Por André Gonçalves

Parece quase inacreditável. Mas, pelo menos no calendário, esse interminável ano de 2020 chegou ao fim. Um ano que nos encheu de medos, inseguranças, tristezas, dores. E testou violentamente nossa capacidade de resistir, de superar, de tolerar o incerto e de ressignificar o que pode ser chamado de “saudade”.

Capa da Revestrés#47 | Foto: Nair Benedicto

O ano termina com a esperança da vacina – apesar de todos os percalços que a inépcia e o descaso do poder estabelecido deixam pelo caminho. A esperança de que nós, que conseguimos passar por esse ano, consigamos fazer a vida seguir em frente, em respeito e até mesmo em homenagem aos que não estarão conosco. Por essas pessoas, precisamos seguir em frente e acreditar que há um futuro. E que ele pode ser vivido, criado, alterado por nós e pelos nossos sonhos.

Para Revestrés, como para todas as pessoas do mundo, não foi fácil. Mas aqui estamos, e fizemos essa edição, mais uma vez, como quem respira. Aos poucos. Sem desistir. Buscando o máximo de frescor para seguir em frente em meio ao caos. E buscando trazer gente e histórias inspiradoras, na arte, na cultura, no conhecimento, na leveza do viver simples. Na luta pelas liberdades e por uma vida melhor.

Poucas pessoas podem simbolizar tudo isso quanto Nair Benedicto, a nossa entrevistada da edição #47. Mulher de raça, enfrentou a ditadura civil-militar brasileira de cabeça erguida sem fraquejar. E, através de seu talento, contribui como poucas pessoas ao contar boa parte da história recente do país através de imagens. Aos 80 anos, segue fotografando. E questionando, provocando, construindo pontes. Tão inspiradora que trouxemos seu trabalho também para o ensaio fotográfico desta edição. Nair transborda limites.

Na reportagem, fomos em busca de uma figura icônica da música brasileira: Geraldo Vandré que, com sua música-hino, marcou a MPB e gerou controvérsias e mistérios. Resgatamos histórias e segredos da música que, há meio século, faz parte da memória nacional.

Mais duas matérias sobre música, e em tons tão diferentes que podem retratar um pouco da capacidade de reinvenção tão necessária nesses tempos: conversamos com o pessoal que faz o estilo Lo-fi, que vem ganhando adeptos e fãs, em especial pelas redes sociais. E também falamos com os meninos da banda O Fundo de Quintal (não, não é aquela do samba): garotos do interior do Maranhão que também estão usando as redes sociais para mostrar sua alegria, ironia e espontaneidade, mais que necessárias para os dias de hoje.

Falamos também com Laerte e sua veia crítica e talento incontornável, fomos ao Porto conversar com uma artista que cria suas artes a partir de consultas ao tarot e mostramos um pouco da vida e obra do pintor piauiense Lucílio de Albuquerque, que teve muita influência na arte brasileira – mas pouca gente sabe.

E tem muito mais nessa edição que fecha 2020. Uma edição que homenageia uma pessoa conhecida no Piauí como guerreira: Francisca Trindade, mulher, negra e que fez história trabalhando incansavelmente pelas causas sociais mais urgentes e necessárias.

Essa edição #47 traz as “deixas” para o ano que está chegando: não podemos deixar de lutar, de acreditar e de sonhar. Fazendo arte, literatura, música, poesia, fotografia, conhecimento. Só assim vamos conseguir seguir em frente.

A palavra de ordem é essa: seguir. Em frente.

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Editorial da Revestrés#47. 

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