiro de 2014, e o distanciamento de quase tudo da mãe, heroína capaz de enfrentar com destemor a opressão, mas vencida por uma doença absurda dos tempos modernos – “Doença que não apenas afeta a memória, mas embaralha emoções, enaltece desagrados que não existem, muda o humor até do mais calculista dos matemáticos”. O título do livro, lançado pela Alfaguara, remete à frase mais usada hoje por Eunice Paiva, apelo dramático de alguém que não aceita ser escanteado do espetáculo da vida. No final do texto, vem a resposta comovente e sofrida do filho: “Sim, você está aqui, ainda está aqui. (…) Enquanto a morte do meu pai não tem fim.” 

SAO PAULO / 30/07/2015 / CADERNO 2 / SAO PAULO / 30/07/2015 / CADERNO 2 / Família de Marcelo Rubens Paiva. Marcelo Rubens Paiva. Credito: Renato Parada

Marcelo Rubens Paiva. Credito: Renato Parada

Feiras Literárias

Novembro pode ficar conhecido como o mês das feiras literárias no Piauí. Até a presente data, já foram realizadas quatro, nos seguintes municípios: Valença (SaLiVa), Parnaíba (SaLiPa), Coivaras (SaLiCo) e Oeiras (Flor). Quem sabe não seja batizado de NOVEMBRO LIVRO, numa justa homenagem ao mês em que ocorre o maior número de celebrações, no Estado, a esse objeto que fascina e educa. Com tais eventos, além de outros feitos ao longo do ano, provamos a sensação de que, finalmente, compreendemos direito as frases antológicas de Castro Alves (“Oh! Bendito o que semeias / Livros à mão cheia”) e Monteiro Lobato (“Um país se faz com homens e livros”). Quisera que se não todos, pelo menos a maioria de nossas cidades, trilhasse o mesmo caminho, fomentando o saudável hábito da leitura e a paixão pelo livro.
SalipaDas quatro, tive o prazer de marcar presença em duas: Salão do Livro de Valença, ocorrido entre os dias 4 e 7, no Centro Educacional Santo Antônio; e Salão do Livro da Parnaíba, festejado no período de 11 a 14, no Porto das Barcas. Comecemos falando sobre o Saliva que, depois de quatro anos parado, voltou com tudo e algo mais – palestras interessantes, auditório lotado, contação de histórias para a meninada, estandes de livros com preços acessíveis, atrações artísticas maravilhosas, montagem de peças teatrais e, sobretudo, uma organização impecável. Dos convidados nacionais, merecem destaque Luiz Alberto Mendes, autor de “Memórias de um sobrevivente”, relato instigante de sua vida e da descoberta da literatura em presídio paulista; e Paulo Lins, escritor e roteirista dos mais respeitados no país, famoso pela obra “Cidade de Deus”. O sucesso do evento deve ser creditado ao competente trabalho de Kássio Gomes e da intrépida equipe que o assessora.
A grande novidade do SaLiPa 2015 foi, sem dúvida, a adoção do cheque-livro para os professores da rede municipal de ensino. Com 150 reais em mãos, os mestres da Parnaíba fizeram a festa em termos de aquisição de livros e revistas. Com isso, Florentino Neto (PT) marca um golaço digno do aplauso de todos, ao se tornar o primeiro prefeito do Piauí a adotar tão importante medida. Bom lembrar que os alunos já recebiam, desde a primeira edição, cheque-livro no valor de 20 reais, viajando felizes pelas histórias infantis de sua preferência. Entre os nomes consagrados de fora, despontaram três figuras expressivas de nossa cultura: Gabriel, o pensador, que lotou o auditório na noite de abertura do evento; Laura Muller, sexóloga global que arrastou uma multidão de fãs distribuindo simpatia e respondendo sem tabu às indagações; e, por fim, Raphael Montes, jovem escritor que mexe com o imaginário dos adolescentes.

SalivaAlém das feiras citadas, tivemos ainda o Salão do Livro do Piauí (SaLiPi), realizado em Teresina, e o SaLiVag, feito em Picos, abrangendo todo o Vale do Guaribas. Pouco a pouco, o livro deixa de ser coadjuvante e vira protagonista em vários municípios piauienses. Por si só, o livro não é capaz de mudar nossa ainda triste realidade, mas tem o poder de mudar as pessoas que, mudadas, serão capazes de transformar o mundo. Caso substituíssem o excesso de festas (com bandas caras e de fora) por eventos literários, os prefeitos dariam uma enorme contribuição à cultura local, semeando conhecimento onde hoje impera horizontes estreitos e vazios sem fim. E o que é melhor, a custo baixo e deixando um legado imprescindível às novas gerações. Embora polêmica, a máxima defendida por Ziraldo, o eterno menino maluquinho, contém algo de verdadeiro: “Ler é mais importante que estudar”.

Novembro Azul

Quando entrei na casa dos 50 anos, resolvi encarar o temível toque retal. Queria saber como andava a próstata, evitando qualquer surpresa desagradável. Afinal, longe de mim querer partir tão moço, sem ter amado ainda o suficiente. Confesso que a posição do exame não é das melhores, mas não chega a ser também o inferno pintado por aí. Tudo feito com profissionalismo e num piscar de olhos. Com a mão envolvida por uma luva e usando vaselina, o médico introduz o dedo no “forever” da gente, conforme gíria usada pela rapaziada. Estranho mesmo é o desconforto sentido depois, sobretudo, no dia seguinte, uma dor resultante de algo que entrou em lugar indevido e desconfortável. A compensação, por outro lado, chegou com a boa notícia de que a próstata estava no tamanho normal. Não era dessa vez, portanto, que a morte iria me envolver em suas ardilosas tramas.

O câncer de próstata, conforme dados oficiais, tem matado um número significativo e desnecessário de homens. Não só no Brasil como no restante do mundo. Um monte deles por simples desinformação, alheios aos cuidados que o sexo masculino deve ter com o desenrolar dos anos. Outros tantos, talvez a maioria, ainda presos a tabus machistas antiquados, do tipo de recusar qualquer procedimento ou exame que ponha em dúvida a sua masculinidade. Parte das campanhas educativas sobre o assunto, inclusive, reforçam tais preconceitos, a exemplo da que vi estampada na camiseta de um humilde senhor: “Sou homem com H. Não dou chance pro câncer de próstata”. Intrometendo-se assim, de maneira indevida, na opção sexual dos homens. Depois por não informar corretamente que todo homem, independente de sua opção sexual, deve se submeter a uma avaliação clínica anual a partir dos 50 anos.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o câncer de próstata já é o terceiro tumor maligno mais diagnosticado no Brasil e o quinto que mais ceifa vidas. Ainda que esteja se sentindo bem e não tenha histórico familiar, o homem deve procurar um urologista a fim de realizar dois procedimentos essenciais e complementares – o exame de sangue e o toque retal. O primeiro aponta, através da dosagem do Antígeno Prostático Benigno (PSA), a existência de algum tipo de problema. Quanto ao segundo, embora constrangedor, confirma ou não a necessidade do médico agir sem demora. Descoberto precocemente, o câncer de próstata apresenta um grande potencial de cura por meio da radioterapia ou de cirurgia. Não esquecer que a maior incidência do tumor ocorre entre homens acima de 65 anos, notadamente negros.

Morrer é inevitável, queiramos ou não. Geralmente independe de nossa vontade. Entretanto, bobeira é o termo empregado para quem resolve se encantar de vez, vítima de sua própria ignorância ou de seus lamentáveis tabus. Quantos caras interessantes partiram antes da hora por receio de enfrentar uma inofensiva dedada. De cor, enumero alguns nomes bastante conhecidos e que deixaram saudade: Valdick Soriano, seresteiro-mor das cantigas de dor de cotovelo; Johnny Alf, precursor da bossa nova; Frank Zappa, guitarrista e compositor norte-americano; e, por fim, Telly Savalas, ator que encarnava o detetive “Kojak”. Lembro-me agora, nessa difícil escolha entre a vida e a morte, da sábia tirada filosófica de Quincas Borba, o mais instigante personagem da vasta galeria machadiana: “verdadeiramente há só uma desgraça: é não ter nascido”.

Deliciosos sucos

IMG_5966-2Quando criança, minha obrigação semanal era ir à novena com dona Mundica, ali na Vila Operária, zona norte de Teresina. Toda terça-feira, se a memória não me trai, estava eu lá, cercado de santos e anjos, aprendendo que melhor do que os pecados cometidos é a sensação de leveza do perdão alcançado. Em troca, exigia apenas umas moedas para comprar picolé e alfinim, condição aceita por mamãe de bom grado, mas só atendida após a celebração religiosa. Com o espírito confortado, retornava feliz para casa, saboreando cada um daqueles momentos com incontido prazer. Deitado na rede pensava, mesmo ainda desconhecendo Bandeira, que a noite podia descer, a noite com os seus sortilégios.

Agora, já adulto e por vontade própria, troquei as novenas de outrora pelos refrescos deliciosos do mestre Abrahão, situado nas proximidades do antigo Instituto de Educação. Quase toda semana apareço lá, como um montão de gente também, para assinar o ponto: tomar um refresco – que de tão espesso parece mais um suco – e comer um pastelzinho caseiro. Dos sabores ofertados, prefiro os de cajá e bacuri, sem igual e que nos levam aos céus. O de abacate é bom nem falar de tão gostoso, covardia das grandes, tomando aos poucos e lambendo os beiços até o fim. Para quem está gripado, ou precisando de um reforço no estoque de vitamina C, a casa prepara um suco de laranja no capricho, adocicado com mel de abelha italiana. Na hora do prejuízo, depois de ter enchido a pança, vem o melhor de tudo: um tantinho de nada cobrado pelo delicioso lanche, com direito a troco e agradecimentos sinceros: “muito obrigado” e “volte sempre”.

E não é que volto mesmo! Na primeira folga dos trabalhos, estou lá novamente, esperando a vez de ser atendido, não só para saborear os refrescos, mas, sobretudo, ouvir as palavras sábias do mestre da Rui Barbosa com Manuel Domingos. Com a invejável experiência de vida que tem, ele nos serve gratuitamente, apesar da pouca escolaridade, lições importantes de humildade, dedicação e amor ao próximo. Através de cartazes afixados nas paredes do comércio, Abrahão da Silva Gama – o popular ASIGA -, este maranhense de São João dos Patos radicado em Teresina há mais de cinquenta anos, planta nas pessoas mensagens perturbadoras e educativas, difíceis de esquecer pelo humor sarcástico e engraçado que destilam: “Prove que é orelhudo, preferindo um refrigerante a um suco”. Ou, então, aos que têm mania de consumir sem querer pagar: “Pagar antes está na moda e virou samba! Siga o ritmo e receba os nossos agradecimentos”.

IMG_5951-2O mais impressionante é que os preços e a qualidade dos sucos permanecem, ao longo dos anos, quase sempre os mesmos, um tantinho de nada e uma gostosura que só provando. Com ou sem crise econômica, a clientela festeja e continua fiel. Todos entram e saem dali com a barriga contente e o bolso satisfeito. Aliás, um ambiente bonito de se ver e estar, com as mais distintas classes harmonizadas pela vontade de beber e comer bem, instante sublime repleto de mistério e primitividade. A imagem comovente de homens e mulheres reunidos em torno do sagrado alimento e de reflexões existenciais. Sempre que converso com seu Abrahão, a quem chamo respeitosamente de mestre, o vejo como um daqueles cidadãos imprescindíveis celebrado em versos por Bertold Brecht. Em 2013, ele se tornou por direito e merecimento, numa iniciativa louvável do deputado João de Deus (PT), cidadão piauiense. Quando sua figura me vem à lembrança, é sinal que preciso dar uma passada lá, durante a semana, a fim de saborear os deliciosos sucos.

Rod Stewart

Rod StewartFoi difícil pegar no sono domingo retrasado, com a Globo transmitindo os shows do Rock in Rio 2015, particularmente o de Rod Stewart, cantor britânico de voz rouca por quem sou fã de carteirinha. No palco, ninguém se compara a ele em termos de carisma e empolgação, levando o público ao delírio com seus grandes sucessos: “It’s a heartache”, “Tonight’s the night”, “I do’nt wanna talk about it”, “You’re in my heart”, “The first cut is the deepest”, “Maggie May”   e “Forever young”, música que teve o maior coro da noite. Como dormir quando se está inundado de alegria? Alegria essa não só por estar vivo e curtindo espetáculo tão bonito, como por relembrar o show que ele fizera em 1985, na primeira edição do evento, eu presente na Cidade do Rock, no bairro de Jacarepaquá, entoando suas belas canções e doido para conseguir uma das bolas autografadas pelo ídolo. Deitado agora em minha rede, e com o Split ligado pra espantar o calor, esses momentos provocavam um verdadeiro estado de graça em mim, como se o tempo não houvesse passado.

Há exatos 30 anos, resolvi embarcar num amarelão da Itapemirim, acompanhado do amigo João Fonteles, para conferir de perto tamanha doideira de festival inspirado no mitológico Woodstock. Depois de 48 horas mastigando sonhos, desci na “Cidade Maravilhosa” feliz como nunca, o Rio acolhendo de braços abertos todas as tribos, tanto as brasileiras como as de outros países, da América Latina sobretudo.  Foram dez dias de muita zueira, no período de 11 a 20 de janeiro, reunindo 1,5 milhão de roqueiros, todos entusiasmados pela chance de soltar a voz junto com seus ídolos nacionais e estrangeiros (cantores e bandas), indiferentes a chuvas e lamas que castigavam o espaço dos shows. Foi ali que constatei, no meio daquela galera, o sentido real das palavras paz, amor e rock’n’roll. Descobri também que esse gênero é igualzinho à paixão, pode até demorar a correr pelas veias da gente, mas ao bater no coração o efeito é eterno.

Por falta de grana, infelizmente não pude ir a todos os shows, mas os que assisti foram inesquecíveis, guardados ainda hoje na memória em cantinho especial. Costumo dizer que o Rock in Rio, em 1985, fez minha cabeça para sempre. As guitarras estridentes e as performances dos artistas me levaram a encarar o rock de outra maneira, atualmente um dos pratos preferidos do meu cardápio musical, a começar pelos desbravadores do estilo: Chuck Berry, Little Richard, Jerry Lee Lewis e Elvis Presley. Entre os shows vistos, difícil esquecer os apresentados pelo Scorpions, Yes, Ozzy Osbourne, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Alceu Valença e, como não poderia deixar de ser, o do sensacional Rod Stewart, coberto por uma bandeira nossa e atirando bolas na plateia. Os fãs quase enlouquecemos quando ele, em sotaque de gringo, expressou seu amor ao Brasil. 

E pensar que já se foram 30 anos de lá para cá. O Brasil não é mais o mesmo, embora viva uma situação muito estranha no momento, uma antítese daquela época. Em 1885, festejávamos nas ruas o fim da ditadura militar e a eleição de Tancredo Neves pela via indireta, daí o Rock in Rio surgir para espantar de vez o fantasma da opressão. Infelizmente, não é o que presenciamos hoje. Em plena democracia, com presidente eleito pelo voto, vemos as elites tentando virar a mesa, colocando em risco a estabilidade política alcançada com tanto sangue pelos brasileiros. Alguns imbecis pedindo, inclusive, a volta dos milicos ao poder. Quem assistiu atentamente ao show de Rod Stewart no último dia 20 deste mês, in loco ou pela televisão, deve ter observado que ele trocou o “Brasil, te amo”, dito na primeira edição, por uma expressão que sintetiza, nos dias atuais, o anseio dos verdadeiros amantes da paz, a começar pelo Papa Francisco – “Cuba libre”.