Ao contrário dos 367 deputados que disseram SIM à admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma, no domingo passado, dia dos mais vergonhosos de nossa história republicana, a ponto de virarmos uma grande chacota no plano internacional, quero expressar meu veemente NÃO a aspectos deploráveis, para não dizer absurdos, daquela triste sessão da Câmara, justo na data em que, há 20 anos, em pleno governo Fernando Henrique Cardoso, o Brasil presenciava, indignado e perplexo, o massacre de Eldorado de Carajás, no Sul do Pará, quando 19 trabalhadores sem-terra, de maneira covarde e impiedosa, foram mortos por forças policiais, ainda hoje impunes e desfrutando da vida normalmente.
Por não aceitar o cinismo de Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal, político sem estatura moral e ética para presidir absolutamente nada, corrupto por natureza, dono de contas milionárias na Suíça, sem falar de réu no Supremo Tribunal Federal, movido por deplorável sentimento de vingança, bem como uma tremenda fome de poder, daqueles capaz de pisar no pescoço da mãe a fim de atingir seus objetivos, sem um pouco de escrúpulo nem humildade, um cara de pau de sorriso debochado e zombeteiro, incapaz de se alterar mesmo ao ser chamado de gângster, que pra ele soa como elogio, serviçal de banqueiros e amigo de fascistas, meu voto simbólico é NÃO.
Por considerar o traidor uma pessoa abjeta, repugnante sob todos os aspectos, desprovido de caráter e respeito ao próximo, guiando-se apenas pelo detestável sentimento da inveja, do querer tomar o lugar do outro sem a devida legitimidade, encarnado nestes tempos sombrios na figura patética de Michel Temer, um político despreparado para ser vice de alguém – imagine presidente do Brasil?! -, país que historicamente abomina esse tipo de gente, bastando relembrar o nojo canalizado ao Joaquim Silvério dos Reis, alcaguete dos inconfidentes mineiros, responsável por levar Tiradentes à forca, enquanto o representante-mor dos interesses da Fiesp, a poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, trama covardemente para assumir a vaga da presidente eleita democraticamente pelo povo, eu voto simbolicamente NÃO.
Por repudiar eleição indireta, sem a devida participação do povo, tampouco golpe de estado, arquitetado pelas elites de sempre, ainda mais quando aparecem com o nome pomposo de impeachment, na vã tentativa de ludibriar os brasileiros outra vez, a exemplo do que fizeram em 1964, naquela época batizado de revolução, espertamente trocando o sentido das coisas, elas que são craques nesse tipo de malandragem, jamais querendo assumir, de peito aberto e sem pudor, seu total descompromisso com a nossa democracia, geralmente pisoteada ao verem seus partidos derrotados nas urnas e os interesses econômicos minimamente contrariados, eu reitero, pelas conquistas sociais e educacionais dos últimos anos, além do combate sem trégua à corrupção, talvez a ser interrompido no provável governo dos peemedebistas e tucanos, segundo acordo feito para proteger os deputado incriminados na justiça, com a Lava Jato sendo esfriada pelo juiz Sérgio Moro e pela Globo, que não dará mais tanta ênfase ao caso, meu simbólico e definitivo NÃO