EDITORIAL – Por André Gonçalves
Em fevereiro de 2012, ou seja, há praticamente 10 anos, a Revestrés #1 chegava às bancas. Na capa, o sorriso aberto e feliz do nosso primeiro entrevistado: o grande escritor piauiense Assis Brasil. A Revestrés surgia como resultado de sonhos compartilhados, da vontade de mostrar, não só ao mundo mas para nós mesmos, piauienses, o quanto temos de talento e capacidade de criar e, não vamos deixar de dizer, de alguma “irresponsabilidade” de nossa parte: a imprescindível irresponsabilidade de se acreditar no que se faz com alegria, vontade de deixar marcas pela vida e de nos sabermos parte de algo que traga conhecimento e beleza aos que nos cercam.
De lá para cá aconteceu de quase tudo, no Piauí, no Brasil, no mundo. E nas vidas de todos nós. Esta é a edição de número 50 e, de alguma maneira, em nossas 50 edições há reflexos de tudo isso: por aqui passaram sonhos, decepções, alegrias, realizações, impossibilidades. E muita coragem e resiliência, nossa, de todos os que de alguma maneira estão impressos em nossas páginas e, também, de nossos apoiadores e leitores. Aprendemos muito nesses anos com cada pessoa com que tivemos algum tipo de contato, e muito nos impressiona como parece, sim, que tudo está interconectado e se movimenta de acordo com o movimento uns dos outros. Só nos resta seguir em frente, e nos movimentando.
Como diz o título da entrevista desta edição 50, agora é “começo, meio e começo”, porque tudo segue se recompondo. A entrevista é com Nêgo Bispo, o quilombola que é materialização do termo “intelectual orgânico” e que, aos 62 anos e palestrando por universidades pelo Brasil e pelo mundo, nos tira do lugar de conforto intelectual em que tanto tentamos viver. Por exemplo, quando perguntado sobre o que é preciso fazer para alcançar a paz, Bispo responde: “Vá pro cemitério. Nós não somos de paz, somos de festa”.
A repô de número 50 mistura nossas memórias às memórias de Teresina, que tanto procuramos reavivar e provocar. Damos uma passada por várias matérias em que falamos da cidade como patrimônio, e atualizamos perguntas que já fizemos – descobrindo que, cinquenta edições depois, várias seguem sem resposta.
Memória é também o tema do quinquagésimo ensaio artístico/fotográfico que publicamos: Pele Memória, da artista Mika, que baseia sua criação na “palavra dos antigos”, deixando seus ouvidos atentos para aqueles que “guardam a sabedoria do tempo e da terra”. Lembramos ainda de procurar saber a quantas anda a lei que exige o ensino de literatura piauiense nas escolas do nosso estado, e isso se tornou matéria. Outra matéria bem curiosa é sobre artistas que, com toda piauiensidade, compõem e cantam em inglês: quem são, e por que essa opção? Curiosidade também na matéria sobre artistas que fizeram, de um Fusca, o seu circo. Isso mesmo, o Fuscirco está desfilando por nossas páginas com sua irreverência e originalidade. E ainda encontramos tempo para conversar com Nita Freire, viúva do grande e inesquecível educador Paulo Freire, e ainda para descobrir quem e porque andam espalhando Brasil afora biscoitos com mensagens políticas, numa biscoitagem “antiBolsonaro”. E, é claro, essa edição #50 ainda tem muito mais, inclusive uma homenagem ao jornalista e poeta piauiense Paulo de Tarso Moraes.
Encerrando esse 2021 de tantas perdas, de tantos sonhos, de tanta necessidade de acreditar no futuro, entregamos nossa quinquagésima edição. Esperamos que seja o marco do fim de um período tão doloroso e que tudo comece a melhorar. E que em 2022 possamos ser felizes de novo. Fique bem.
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