Toda vez que o whatsapp sai do ar a gente fica a beira do apocalipse.
A gente esquece que telefone também manda SMS.
Que as pessoas também usam email (ou, em tese, deveriam).
A gente fica transtornado de voltar a pré-história e ter que usar um telefone pra, sim, telefonar.

Os alarmes param de apitar, os motoristas entram na rua errada, os jornais saem em branco. É como se tudo no mundo, de repente, ficasse em suspenso pra observar o caos.

Eu estava numa pizzaria e o forno parou porque, juro por deus, não tinha queijo. Acabou e o funcionário atrasou com a entrega porque estava no velório da avó. Só iria depois do enterro. Confiou a folga excepcional à uma mensagem de whatsapp, que, obviamente, nunca chegou. A pizzaria abriu e formou-se uma fila indignada, quase ensaiando a revolta da muçarela.

Mauricio pensou em reclamar no instagram, ideia a qual renunciei – já estava amiga demais da garçonete para comprometer-lhe o emprego. Ela nos ofereceu um suco de cortesia e imediatamente nos calamos. Nunca disse que eu estava em alta no mercado (Poxa, gente, era cupuaçu).

Parando agora pra listar, foram cinco – cinco coisas imprescindíveis que só pude resolver hoje graças a brilhante invenção do whatsapp. Não estou falando pra dormir com o app, mas, vejam só, é bastante interessante ter uma ferramenta facilitando a vida. Se vocês tem overdose de “bom dia” e “maria passa na frente”, acreditem: é vocês que tão fazendo isso muito errado.

Uma das coisas urgentes a qual me refiro foi fofocar com minhas amigas sobre a falsidade das pessoas que escrevem “foi uma jornada intensa e prazerosa” no agradecimento da dissertação de mestrado. Ok, falsidade é um julgamento ríspido, talvez o termo certo seja memória seletiva. Hipocrisia? Não sei, uma das amigas levantou a possibilidade de que, passado o perrengue, você consiga analisar a coisa de uma outra perspectiva e finalmente pense: “meu deus como fui dramática, nem foi tão ruim assim”. Pode ser, mas tem que ser otimista demais para filtrar a parte boa dessa bad na qual me enfiei agora. Talvez, quem sabe, eu seja um tanto rancorosa pra olhar pra trás e não admitir que, céus, essa coisa quase me matou.

É isso. Será um preâmbulo mas bem que poderia ser uma lápide: “Aqui jaz a alegria de viver da autora”.

(Falando em morte, o entregador chegou do enterro com o presunto. Digo, o queijo! Eu disse QUEIJO!)