Nascemos inteiramente desinformados. Principalmente sobre o que fazer para que a existência nos seja satisfatória. Até a pouco tempo, estávamos presos a um sistema. Determinados ao nosso papel na vida, do nascimento à morte. Não havia preocupação de satisfação pessoal em viver. Havia o dever. A promessa era de que se o cumpríssemos, encontraríamos o prazer da vida.

Hoje temos a nossa consciência expandida e nossas liberdades. Mas, não sabemos bem o que fazer de nossas possibilidades. Fazemos o que os outros fazem. Quem não se conforma, e exige significados, vive a beira do abismo existencial. Nietzsche talvez possa ser considerado, dos humanos, o que mais tangenciou abismos.

Existe uma razão de estarmos vivos? E seria preciso que existisse? Essa é abordagem desce aos alicerces da realidade humana. Nossa existência carece dessa resposta. Todos os outros significados; aquele dos instantes; das circunstâncias; trabalho; escola; comunidade, família e do indivíduo estão contidos nessa resposta. Ela permeia do mais simples ao mais complexo da vida humana. A idéia de Deus é exemplo mais claro do que estou dizendo. Partindo da crença em Deus, ocorre encadeamento de idéias que chega ao que fazemos com nossos órgãos genitais.

Não somos filósofos para praticar tais malabarismo mentais. O que precisamos é tornar nossa existência satisfatória agora, agora. Os significados que agregam valores atualmente, são os de mercado. O marketing promove valores de acordo com lucros decorrentes.

Para a realização humana, é preciso ter o carro do ano; a casa dos sonhos; esposa (o) de acordo com padrões da moda; filhos em colégios caros; amante de cabelos platinados; casa de campo, de praia. O homem consciente dessa manipulação tenta outros valores. Despreza a banalidade de tais estímulos. O significado da vida parece não estar nas coisas. Criamos mecanismos de valoração que não nos satisfaz. Quanto mais temos, mais carecemos. Parece que ter é pouco.

Penso que cada momento compõe uma circunstância. As circunstâncias exigem decisão. No dia todo talvez não seja encontrado significado. Mas para cada unidade desse dia, existe seu motivo de ser. No mínimo compõem o dia. Os significados são ímpares. Parece também que há um significado inerente, adormecido em cada circunstância. A nossa consciência o fareja como um cão fareja a presa. É a principal tarefa da existência, já que sem precedentes.

Os significados estão presentes no objeto, ou é a consciência que os cria? Desde o inicio da filosofia essa discussão permanece. É a idéia do objeto que existe, ou o objeto em si? A finalidade não é aprofundar. A proposta é mais linear. As situações existenciais estão grávidas de significado. A consciência os descobre de acordo com a definição de cada um. Um religioso entenderia significado diferente de um materialista. Em suma: o objeto do significado está nas situações existenciais, mas há uma interação no ato de descobrir.

Há, em nós, uma insatisfação relacionada à vida. Nem sempre conseguimos definir o motivo de vivê-la. Surge então vazio existencial que nos leva à angústia. Essa insatisfação, essa angústia, são módulos propulsores para ultrapassagens. É o desespero existencial a nos triturar. É assim que procuramos adquirir novos conhecimentos, criamos ou inventamos uma vida nova. E, num processo semelhante à tese darwiniana das mutações, somente o for melhor se estabelece.

Na verdade, se nascemos desinformados, cabe a nós nos informar. A cada novo dia, descobrir novas idéias e buscar saber de é feito o mundo que nos cercam. O vazio e a angústia só existem porque são infinitas nossas possibilidades.

A busca pela motivação da vida é incondicional e ocorre sob quaisquer condições ou circunstâncias.

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Luiz Mendes