Por André Gonçalves

Dizem os que acreditam em coisas esotéricas, cabalísticas ou afins, que efemérides com datas “redondas” carregam “forças” especiais. Por isso, devem ser comemoradas e festejadas, para que bons fluidos e fortuna nos encontrem.
Estamos na nossa edição de número 40, número redondo e que, nas escrituras bíblicas, está associado ao arrependimento. Moisés passou 40 dias em jejum e Jesus esteve morto por 40 horas, antes de ressuscitar. É o número da provação, do castigo, da espera e da preparação. Veja que, se formos mexer muito, a coisa vai longe. Já basta o que anda pelos céus do Planalto. Nós, por aqui, vamos aí pelo mês de abril e bons fluidos são bem-vindos, que a coisa anda dura. Como a gente acredita é na rapaziada, nas artes, no conhecimento e no que pode dar certo, fizemos uma edição que é pura pedra, tesão e prazer. Vamos lá.

Como a gente acredita é na rapaziada, nas artes, no conhecimento e no que pode dar certo, fizemos uma edição que é pura pedra, tesão e prazer. Vamos lá.

Na entrevista, uma mulher que tem enfrentado o machismo e o patriarcado falando de sexo. Batemos um papo com Andréa Cronemberger Rufino, sexóloga e ginecologista, que, na maior simplicidade, fala sobre sexualidade feminina e desafia a caretice: “gozar é bom, né?”.
Na reportagem, o reggae mostra sua força em Teresina. Mais que um gênero musical, uma filosofia de vida, um caldeirão que mistura história, espiritualidade, resistência e ritmo. Tentamos mostrar que, por aqui, o reggae também criou raízes e nunca deixou de ser roots, mas ganhou um leve sotaque piauiense.
Carlos Said, o Magro de Aço, também está nessa edição. Você vai conhecer um pouco da história desse ex-goleiro, professor e radialista que, há mais de 70 anos falando de futebol, não se cansa de mandar apedeutas, pacóvios e energúmenos para os bilinguinguins dos infernos. Bem mandado.
Do Rio de Janeiro, tão castigado pelas águas e por seus mandatários públicos, uma voz de alento e de atitude maneira: Júlio Laudemir. Ele fala de literatura nas favelas e comunidades e criou o que pouca gente achava ser possível: uma feira literária na periferia carioca. A Flup – Festa Literária das Periferias – já foi organizada em 70 comunidades e recebeu prêmio internacional. Sucesso e exemplo. Atitude e resultado.
E tem Armandinho, o menino de cabelos azuis que fala o que temos vontade de dizer ,e um bate-papo com seu criador, Alexandre Beck. Tem ensaio fotográfico, tem a crônica de Rogério Newton, a buchada de bode do seu Miguel da Buchada e os irmãos que vivem de vender apetrechos para carros em frente a um palácio.
Chegamos à edição 40 com fôlego para mais. Parafraseando o que diz o querido Carlos Said, com quem espertamente tentamos aprender: nosso aço não vai derreter tão cedo. Que venham mais 40.

Editorial da Revestrés#40- março-abril de 2019.