Novembro pode ficar conhecido como o mês das feiras literárias no Piauí. Até a presente data, já foram realizadas quatro, nos seguintes municípios: Valença (SaLiVa), Parnaíba (SaLiPa), Coivaras (SaLiCo) e Oeiras (Flor). Quem sabe não seja batizado de NOVEMBRO LIVRO, numa justa homenagem ao mês em que ocorre o maior número de celebrações, no Estado, a esse objeto que fascina e educa. Com tais eventos, além de outros feitos ao longo do ano, provamos a sensação de que, finalmente, compreendemos direito as frases antológicas de Castro Alves (“Oh! Bendito o que semeias / Livros à mão cheia”) e Monteiro Lobato (“Um país se faz com homens e livros”). Quisera que se não todos, pelo menos a maioria de nossas cidades, trilhasse o mesmo caminho, fomentando o saudável hábito da leitura e a paixão pelo livro.
SalipaDas quatro, tive o prazer de marcar presença em duas: Salão do Livro de Valença, ocorrido entre os dias 4 e 7, no Centro Educacional Santo Antônio; e Salão do Livro da Parnaíba, festejado no período de 11 a 14, no Porto das Barcas. Comecemos falando sobre o Saliva que, depois de quatro anos parado, voltou com tudo e algo mais – palestras interessantes, auditório lotado, contação de histórias para a meninada, estandes de livros com preços acessíveis, atrações artísticas maravilhosas, montagem de peças teatrais e, sobretudo, uma organização impecável. Dos convidados nacionais, merecem destaque Luiz Alberto Mendes, autor de “Memórias de um sobrevivente”, relato instigante de sua vida e da descoberta da literatura em presídio paulista; e Paulo Lins, escritor e roteirista dos mais respeitados no país, famoso pela obra “Cidade de Deus”. O sucesso do evento deve ser creditado ao competente trabalho de Kássio Gomes e da intrépida equipe que o assessora.
A grande novidade do SaLiPa 2015 foi, sem dúvida, a adoção do cheque-livro para os professores da rede municipal de ensino. Com 150 reais em mãos, os mestres da Parnaíba fizeram a festa em termos de aquisição de livros e revistas. Com isso, Florentino Neto (PT) marca um golaço digno do aplauso de todos, ao se tornar o primeiro prefeito do Piauí a adotar tão importante medida. Bom lembrar que os alunos já recebiam, desde a primeira edição, cheque-livro no valor de 20 reais, viajando felizes pelas histórias infantis de sua preferência. Entre os nomes consagrados de fora, despontaram três figuras expressivas de nossa cultura: Gabriel, o pensador, que lotou o auditório na noite de abertura do evento; Laura Muller, sexóloga global que arrastou uma multidão de fãs distribuindo simpatia e respondendo sem tabu às indagações; e, por fim, Raphael Montes, jovem escritor que mexe com o imaginário dos adolescentes.

SalivaAlém das feiras citadas, tivemos ainda o Salão do Livro do Piauí (SaLiPi), realizado em Teresina, e o SaLiVag, feito em Picos, abrangendo todo o Vale do Guaribas. Pouco a pouco, o livro deixa de ser coadjuvante e vira protagonista em vários municípios piauienses. Por si só, o livro não é capaz de mudar nossa ainda triste realidade, mas tem o poder de mudar as pessoas que, mudadas, serão capazes de transformar o mundo. Caso substituíssem o excesso de festas (com bandas caras e de fora) por eventos literários, os prefeitos dariam uma enorme contribuição à cultura local, semeando conhecimento onde hoje impera horizontes estreitos e vazios sem fim. E o que é melhor, a custo baixo e deixando um legado imprescindível às novas gerações. Embora polêmica, a máxima defendida por Ziraldo, o eterno menino maluquinho, contém algo de verdadeiro: “Ler é mais importante que estudar”.