André Gonçalves
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Carta de Monsieur H. para Helena

Senhora Helena

Acabo de chegar de Veneza. Fui passar duas semanas, e acabo de chegar à minha morada. Dois anos, quatro meses e setenta e oito dias fora da minha pequena caverna. Qual não foi minha surpresa ao encontrar, na empoeirada caixa de correios, esses dezenove envelopes verdes. Não há quase nada no mundo que me surpreenda mais, especialmente depois dessa longa estada em Veneza onde vi coisas que nem imagina, senhora Helena. Vi coisas absolutamente inacreditáveis, e o mais incrível que todas as coisas eram dentro de mim. Mas chegar e encontrar dezenove envelopes verdes vindos da senhora não fazia parte de minhas convicções.  E, confesso: os malditos quatro andares de escadarias que me sugerem o Himalaia me foram leves como quase nunca.
Pensei que me houvesse esquecido. Não fui elegante em não me comunicar com a senhora nem dar sinais de vida, senhora Helena. Mas não dei sinais de vida por uma grande dúvida sobre se, em mim, havia alguma. Pensei mesmo que o tempo a faria se esquecer deste homem magro e eternamente de pés úmidos que, não de muito em muito tempo, reclama da vida. Pensei que se esqueceria de mim, porque eu mesmo fiz força para me esquecer de mim e, por isso, fiquei em Veneza por tanto tempo.
Aluguei um pequeno cômodo no Dorsoduro (não sei se conhece bem Veneza, enfim, é um bairro silencioso, sem as pavorosas hordas de turistas, e onde o canal não cheira a peixe mas, sim, a lágrima), coloquei ali uma pequena mesa para apoiar meu permanente copo d´água e meus remédios (uma cápsula vermelho e branca, uma bolinha branca e uma bombinha que preciso chupar e aspirar seu pozinho mágico a cada hora e meia), uma pequenina cama de solteiro e seu colchão e uma cadeira, de madeira escura e onde me balançava dia a dia, olhando o canaletozinho que me era visível pela janela. Ali em Veneza não tinha o meu único amigo Micko, o polaco, eslovaco ou coisa que o valha que tenho aqui em Paris como meu vizinho (já lhe falei dele, não sei se o recorda), nem a boulangerie de minha preferência. Então fazia minha única refeição diária, meu desjejum, em um hotel perto de minha moradia, o Tiziano. É um hotel grande, um edifício imponente e onde o que mais havia de comum comigo era a idade, já que foi construído no século XV, como eu, e que sempre tem à mesa do café um pequeno jarro com uma flor branca. Meu desjejum era sempre ali, e durava cerca de duas horas, todo dia. Não que eu coma muito, senhora Helena, sabes já que sou magro. E, como disse, o desjejum era minha única refeição. Nunca sentia fome, e as frutas e pãezinhos me bastavam. Mas da mesa podia observar a entrada do hotel e um pedaço do canal. E via as pessoas, senhora Helena, sem que pudesse ser visto por elas. E essa era a minha televisão: observar as pessoas entrando e saindo do Tiziano, e observar as pessoas andando para lá e para cá, uma gôndola ou uma lancha eventual. E perceber e pensar em como as pessoas são tão diferentes, apesar de absolutamente idênticas, senhora Helena. Não sei se assim o pensa, mas cada pessoa é absolutamente diferente e absolutamente igual a todas. Ali vi japoneses, brasileiros, franceses, italianos, chineses, o que há no mundo passa por Veneza e ali eu os via, todos os dias, iguais, iguais, diferentes, diferentes. Um fala mais, outro fala menos, um anda a passos rápidos, outra a passos lentos, uma sorri pouco, outro é um sorriso cercado de incertezas por todos os lados. Felizmente, como disse, ali não chegavam milhares de turistas e, sim, alguns poucos, minimamente civilizados, o que me dava oportunidade de observá-los com alguma demora. Divago, retorno então a meus hábitos.
Que eram apenas esses: o café no Tiziano, a subida para casa, a cadeira de balanço, os remédios, a janela que dá para o canal e, ia me esquecendo, a garrafa verde de água mineral que me lembrava os seus envelopes verdes, os quais, imaginava, nunca mais veria. Do desjejum para casa, onde me colocava à janela, de onde via também as pessoas, todas elas, iguais e tão diferentes, esperando ver uma em especial, já sabes quem, a única pessoa diferente e desigual das demais nesse mundo. Da janela só saía para cair na estreita cama, dormir um pouco e recomeçar no dia seguinte.
Pensei, senhora Helena, que nunca mais me escreveria, assim como pensava que nunca mais voltaria a este apartamento que, confesso, hoje cheira a pó e mofo. Dois anos, quatro meses e setenta e oito dias deixam marcas, odores e rugas, nas coisas, nas memórias e nas pessoas. Não sei se há como tirar isso do corpo, mas das coisas penso em chamar Iulianna, a mocinha que mora no apartamento logo abaixo do meu, para tirar. Não sei nem se ainda mora aqui, mas enfim. O tempo irá me fazer voltar para essa casa, onde acabo de entrar mas tenho dúvidas se saí algum dia.
Espero que me perdoe e comigo tenha paciência, já que tenho tanto a contar e tanto a fazer aqui, o que me impede se seguir agora nessa missiva. Espero não estar sendo mais uma vez invasivo e a incomodando com minha imprudência, afirmo que bastante eventual, em lhe retornar depois de tanto tempo como um mal agradecido qualquer. O que me deixou um pouco mais confiante em escrevê-la novamente foram as datas dos Correios nos envelopes, aliás, que curioso, abri um a um e estavam todos vazios, exceção feita ao último, onde encontrei sua carta, com data da segunda-feira última. O que mostra que os Correios andam um pouco mais eficientes, afinal hoje é sexta-feira e já tenho cá a sua carta.

Senhora Helena, lhe escrevo mais para a semana. Estou deveras cansado, e preciso organizar o confuso que há dentro de mim, ao menos o suficiente para lhe ser minimamente agradável como missivista.

 

Com um abraço,

H

 

P.S.: Lhe envio em anexo uma foto de mim, feita por uma turista finlandesa que passou duas semanas tomando café na mesa ao lado da minha. Um dia ela chegou, sorriu e me entregou esse retrato, e nunca mais a vi. Perceba que é excelente fotógrafa e me enxerga exatamente como sou. Queria compartilhá-la com a senhora, como sinal de respeito e pedido de desculpas.

 

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Malditos Preconceitos

Uma das criações mais geniais do homem é, sem dúvida, o computador. Uma máquina universal que processa e calcula tudo com números binários (de zero a um) com uma precisão espantosa. O mais incrível foi a história de seu inventor, Alan Turing. Ele fez a maior contribuição para a vitória aliada na 2ª guerra mundial ao inventar uma máquina chamada Colossus. Através daquela máquina que fazia cálculos extraordinários (escaneava cerca de 25 mil caracteres de uma vez) foi possível decodificar o código secreto alemão chamado de Enigma, tido como indecodificável. Os alemães faziam um círculo de ferro à Inglaterra. Com seus submarinos destruíam comboios de navios americanos com milhares de toneladas de alimentos quase que diariamente. Os ingleses já estavam passando necessidades e o alto comando seria forçado a se render para que o povo inglês não morresse de fome. O Enigma garantia a comunicação inviolável entre os submarinos e o seu comandante náutico, Almirante Canaris. Eram reabastecidos em alto mar e ficavam como lobos, em tocaia a todo navio que tentasse atravessar o atlântico e chegar à Europa. Alguns navios brasileiros, que levavam alimentos aos ingleses, foram afundados por submarinos alemães. Por conta desse e outros motivos, o Brasil, país estratégico para o domínio do Oceano Atlântico Sul, declarou guerra à Alemanha. Colossus quebrou o código, tido como indecifrável, orientando os comboios e a caça aos submarinos, salvando a Inglaterra da derrota.

Mas o preconceito humano, esse mesmo que hoje impulsiona os chamados “fundamentalistas evangélicos” e os homofóbicos, acabaram por destruir o gênio que tanto contribuíra para tirar seu país do sufoco. Fora uma pessoa perseguida desde a adolescência por seu comportamento inquieto e tido como arrogante, prepotente, de difícil convivência (como foram e são quase todos os gênios). Em 1952, ano em que nasci, Turing foi preso, julgado e condenado a um ano de prisão por ter contato físico/sexual com homens. Naquele tempo, era crime ser homossexual. Depois de cumprir a pena, foi proibido de trabalhar nas pesquisas que seu projeto inventara, porque desconfiavam que sua homossexualidade o tornava fraco para guardar segredos sigilosos de Estado. Dois anos depois foi encontrado morto por envenenamento com arsênico e considerado suicida.

O seu legado foi a revolução mundial dos computadores do final do século XX. Seres medíocres haviam, através de seus preconceitos ridículos e injustos, destruído a vida de mais um gênio da humanidade, como sói é de acontecer. Estava com apenas 42 anos de idade e ainda teria muito a contribuir, mas o preconceito o levou ao desgosto pela vida e, portanto, à morte.

Malditos preconceitos!

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Luiz Mendes

 

 

 

Titia Vitola

Outro dia eu estava voltando de uma viagem e minha mãe me mandou uma mensagem, dizendo que tinha uma ótima notícia pra me dar. Pensei em qualquer bobagem do dia a dia e, ao chegar em casa, sem muitas expectativas, ela me disse meio acanhada, porém escancarando um sorriso enorme que eu vou ser…tia!

Tia Vic! Só consegui pensar em um serzinho que nem conheço ainda me chamando de titia Vitola!

A partir de então, eu ganhei uma tarefa: aprender a ser tia! O que é que as tias fazem? Fiquei pensando que tem livros para as mamães, para os papais, mas e tia? Faz curso onde?

Tem uma lista de coisas que preciso aprender a fazer, obviamente, mas já estão começando a ser listadas – ainda me restam alguns meses. Por outro lado, tem coisas que tiro de letra (ou penso que tiro), como incentivar essa criança que está por vir a ser o que ela quiser!

Inclusive, meu irmão preferiu que eu não escrevesse sobre o assunto por enquanto. Obedeci até que me fosse dada a permissão. Porém, a gente sabe que nem sempre isso vai acontecer, certo?

ERRADO!

Os pais são bravos e suas decisões são soberanas.

É como se as tias ficassem grávidas por tabela. Eu me sinto quase uma mamãe, só que sem a parte difícil.

Afinal, ser tia deve ser dar aquele doce escondido antes do almoço, lembrar-se daquele pequeno ser humano em cada passeio, conhecer amigos imaginários, ouvir confidências e segredos de uma pessoinha que não é sua, porém é como se fosse.

Ser tia deve ser pura diversão. E também deve ser apoio, compreensão e muito carinho.

Deve ser também levar para a escola quando os pais não podem e pensar que depois de alguns dias sem ver, a criança já vai ter aprendido a andar e falar sem você.

É esquecer todas as brigas de infância com seu irmão e deve ser ficar totalmente desarmada ao ouvir pela primeira vez a palavra “tia”, saindo de uma boquinha miúda.

Deve ser sentir orgulho do primeiro passo, do primeiro dia na escola e até da primeira desilusão amorosa.

É um amor por um bocadinho de gente que eu ainda vou descobrir, mas já sinto que vai ser insubstituível.

Raiz da Violência

Tenho acompanhado essa superexposição da violência que vem ocorrendo. Fico pensando sobre o que será que está acontecendo. Parece que explodiu uma incontrolável onda de agressividade, como que nascida do ar que respiramos. Do nada. Penso nas pessoas que são assassinadas e massacradas todos os dias. Imagino que isso não é uma onda apenas, qual uma epidemia que vem ao sabor dos ventos. Qual o valor de uma vida? As chacinas já quase nem aparecem nos noticiários; só quando são de dezenas de pessoas. Os corvos, que vivem de comentar desgraças alheias, não dão mais importância. Somente o que soma pontos de audiência importa.

Eu fico pensando qual é o processo de criação de toda essa violência. Será que existe mesmo um processo, uma criação? De certo, a que reflete minimamente, salta aos olhos que isso tudo não nasce de uma geração espontânea. Não aparece assim da noite para o dia. Embora os meios de comunicação esforcem-se por demonstrar que, mesmo combatida com todos os meios legais, a violência prolifera qual erva daninha, alimentada por si mesma.

A escola antropológica italiana, cujo maior expoente é Cesare Lombroso, atribui ao indivíduo e a seus ancestrais a culpa do comportamento violento. Procuram demonstrar, exaustivamente, que a violência se desenvolve por si mesma e possui um poder de autocriação que supera qualquer possibilidade de contê-la. Os meios de comunicação parecem aderir a tal visão sociológica. Sob esse ponto de vista, quem pratica a violência é desumano, naturalmente perverso, mau e encontra prazer no que faz. Um psicopata que não ama ninguém e só pensa em si. Alguém à margem da sociedade dos humanos, quase uma ave de rapina. Como tal, deve ser excluído ou separado para sempre do convívio humano. Uma visão, sem dúvida, bastante simplista e destituída de bases científicas.

Já a escola sociológica francesa considera a violência não mais como um fenômeno individual. Observa como uma ocorrência coletiva e global. Nos faz a todos responsáveis pela violência existente. Quetelet é seu representante mais divulgado. Os especialistas indicam que o perfil social dos que violam a lei não difere do perfil social da população mais empobrecida. Criminologistas modernos como Abreu, Bordini, Brant e Adorno, esforçam-se por demonstrar que a crença de que o homem violento possui uma natureza anti-humana não se sustenta em qualquer pesquisa ou estudo.

Cientistas sociais, como Max Weber, afirmam que a razão dos pequenos criminosos esta diretamente relacionada com a dos grandes criminosos protegidos pela impunidade que lhes proporciona a sociedade por eles controlada. Apropriam-se do produto de toda sociedade e exercem eficiente vigilância e repressão sobre os expropriados. O Estado, tal como é manipulado pelo poder econômico, é o protetor dos grandes criminosos e gerador da criminalização geral. O Estado não consegue resolver o problema da violência porque é o seu criador e mantenedor imediato.

São gerados fatores criminógenos na sociedade que promove a criminalização e a violência na população mais desfavorecida. E tais fatores ficam evidentes na deficiência das políticas de distribuição de renda; na vergonhosa administração das verbas públicas; na falta de lazer para os jovens nas periferias das grandes capitais; na falência do sistema de saúde para a população; na escola que apenas ensina o básico mas não educa a criança para a cidadania. A segurança e a lei dirigidas para proteger quem tem de quem não tem; a propriedade privada das terras produtivas em mãos de uns poucos latifundiários, etc.

As instituições sociais, cujo dever seria combater e eliminar fatores tão nocivos à existência humana, estigmatizam as vítimas colocando-as como potencialmente criminosas. O favelado, o desempregado, o homossexual, o negro, o nordestino, o egresso das prisões, etc. Quem duvida, esteja presente a uma batida policial a uma favela ou a bairros dos extremos das grandes capitais.

Quem são os maiores responsáveis pela produção de drogas? Só não percebe quem não quer pensar. Sim, porque a droga não é produzida em quilos por manufaturas de fundo de quintal. Exige grandes extensões de terras férteis, adubos, tratadores e colheita. Depois tem a parte do laboratório, que não lida com pouca mercadoria, pois é antieconômico. Em seguida vem a embalagem, transporte e a distribuição.

Quem banca tudo isso? O laranja da esquina com seus papeis batizados? São grandes financistas e especuladores financeiros que movimentam tais mercados. E não o fariam, caso não tivessem certeza de impunidade. Julgam-se inatingíveis. São cidadãos eminentes, com reputação social.

As prisões estão lotadas de microtraficantes que promoveram a riqueza desses grandes criminosos. Essa jamais foi a solução. Políticos clamam por sentenças de prisão perpétua e penas altíssimas. Governadores buscam encher as ruas de policiais, como se isso resolvesse o problema da violência social. Os partidos rivais ao governo aproveitam-se da ocasião para se promoverem em cima da fragilidade governamental. Dizem absurdos em busca de convencerem a opinião pública de que eles são melhores e resolveriam a questão com medidas de força e coragem.

Os donos reais do poder, os votantes, são os únicos que podem fazer alguma coisa. Mas são tantas idas e vindas, tantos prós e contras, em quem confiar, em quem votar? Não sei. Apenas acredito que penalizar a vítima jamais será a solução. É obvio que é preciso policiar e punir. Mas também é preciso um trabalho sério de urbanização e educação junto ao pessoal da periferia e subúrbios. Principalmente investir pesado na juventude do país. No fundo, é preciso muito amor ao Brasil e principalmente aos brasileiros.

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Luiz Mendes

30/08/2015

 

Vinicius por inteiro

Vinicius

Você pode não acreditar, tudo bem, mas conversei com o Vinicius de Moraes esta semana. Em minha sesta do meio-dia, o encontrava tomando umas doses de uísque no Garota de Ipanema, no Rio. Com humor e a sinceridade de sempre, ele pintou um autorretrato de si mesmo, através do qual passei a conhecê-lo melhor. Além, é claro, de admirá-lo ainda mais. Sonho ou delírio meu, pouco importa. Interessa mesmo é conhecer o “Poeta da Paixão” na intimidade, sem os holofotes da fama que tolhiam sua liberdade.

Por que Vinicius?

– O Quo Vadis, saído em 13, ano em que nasci.

Vem de onde o sobrenome Moraes?

– De Pernambuco, Alagoas e Bahia (que guardo em mim).

Local de nascimento?

– Sou carioca da Gávea, bairro amado, de onde nunca deveria ter saído.

Altura?

– Um metro e setenta, meão, pois.

Colarinho?

– Trinta e nove e o pé quarenta.

Peso?

– Uns bons setenta e três (precisam ser reduzidos…).

Estado civil?

– Fui, sou e serei casado.

Quantos casamentos ao todo?

– Nove.

Lembra do nome de todas elas?

– Beatriz, Regina, Lila, Maria Lúcia, Nelita, Cristina, Gesse, Marta e Gilda.

Avaliação como marido?

– Apesar do que se diz, não me acho tão mau marido.

Filhos?

– Cinco, quatro mulheres e um homem.

Profissão?

– Dizem-me poeta; diplomata eu o sou, e por concurso.

Mais alguma outra?

– Jornalista por prazer, nisso tenho um grande orgulho. Em breve serei cineasta (Ativo).

Religião?

– Sou materialista.

Curso superior?

– Formei-me em Direito, mas sem nunca ter feito prática.

Seria o quê, caso voltasse atrás?

– Gostaria de ser médico, pois sou um médico nato.

E a infância?

– Pobre mas linda, tão linda que mesmo longe continua em mim ainda.

Prefere vitrola ou rádio?

– Vitrola.

Automóvel ou trem?

– Automóvel.

Trem ou navio?

– Trem.

Navio ou avião?

– Navio.

Frutas prediletas?

– Caju, manga e abacaxi.

Quem o levou à poesia?

– Foi com meu pai, Clodoaldo de Moraes, que aprendi a fazer versos.

Chegou a furtar algum poema dele?

– Sim, para dar à namorada.

Com que idade publicou seu primeiro livro?

– Tinha dezenove anos quando lancei O Caminho para a distância.

De qual gosta mais?

– Meu preferido é Poemas, sonetos e baladas.

Toca algum instrumento?

– Violão, de ouvido.

Gênero musical?

– Faço sambas de bossa.

Luta marcial?

– Garoto, lutei jiu-jitsu razoavelmente.

Outra prática esportiva?

– No tiro, sobretudo, em carabina, sou quase perfeito.

Coisas de que mais detesta?

– Viagens, gente fiteira, fascistas, racistas, homem avarento ou grosseiro com mulher.

E das que mais gosta?

– Mulher, mulher e mulher.

Só?

– Sem falar de meus filhos e meus amigos.

Lugar bom para se viver?

– Moro em Paris, mas não há nada como o Rio para me fazer feliz.

Bebida preferida?

– Uísque, com pouca água e muito gelo.

E de dançar?

– Gosto muito também, daí me chamarem boêmio.

Como gostaria de morrer?

– De repente, não mais que de repente, e se possível de morte natural.

O que pediria caso lhe fosse dado o direito de viver outra vez?

– O pau um pouquinho maior.