Certamente esta palavra não está no dicionário. Se estivesse, também não se escreveria assim. Talvez no lugar da terminação “un”, seria um “o”. Essa palavra, na verdade, só existe dentro de determinado círculo de amizades. É uma dessas gírias que algum dos seus amigos criou e se aplica bastante à situação emocional comum à todos quando estão juntos.

Com sua licença poética, passaçãun vem do termo “se passar” e quer dizer se divertir. Quem “se passa”, diverte-se e diversão é o mesmo que “passaçãun”. Tem até um derivado: “sipa”, abreviatura de “sipassando”. Ou seja, quem está “sipassando”, está se divertindo muito.

Passada a fase de tradução dos neologismos dessa geração que, seguramente, adora fugir às regras de escrita do português correto e tradicional, vou explicar de onde veio falar desse termo, que é mais que um estado de espírito, é uma filosofia de vida.

Sexta-feira fui a um show numa boate e tenho que dizer: nunca “me passei” tanto na minha vida. “Se passar” é algo mesmo transcendental. É alcançar uma condição de espiritualidade fora do que seu corpo está acostumado. É dançar até os pés ficarem dormentes, transpirar até o cabelo ficar pingando de suor, gritar todas as suas músicas favoritas até ficar rouca e, depois, cair em exaustão. E mais: é não ligar para o que os outros podem estar pensando de você.

Quem não alcançou esse nirvana, precisa experimentar. Se permitir a isso é atingir o autoconhecimento. Aquele de que a vida também pode ser divertida.