Nestes dias que antecedem a entrada de 2017, aproveitei para ver três filmes de Woody Allen, um dos meus cineastas preferidos: Vicky Cristina Barcelona, Blue Jasmine e Magia ao Luar. Todos dirigidos e escritos por ele, portanto, de excelente qualidade, como o restante de sua produção. Filmes que questionam as relações humanas, sobretudo as amorosas, e de diálogos inteligentes. E o mais importante, que deixam a sensação de não sermos mais os mesmos depois de assisti-los. Nascido em Nova Iorque, Allan Stewart Königsberg, seu nome de batismo, tem se destacado mundialmente como um artista multifacetado – ator, diretor, cineasta, escritor e, acredite, clarinetista de jazz. Ao todo, são mais de 40 filmes ao longo da carreira, merecendo destaque, fora os já citados, Annie Hall (1977), Manhattan (1979),A Rosa Púrpura do Cairo (1985), Hannah e Suas Irmãs (1986), Match Point (2005) e Meia-noite em Paris(2011). Em termos de premiação, foi merecedor de 4 Oscares, 3 Globos de Ouro, 8 Bafta e 1 Palma de Ouro no Festival de Cannes (conjunto da obra).
No primeiro dos filmes, Vick Cristina Barcelona, temos uma história romântica das mais interessantes. Duas amigas norte-americanas resolvem passar as férias na maior cidade catalã – uma já noiva e cursando mestrado, de nome Vicky, interpretada pela atriz Rebecca Hall, morena de parar o trânsito; e a outra, chamada Cristina, vivida pela sensual Scarlett Johansson, à procura de sua cara metade. Durante uma exposição de arte, elas ficam atraídas por Juan Antonio, pintor bom de lábia e metido a conquistador que, deslumbrado diante de tanta beleza, convida ambas para conhecer Oviedo, terra de seu pai. Mal sabiam que o galante sedutor ainda mantinha um relacionamento problemático com a sua ex-mulher, Maria Elena, encarnada pela talentosa atriz Penélope Cruz. Quando se deram conta, estavam envolvidas num complicado “quadrilátero amoroso”. O final da trama não poderia ser mais surpreendente.
Em Blue Jasmine, filme de 2013, acompanhamos a trajetória conturbada de uma quarentona, rica e alienada, cuja vida luxuosa desmorona quando seu marido é preso por estelionato fiscal. Empobrecida de repente e abandonada pelos “amigos”, a protagonista da história, maravilhosamente interpretada por Cate Blanchett, abandona Nova Iorque e vai morar com a irmã “pobre”, Ginger, numa humilde casa em São Francisco. Deprimida e neurótica, mas ainda de nariz empinado, Jasmine tenta recomeçar a vida depois de ter sua fortuna confiscada.
Sem nenhuma qualificação profissional, o máximo que consegue é o emprego de recepcionista em consultório odontológico, onde o dentista tenta assediá-la de todas as formas. Preocupada em status e dinheiro, ela investe noutro relacionamento, desta vez com um candidato à carreira política, mas o ex-cunhado põe tudo a perder. Desorientada, relembra os bons momentos do passado, em meio às aulas de yoga, pilates e festas requintadas.
E por último, Magia ao Luar, lançado em 2014, comédia romântica bastante previsível e com final feliz. Não fossem as performances carismáticas de seus dois protagonistas, Collin Firth (Stanley) e Emma Stone (Sophie), dificilmente o filme teria algum sentido na obra do cineasta norte-americano. Mesmo assim, vale a pena conferir o desempenho desses extraordinários atores, bem como as histórias vivenciadas pelos seus personagens. Ele, no papel de um famoso ilusionista, sem falar também de um desmascarador de charlatões; ela, encarnando uma médium que, segundo as más línguas, estaria planejando o golpe do baú numa família rica. Pago a fim de revelar a tramoia, nosso mágico, lutando contra os sentimentos, acaba se apaixonando pela irresistível farsante, embora comprometido com outra mulher.