“Bom dia urmininu que assiste meu canal!”. Essa é uma das frases que os seguidores do youtuber Max Petterson, 26 anos, mais escutam. Cearense, morando na França há mais de 4 anos, Max começou a produzir vídeos em série para a internet após viralizar comentando sobre o calor do verão europeu.  

“Vou dar um conselho para você que quer vir para a Europa: Paris, no mês de junho, julho e agosto, não venha. Venha não, que é um calor da muléstia”, relata no vídeo. A publicação, feita em 2017, segue sendo compartilhada nesses três anos, permitindo que Max passe a ser cada vez mais conhecido. 

Paris, no mês de junho, julho e agosto, venha não, que é um calor da muléstia

“Mas quem é Max Petterson no jogo do bicho!?”, ele mesmo pergunta em seus vídeos. Da região do Cariri, sul do estado do Ceará, o ator, youtuber e guia turístico foi morar em Paris para estudar teatro na Universidade Paris 8.  Saído do município de Farias Brito, de pouco mais de 19 mil habitantes, Max fez jus à célebre frase de Euclides da Cunha: “o sertanejo é antes de tudo um forte”, para tornar possível sua vida na capital francesa. 

 Em Paris, soube aproveitar o momento do vídeo viralizado. “Foi algo muito rápido, porque eu sou artista e já tinha vindo a Paris para fazer faculdade de teatro. Já tinha me engajado em alguns projetos e tentava ganhar visibilidade – não ganhar fama, mas fazer sucesso naquilo que eu fazia”, diz.  

Max Petterson jamais havia imaginado tanta visibilidade. “Eu comecei a ver o feedback das pessoas e notar que elas estavam rindo de qualquer besteira que eu falava. Mas eu sabia que uma hora a água ia parar de ferver, porque na internet tudo é assim: ferve muito rápido, mas depois que apaga, apagou”, comenta.  

Foi então que passou a falar de cultura e arte e sobre a cidade, aproveitando o conhecimento adquirido como guia turístico. Ele realiza tours por Paris, em roteiros como os bairros Montmartre e Marais. Também produz vídeos em suas viagens por outros lugares do mundo, com conteúdo dirigido às pessoas que não têm oportunidade de conhecer pessoalmente esses lugares ou que pretendem conhecê-las um dia. O jovem e franzino Max conta tudo em suas viagens, falando com carregado sotaque cearense e cheio de bordões que grudam na cabeça.   

Visitando Paris sem sair de casa 

“Eu já era convidado para passear com brasileiros e, como precisava trabalhar, pensei: vou transformar isso no meu trabalho”. A partir daí criou a “Descobrindo Paris”, empresa de visitas guiadas que o ajuda a se manter estudando na Europa.  

“Mas aí veio a pandemia e quebrou as pernas. As minhas e de todas as pessoas desse planeta que tinham planos para 2020”, conta, gargalhando sobre a crise que afeta de modo especial quem vive do turismo. “Uns 95% da minha renda vinham das visitas guiadas. Agora, depois do lockdown, comecei a ver outras opções”, conta, sobre o projeto de um guia virtual gratuito no Instagram. 

Durante a produção dessa matéria, a França abriu suas fronteiras, mas apenas para países da União Européia. O Brasil, um dos países de onde o guia mais atende turistas, não foi liberado por não cumprir as normas de contenção do vírus. Só que não é preciso nem sair de casa para acompanhar Max Petterson em mais um tour inédito por Paris. Em julho ele realizou o primeiro tour virtual, acompanhado por mais de 20 mil pessoas nas redes sociais. Um trajeto que seguia pela margem do rio Sena, passando pela Torre Eiffeil e chegando ao Museu do Louvre. Max contou histórias, falou sobre obras de artes e revelou pequenas curiosidades e tradições da França, além de mostrar como estava sendo a volta das atividades econômicas no país. A live foi transmitida pelo perfil @maxpetterson. Quem queria ajudar podia fazer doação de qualquer quantia. Essa foi uma das formas que Max encontrou para ganhar dinheiro com o trabalho. “Mais uma vez batendo na tecla de uma troca solidária com as pessoas”, diz.  

Caririiêiii 

Max Petterson tem mais de 200 vídeos publicados em seu canal no Youtube. Entre eles, o programa IIIÊII talk show – uma menção à famosíssima “vaia cearense”. Além disso, tem quadros como o “cumeno & aprendeno”, dicas de francês e história da arte. Em 2020, começou a fazer stand-ups, em um mix de sua própria história com um pouco do que já produziu para o canal. 

O último vídeo publicado sobre moda foi o “mangando nas galerias Lafayette 2020”, sobre as tendências durante a pandemia

O ator, que também já trabalhou com moda na França, em muitos vídeos “manga” (no dicionário cearense “mangar” significa rir de situações engraçadas) das roupas e acessórios que encontra pelas vitrines e lojas da cidade. O último vídeo publicado sobre moda foi o “mangando nas galerias Lafayette 2020”, sobre as tendências durante a pandemia. Max faz críticas às peças fashion que, para ele, não fazem nenhum sentindo e são caríssimas. “Muié, o que diabo essa muié com esse balde na cabeça?”, comenta, sobre um chapéu. 

Além de falar sobre muitos lugares no mundo, Max tem uma série dedicada ao Cariri, chamada de Caririiêi. Nela, a proposta é mostrar a cultura da região e suas tradições. “Eu, como um youtuber que mora em Paris e mostra a França, acho que seria de extremo egoísmo ir ao Cariri e não mostrar. Seria uma falta de identidade minha. Vivo mostrando um lugar que não é meu e, no dia que vou ao meu lugar, que é super rico culturalmente, não mostro para as pessoas?!”, diz. 

Autodenominado de “’youtuber boca de confusão”, Max agrada seus seguidores por falar da vida como ela é na França. “As pessoas criam uma imagem de Paris como a cidade do Mágico de Oz: ninguém sente fome, ninguém sente sede, não tem sujeira na rua. Eu tento alertar as pessoas sobre isso”, diz. O ator fala das belezas da cidade e dá dicas para que o sonho de conhecer Paris se aproxime da realidade possível. E para que, no final, tudo seja uma grande diversão. 

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