Wellington Soares

Coisas e outras

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Tiradas geniais

Mal nos demos conta e o ano chega ao fim. Daqui a pouco mais de um mês, quem diria, 2019 foi num piscar de olhos. É impressão minha ou o tempo está passando mais rápido? De qualquer maneira, não custa nada aproveitar o restante deste ano para atualizar as leituras, de preferência com bons textos. Viciado incurável por esse hábito, às vezes me pego lendo alguns livros simultaneamente, sem me preocupar se existe ou não relação entre eles do ponto de vista temático. O importante é saber extrair de cada um o prazer e o conhecimento que proporcionam. Agora mesmo, por exemplo, devorei dois livrinhos interessantes: Steve Jobs em 250 frases, do mago da informática, e Poesia mínima & frases amenas, do letrista piauiense Climério Ferreira, resultando daí uma salada de frases mais que apetitosa dessas duas figuras geniais. Como a felicidade só tem sentido compartilhada, socializo aos meus leitores essas tiradas de grande sabedoria filosófica.

Steve Jobs

“Eu trocaria toda a minha tecnologia por uma tarde com Sócrates”
“Não deixe o ruído das opiniões alheias abafar sua voz interior. E, mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e sua intuição.”
“Aqueles que são loucos o bastante para achar que podem mudar o mundo são aqueles que mudam.”
“O único jeito de fazer um grande trabalho é amar o que se faz.”
“É preciso confiar em alguma coisa – em seu instinto, seu destino, sua vida, seu carma, no que quer que seja. Essa atitude nunca me deixou na mão, e fez toda a diferença em minha vida.”
“Não penso muito sobre meu tempo de vida. Simplesmente levanto de manhã, e é um novo dia.”
“Penso sobre o ontem, sonho com o amanhã, mas vivo o hoje.”
“Acho que um dos recursos mais preciosos que temos hoje em dia é o tempo livre.”
“Penso em mim mais como uma pessoa que cria grandes coisas. Gosto de construir grandes coisas. Gosto de produzir ferramentas que são úteis às pessoas.”
“A morte é muito provavelmente a melhor invenção da vida.”
“Qualidade é mais importante do que quantidade. Um home run é muito melhor que dois doubles.”
“Seja um modelo de qualidade. Algumas pessoas não estão acostumadas a um ambiente no qual a excelência é esperada.”
“Inventemos o amanhã em vez de ficar nos preocupando com o que aconteceu ontem.”
“A tecnologia não é nada. O importante é ter fé nas pessoas, acreditar que são essencialmente boas e inteligentes e, que se lhes dermos as ferramentas, elas farão coisas maravilhosas.”
“As coisas não precisam mudar o mundo para serem importantes.”
“Ser o homem mais rico do cemitério não me interessa… Ir para a cama à noite dizendo que fizemos algo maravilhoso… Isso é o que importa para mim.”

Climério Ferreira

“Viver é mais que existir. É ser.”
“Não deixe que lhe curem completamente: assim a vida perde a graça.”
“Você alcança a sabedoria ao tornar-se simples.”
“Um gesto de carinho pode mudar um destino.”
“A distância não importa se a viagem é pra onde se quer.”
“Gostar da vida é um vício que vale a pena.”
“Não posso vender minha alma. Ela pertence ao mundo.”
“Ando preocupado: não sei o que fazer de mim.”
“Meus pecados são tão humanos que dispensam confissão.”
“Quem não se coloca no lugar do outro não se enxerga.”
“Pior que não chegar é não vir.”
“A arte é uma inutilidade de interesse social.”
“O paradoxo é que só posso apreciar o próximo quando dele me distancio.”
“Cercado dos que se ama, a vida custa a morrer.”

7º Salipa

Costuma-se dizer que projetos bons nascem, geralmente, numa mesa de bar tomando umas e outras e, de preferência, acompanhado por amigos. Com o Salão do Livro de Parnaíba não foi diferente, nasceu em 2009 seguindo esse script ao pé da letra: restaurante Comilão, na Beira-Rio, reunindo um quarteto de quixotes – Florentino Neto, vice-prefeito na época; Alcenor Candeira Filho, poeta e membro da APL; Francisco Carvalho, jornalista e secretário de Comunicação da prefeitura; e Wellington Soares, professor e aprendiz de cronista. Para a realização do evento, trouxemos a expertise da Fundação Quixote, entidade organizadora do Salipi/Teresina, nas pessoas de Kássio Gomes e Edilva Barbosa. Naquela manhã de domingo, saboreando uma deliciosa peixada, fomos abençoados por Castro Alves, poeta baiano: “Oh! Bendito o que semeia/ Livros à mão cheia/ E manda o povo pensar!/ O livro, caindo n’alma/ É germe – que faz a palma,/ É chuva – que faz o mar!”.  

Ano de estreia, nada mais recomendável que o Salipa nascer sob a bença de Ovídio Saraiva, tido como o iniciador da literatura piauiense, ao publicar Poemas em 1808, na distante Portugal. Em 2010, a homenagem recaiu sobre Humberto de Campos, maranhense que viveu temporadas em Parnaíba, tendo se destacado nas letras, no jornalismo e na política. Renato Castelo Branco, um dos pioneiros da publicidade no Brasil, recebeu os aplausos em 2011. Coube ao grande jurista Evandro Lins e Silva, batizado de “Defensor da liberdade”, ser o homenageado em 2013. Quanto a Assis Brasil, autor de Beira rio beira vida e Os que bebem como os cães, romances premiados nacionalmente, a louvação chegou em 2014. No ano seguinte, foi a vez de Leonardo de Carvalho Castelo branco, misto de poeta e revolucionário, ganhar o carinho e a admiração de todos. Já em 2019, depois de quatro anos sem ocorrer, os holofotes do Salipa focam Pádua Ramos, professor universitário e técnico dos mais competentes.

Marcaram presença no evento, ao longo das seis edições, nomes consagrados da cultura nacional e piauiense. De fora já vieram a filósofa Márcia Tiburi, os poetas Salgado Maranhão e Alice Ruiz, o jornalista Zuenir Ventura, a roteirista Sônia Rodrigues, as sexólogas Regina Navarro Lins e Laura Müller, o cantor Gabriel Pensador e os escritores Ignácio Loyola Brandão, Roseana Murray, Affonso Romano de Sant’Anna, Marina Colasanti, Cristóvão Tezza, Moacyr Scliar, Ana Miranda, Fabrício Carpinejar e Ondjaki (Angolano). Entre os convidados de Teresina, destacam-se Edwar Castelo Branco, Fonseca Neto, Cineas Santos, Graça Targino, Luiz Romero, Wanderson Lima, Jasmine Malta, Antônio José Medeiros e Isaque Folha. Da prata da casa, tivemos os parnaibanos Danilo Melo, Amparo Coelho, José Galas Filho, Manuel Domingos Neto, Diego Mendes Sousa e Diderot Mavignier. Sem falar ainda de inúmeras atrações artísticas, a exemplo de João Cláudio Moreno, Soraya Castelo Branco, Teófilo Lima, Cabeça Ativa e Besouro da Silva.

No sábado passado, ocorreu o lançamento da 7ª edição do Salipa, este ano trazendo uma programação recheada de boas opções de palestras – que acontecerá de 28/11 a 01/12, na Ufpi/Campus Reis Velloso –, a começar pela do escritor Marcelo Rubens Paiva, que fará uma retrospectiva de sua obra desde o best-seller Feliz ano velho até O homem ridículo, romance mais recente. Outra sugestão é ouvir Joyce Berth, feminista negra, falar sobre assunto tão pertinente nos dias atuais. Caberá ao veterano jornalista da TV Globo, Francisco José, abordar o tema das reportagens memoráveis feitas para o Globo Repórter – ultrapassam mais de 100 edições. Quem sabe a pedida não seja ouvir Intervenção cultural e saúde mental, com Edmar Oliveira, psiquiatra piauiense radicado no Rio de Janeiro. Ou, talvez, conferir o que tem a dizer Zózimo Tavares em Alberto Silva, um engenheiro na política, biografia que acaba de lançar esmiuçando a vida e os projetos do ex-governador do Piauí. Como a leitura engrandece a alma, segundo Voltaire, recomendável é dar uma passada por lá e acompanhar de perto todas as atividades do evento: palestras, oficinas, lançamento e feira de livros, bate-papo com autores e shows musicais. Bora nessa?

 

Nenhum homem é santo

Rafaela chegou indignada em casa depois de um exaustivo dia de trabalho. A notícia que todos os homens com acesso à Internet já consumiram pornografia, ao menos uma vez na vida, a deixou profundamente abalada. Isso queria dizer, então, que nem o Silvano escapava de tal sem-vergonhice. Como o estudo havia sido realizado por pesquisadores da renomada Universidade de Montreal, no Canadá, a situação era deverasmente preocupante. Mal as crianças foram dormir, dirigiu-se à biblioteca onde estava o marido, por coincidência ou não, diante de um computador. Sem rodeios, foi direto ao assunto:

– Você costuma ver pornografia na Internet?
– Que conversa mais estranha é essa, meu amor.
– Pesquisa mostrada hoje afirma que não escapa um, unzinho sequer.
– Exagero, pois toda regra tem exceção.
– Você, no caso?
– Tantos anos de convivência e não me conhece ainda.
– Diz que, nem que seja uma vez, os homens espiam site de pornografia.
– Bem…
– Fala a verdade, não vou me zangar. Pela alma de minha mãezinha.
– Ver mulher pelada é pornografia?
– Pra mim é, mas façamos de conta que não.
– Foi na repartição, com os amigos mostrando a Paolla Oliveira nuinha da silva.
– O mundo está perdido mesmo.
– Eu não queria, juro por Deus, mas insistiram tanto que…
– Agora entendi seu interesse em ver A dona do pedaço toda noite.
– Também pela trama, claro.
– Só essa vez, então?
– Não, teve outra com a Juliana Paes. Difícil resistir, um descaminho de mulher.
– Além de sonso, debochado.
– Você mesma disse que queria saber de tudo.
– Fora essas, mais alguma?
– Infelizmente, sim.
– Vai, desembucha todas de vez, aberta a porteira, sei como é.
– Marina Ruy Barbosa, Cleo Pires, Isis Valverde e Iza.
– A cantora?
– Sim, mas por insistência dos colegas.
– Não sabia dizer não, que é um homem casado e que detesta safadeza.
– Você está longe, meu amorzinho, de conhecer a cabeça dos homens.
– E como é, criatura?
– Caso não visse, eles duvidariam da minha masculinidade.
– Não entendi.
– Espalhariam que não sou muito chegado ao “produto”.
– Agora deu, meu esposo virou um Maria-vai-com-as-outras!
– Pode ser absurdo, mas as coisas funcionam assim.
– E eu que imaginava estar casada com um homem sério e fiel.
– Alto lá, não aceito esse julgamento moralista e injusto.
– Por quê?
– Ora bolas, continuo o homem de sempre, com ou sem pornografia.
– Não vai me dizer que também assiste a filmes de sacanagem?
– Uma vez apenas, As brasileirinhas, emprestado pela turma do futebol.
– Aí também já é demais.
– Dos onze, entre casados e solteiros, eu era o único que não via.
– E daí?
– Resisti ao máximo, até onde pude.
– Não o suficiente para não cair em tentação.
– Estava virando motivo de chacota…
– Que virasse! Importante era manter a compostura.
– Mas sempre procurei ser discreto, evitando dar bandeira.
– Pelo visto, não fosse a tal da pesquisa, jamais saberia.
– Gosto de me sentir um homem normal, igual aos outros.
– Como fica, daqui pra frente, nosso casamento?
– Você prometeu que não ia se zangar.
– Agora não sei se o meu marido dorme comigo ou com essas vadias.
– Promessa é dívida.
– Ménage à trois ou suruba mesmo, sem eu saber nem ser consultada.
– À alma de sua mãezinha, não esqueça.
– Seu desgraçado de uma figa! Filho de uma grande cadela!

Acesso ao cinema no Brasil

 

O tema da redação do Enem deste ano não poderia ter sido melhor: “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. Por vários motivos, dentre eles a falta de uma política do governo federal nesse sentido, a reduzida quantidade de salas de projeção no país e, agora, a ameaça de fechamento da Ancine – Agência Nacional do Cinema, órgão responsável por fomentar, regular e fiscalizar a indústria cinematográfica e videofonográfica brasileira. Sem falar ainda do corte de verbas no setor e, pra piorar, a volta da censura aos nossos filmes. Logo, tema oportuno e urgente para se debater e, como exige a dissertação-argumentativa, apontar possíveis soluções. Embora tenha pego os vestibulandos de surpresa, nada mais salutar que presenciar a galera batendo cabeça sobre assunto extremamente atual.

Não sei se Fellini ou outro, não lembro bem o cineasta, disse uma coisa que me tocou profundamente: “O cinema é um modo divino de contar a vida”. Quisera que todas as pessoas, indistintamente, tivessem acesso à sétima arte. Certamente, sua existência e horizontes seriam outros – tomados de prazer e visão crítica. Basta lembrar das belas pantomimas de Charles Chaplin, o sábio “Vagabundo” – O garoto, Tempos modernos e O ditador -, que através do riso desnudou o mundo do seu tempo. Não em cores, como hoje em dia, mas em preto e branco. E o que é mais incrível, sem áudio, mudinho da silva, fazendo uso da mímica. Difícil encontrar um ser humano insensível a filme, que não se emocione diante de uma boa película, no escurinho do cinema e saboreando pipoca com refrigerante. De preferência, com o tradicional happy end.

Apesar dos avanços ocorridos em termos de público (161 milhões de pessoas) e de salas (3.356) em 2018, estamos longe de uma verdadeira democratização do acesso ao cinema no Brasil. Fora os problemas citados, temos ainda crise econômica, país de dimensão continental, falta de hábito em ir ao cinema e preço caro do ingresso. Sem falar também da ausência de salas nos centros das capitais (as que existiam foram transformadas em igrejas evangélicas) e nos bairros da periferia, onde se concentra grande parte dos espectadores em potencial. Mesmo com o surgimento da Internet e da Netflix, bem como de inúmeros projetos sociais, a maioria dos brasileiros continua marginalizada dessa importante manifestação artística, nunca tendo pisado sequer o pé num cinema. E não é por não gostar, mas pura falta de oportunidade e condição financeira.

Como possíveis saídas para tal problema, que tal começar pela retomada do ministério da Cultura, depois encarar os recursos no cinema como investimento e, por último, elaborar uma estratégia ouvindo todos da área. Mais: inserir o cinema nacional, capaz de lotar salas e arrebatar prêmios internacionais, como prioridade das prioridades, sem ameaças nem cortes de verbas. Ainda: abrir cursos de audiovisuais nas escolas de ensino médio e superior, apostando na revelação de futuros cineastas e roteiristas. Ou, quem sabe, espalhar festivais de cinema pelo Brasil inteiro, com a presença de diretores e elenco, a exemplo das feiras literárias que ocorrem no país. Assim, nossa gente passaria a se ver representada, espantando de vez o complexo de vira-latas, em filmes pra lá de instigantes: Bacurau, A vida invisível, Que horas ela volta?, Cidade de Deus, Central do Brasil, Tropa de elite, Deus e o diabo na terra do sol, O pagador de promessas, Bicho de sete cabeças, entre outros.

Um mundo cheio de preás

 

Dentre os vários aspectos de Vidas Secas, romance de Graciliano Ramos, tem um que se destaca de todos: o sonho que marca a vida das personagens, incluindo a Baleia, cachorrinha que salva a família de retirantes da fome. A narrativa do escritor alagoano, que alguns críticos definem como romance desmontável, é um texto dos mais pungentes da literatura nacional. A história transcorre entre duas secas no interior do Nordeste – na primeira, fugindo da seca sem um destino certo, abrigando-se numa fazenda abandonada; na segunda, eles se deslocando para a cidade em busca de um futuro melhor. Tanto num como noutro caso, nos deparamos com pessoas embrutecidas, mais parecidas com bichos que gente de fato. A exceção fica por conta, por incrível que pareça, da cadelinha Baleia, humanizada a ponto de ter sentimentos humanos.

Por ter muita dificuldade com as palavras, o chefe da família, o vaqueiro Fabiano, homem rude e analfabeto, sonhava em falar bem, igual às pessoas letradas, que sabiam ler e escrever, além de terem o direito de votar. Daí se comparar, constantemente, aos animais: “Você é um bicho, Fabiano.” Ao tempo que admirava os “cultos”, mantinha um pé atrás em relação a eles, pois queriam geralmente tirar proveito de sua ignorância. Quanto à sinha Vitória, esposa dedicada e religiosa, o sonha dela era apenas ter uma cama confortável onde pudesse estirar os ossos: “Sinha Vitória desejava uma cama real, de couro e sucupira, igual à de seu Tomás da bolandeira. Afinal, dormir sobre varas, num arremedo de cama, como fazia há anos, a levava a suplícios terríveis, não bastassem os padecimentos do cotidiano.

Já os dois filhos do casal, que não aparecem com nomes, têm sonhos muito singelos. O do Menino Mais Velho se resumia em ter um amigo, não vários, mas tão somente um, com quem pudesse compartilhar brincadeiras e aventuras juvenis. Embora gostasse das companhias do irmão e da cachorra Baleia, queria ter um amigo de outro perfil, desses comuns, sem traço genético nem sendo bicho de estimação. Ser vaqueiro que nem o pai, esse era o sonho do Menino Mais Novo, que resultava em imitar os gestos de Fabiano nos mínimos detalhes. Como ainda não tinha um cavalo, a saída era improvisar a montaria no lombo de um bode velho, e fosse o que Deus quisesse. O piralho vivia metido nesse desejo: “Quando fosse homem, caminharia assim, pesado, cambaio, importante, as rosetas das esporas tilintando. Saltaria no lombo de um cavalo brabo e voaria na catinga como pé de vento, levantando poeira.”

Até a cachorra Baleia, antes de morrer, tivera um sonho também: um mundo cheio de preás, de preferência gordos e em abundância, que ela não precisasse correr tanto para pegá-los. Assim, a família de Fabiano, da qual se sentia parte, teria a mesa sempre farta, com todos alimentados e felizes. Pra dizer a verdade, ela já não suportava era caçar preás magros, cabendo-lhe apenas os ossos no final. Mesmo atingida por um tiro certeiro de Fabiano, nunca desistiu de pensar no bem-estar dos entes queridos: “Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.”