(Por André Gonçalves no editorial da Revestrés#27)

Um pouquinho mais e essa edição de Revestrés poderia ser uma homenagem à língua. Não à língua portuguesa, mas à língua que, sem papas, solta verdades às vezes inconvenientes, frequentemente necessárias e, aqui e ali, que resultam em algum tropeção conceitual e alguma saia-justa. Estamos já na edição #27 e continuamos acreditando que essa possibilidade, a de dar voz a quem tem o que falar – e fala mesmo, doa a quem doer – quando o assunto é cultura ou está ali no entorno dessa palavra, é um dos motivos de existirmos.

Então, fizemos uma entrevista que há tempos estávamos querendo fazer e, finalmente, deu certo. Na capa e, em várias páginas, Cineas Santos solta o vozeirão e, com sua áspera delicadeza e sertaneja sofisticação, fala um bocado sobre Teresina, sobre cultura, sobre literatura, sobre memória e sobre o pagar o preço por falar o que quer, quando quer e se quiser. Às vezes amado e outras tantas contestado, Cineas é voz presente em momentos vários da produção cultural do estado. E fala disso.

capa

                                            Revestrés#27

Outra pessoa que fala o que tem vontade e mexe com emoções, para o bem ou nem tanto, também está nessa edição: Lourdes Melo, personagem marcante nas eleições no Piauí. Nem tanto pela quantidade de votos mas, especialmente, pela um tanto controversa – e barulhenta! – militância: já jogou ovo em deputado, apareceu amordaçada em programas eleitorais e, por baixo da aparente dureza do discurso, é afeita a delicadezas como a pintura.

Na reportagem, Revestrés foi dar um passeio no mundo da música sertaneja – que deixou de ser caipira e agora é “universitária” – e traz personagens do mundo desse estilo musical que vem se reinventando e segue arrastando multidões.

E tem mais: fomos saber como estão as obras de Burle Marx em Teresina. Considerado por muitos o maior paisagista do mundo no século 20, realizou por aqui três projetos. E pouca gente sabe disso.

Atentos à polêmica que se instalou quando artistas vieram à nossa cidade e fizeram um show se despindo de quase tudo, levantamos alguns pontos sobre a nudez e a arte: quem haverá de decidir os limites do corpo na arte? Um pouco dessa discussão sobre o nu como transgressão, então, veio parar aqui.

E, como sempre, tem ainda mais para você. A crônica do Rogério Newton, ensaio fotográfico, notas, dicas, gastronomia Revestrés e muito mais.

Esperamos que você goste. E, principalmente, que você não tenha papas na língua para nos mandar sugestões, críticas e – melhor parte – um bocadinho de elogios ao que gostar.