Essa semana eu ganhei uma pedrinha “energizante” da Samaria. Veio com um bilhete: “Viczinha, uma pedrinha pra te encher ainda mais de força e vontade. Bjs, Sam”. Era um mimo, mas soou como um alerta. Mesmo que esse “ainda” me fizesse supor que eu já tenho alguma força e vontade comigo, é como se andasse me faltando.

Não é de hoje que eu venho reparando, aliás. É verdade que tento dar uma escapada das certezas, às vezes. Arriscar: sempre adorei. Mas lá dentro de mim, tinha uma chama mais acesa que agora, capaz de mover montanhas? Que nada! Moveria o que eu quisesse – sempre moveu.

Acontece que tenho duvidado dessa chama, ultimamente. Ocasionalmente, eu simplesmente assisto ela se apagar um pouquinho, como uma fogueira que é atingida por areia, frente a uma frustração. Claro que há casos em que as coisas ganham lenha e esse fogo cresce tanto que eu tenho absoluta certeza que vai incendiar meu peito.

Diariamente, ligo o interruptor da sensibilidade quando convém. Esse negócio de sentir tudo, toda hora, tem deixado de ser. Na maior parte do tempo, sinceramente, eu só consigo me irritar com o trânsito, com um estranho mastigando no restaurante, com um à fazer obrigatório doméstico qualquer. E essa chaminha escorre cada vez mais pelos dedos.

Samaria escolheu uma pedrinha diferente pra ela mesma e pra Luana: a pedrinha da autoconfiança. Se ela acreditou que esse quesito me bastava, não sei.

E ficou martelando: “ainda mais de força…”, “ainda mais…”, “força e vontade”…