Aparentemente longe de empenhar esforços rumo a qualquer holofote, Daniel de Araújo Pessoa até reagiu com surpresa ao nos receber para falar sobre seu empreendimento, o Daniel Bar. “Vem cá, isso agora é moda?”, diz ao saber que sua história virou pauta, apesar de já ter concedido entrevistas e participar de um guia gastronômico lançado recentemente. Há 25 anos trabalhando com a venda de camarões, o homem criado perto da natureza, ambientalista nato (como se autodeclara) e natural de Fortaleza (CE), mantém desde 1997, no bairro Piçarra, zona sul de Teresina, um bar com ares de quitanda, cardápio de restaurante e aparência que convida os frequentadores a puxarem uma cadeira para um bom papo e provarem o mais reconhecido item do cardápio.
O ambiente é simples, mesas dispostas pela calçada, pequenas caixas de som tocando músicas de nomes como Chico Buarque, Secos e Molhados, Gal Costa, Beto Guedes. Fórmula propositalmente preservada. “No começo tocava de tudo, mas algumas pessoas se chateavam com a escolha de um ou outro estilo musical. Aí eu resolvi escolher, pois são as músicas que eu gosto, são da minha época. Eu percebo que isso criou uma seleção de público”, relata o comerciante que, por falar em música, conta ter morado, durante a infância, em frente à casa dos pais de Torquato Neto (seu Heli e dona Salomé).
Em Teresina desde 1966, Daniel encontrou na venda de camarões a possibilidade de sair do desemprego e manter, de certa forma, a relação com ter segredo. A coisa mais importante é comprar produtos de boa qualidade. Cozinheira não faz milagre e a comida tem que ser saborosa, sem botar coisas para mudar o gosto”, comenta.
A apresentação do prato é simples. Antes do pedido, Daniel adianta que “não temos sofisticação. Você pede camarão e vem camarão, assim como os outros pratos, sem enfeites. A pessoa olha o prato com uns 30, 40 camarões e acha bom”, conta sobre a caldeirada que acompanha arroz branco, farofa e salada de tomate e cebola.
(matéria completa na Revestrés#37- agosto-setembro de 2018).