Contém spoilers

Eram 18h30 do último feriado quando vi uma postagem nas redes sociais anunciando a estreia de “Gaga – o amor pela dança”, documentário de Tomer Heymann sobre o coreógrafo israelense Ohad Naharin. Eu tinha 50 minutos para chegar ao cinema, já que o filme ficaria em cartaz em Teresina somente uma semana e apenas nas sessões de 19h20. Pulei da cama e dirigi até o cinema. Nas poltronas: 6 pessoas contando comigo.

Ohad Naharin é daqueles artistas que nos faz lembrar porquê que a gente dança. Um personagem: contatos, no mínimo, inusitados com Martha Graham e Maurice Béjart; caso amoroso com Mari Kajwara, que largou seu posto de primeira-bailarina à frente dos trabalhos do coreógrafo americano Alvin Ailey para casar com um desconhecido que tentava a vida em Nova York; aulas de balé ao lado de Rudolf Nureyev nas quais Naharin caiu de paraquedas e polêmicas à frente da Batsheva Dance Company, Ohad Naharin é soco no estômago, acalento no coração, é abraço na alma, é uma luzinha vermelha piscando.

É lembrar que dançar é entrega de si, é receber a entrega do outro, é resistir a essa entrega, é gostar de se entregar. É derreter na pele um calor, uma chama acesa, uma palpitação. É vontade de rasgar o peito todinho, de se esfregar no chão, de flutuar no ar. É suspeitar que um contato horizontal, pode ser mesmo muito vertical. É necessidade de extravasar e, mesmo assim, investigar seu íntimo lá no fundo pequeno sozinho. É chorar e sorrir com a certeza que fez a escolha certa.

 

É Caetano, It’s a long way. It’s a long, long, long, long way.

 

“E se não tivesse o amor

E se não tivesse essa dor

E se não tivesse o sofrer

E se não tivesse o chorar…”

 

(…) Nós não íamos dançar.