Percorrer 30 quilômetros de bicicleta, da zona Sul para a zona Leste de Teresina e vice versa, já faz parte da rotina de Newton Lemos, há mais de 10 anos para ir ao trabalho. Nesse percurso, pedras, latas de spray, guarda-chuvas velhos e relógios quebrados são recolhidos para ganharem outras formas. Ele diz que vê arte por onde passa. Zelador e professor de futebol há mais de uma década, há seis anos se descobriu como artista.
Nas mãos de Newton, 58 anos, até bocal de caneta já virou obra-prima. Eu o questiono: tudo que você encontra pode virar uma peça? “Se não virar eu nem pego”, responde enfático. O que muitos podem enxergar como uma lata de spray velha, ele vê como um pinguim. “Só falta o acabamento. Aí eu vou fazer a frente branca e atrás preta. Lá tá azul”, aponta para o objeto.
O cotidiano do zelador é dividido entre o trabalho, a família, as obras de arte e os meninos e meninas do futebol. Toda segunda e quarta, salvo em dias de chuva, ele pega a bicicleta para ir treinar os meninos no campo da Vermelha, bairro na zona sul da capital. São mais de 30 garotos que aprendem a jogar bola com ele, na escolinha de futebol. Orgulhoso de todo o trabalho que faz desde 2006, diz que já chegou a ter uma turma com 70 crianças. “Comecei com esses pestinhas perto de casa, aí depois vim aqui pro campo e conseguiu uma boa quantia de garotos”, explica.
Matéria completa na Revestrés#41 – maio-junho de 2019.