50O local é uma das franquias do Rei Frango, localizado na Zona Leste de Teresina que leva o principal prato no seu nome, sendo também o mais procurado. Enquanto José de Ribamar corta as carnes, acrescenta queijo e manteiga no frango e embala tudo com rapidez e dedicação, a fila de clientes aumenta e as mesas, antes vazias, começam a ser ocupadas. O forte cheiro de fumaça também preenche o espaço, sinalizando que mais carnes estão sendo colocadas para assar e dar conta da quantidade de pedidos.
“Aqui nós temos filé na chapa, frango desossado, churrasco misto”, comenta Maria do Socorro Reis, dona do Rei Frango, e revela: “Mas o que mais sai é o frango assado, inclusive dia de domingo”. A carne macia, de tempero forte e apimentado, é o que atrai a clientela. A comerciante garante que segue uma receita secreta para que o produto seja diferenciado.
O Rei Frango existe há 30 anos e tornou-se um dos principais locais de venda de frango na cidade. Tudo começou com uma pequena churrasqueira na calçada da quitanda que Maria do Socorro mantinha com os onze irmãos no bairro Marquês, no Centro, pouco depois da família se mudar de Campo Maior para Teresina. O empreendimento foi dando certo e crescendo e, atualmente, os doze irmãos mantém seis pontos do mesmo segmento em diversas zonas da capital. Durante todos esses anos no ramo, a comerciante pôde observar que a compra e o consumo de frango assado é um costume dos teresinenses, sobretudo, aos domingos, no horário do almoço. “Esse também é um hábito meu, que reúno minha família para assar e comer frango em casa”, conta Socorro.
Acompanhado de vinagrete e farofa, o frango assado pode ser levado por R$ 27 reais. Mas para quem deseja almoçar no local, a refeição completa com o frango inteiro com queijo, acompanhado de baião de dois, maria isabel, feijoada, salada, paçoca, molho e farofa, custa R$ 57 reais. Só no estabelecimento de Maria do Socorro, são vendidos cerca de duzentos frangos por domingo, um número muito maior em comparação aos outros dias, onde os pedidos chegam a oitenta.
“Tem cliente que já chega animado com as crianças e compra para levar, e também tem quem aparece aqui dizendo que chegou mais gente em casa e que vai levar o frango assado para complementar”, enfatiza a proprietária. Ela arrisca dizer que esse costume também pode estar ligado à comodidade. “No domingo, ninguém quer ir para a cozinha”, assume.
Para Astrogildo Soares, esse é um ritual que já dura dez anos. Quem quiser encontrar o aposentado da Receita Federal nos domingos, é só aparecer no Rei Frango por volta das 11h30min. Alegre, ele é um dos primeiros a chegar e sempre senta na segunda mesa do espaço interno do local. “Eu venho desde quando esse restaurante ficava do outro lado da rua”, destaca apontando para o lado de fora, e brinca com o neto que o acompanha: “Só ele que prefere peixe assado, em vez de frango”.
Esse hábito é passado para toda a família de Astrogildo e também para as visitas. “Às vezes quando recebo algum parente de fora, também trago eles para cá”, conta animado. Sua esposa, Maria José, observadora e enfática, concorda: “É uma tradição!”.
A praticidade também é vista como um dos motivos para a intensa procura. “Por ser uma comida prática e saudável, o frango assado acaba saindo muito”, avalia Nazaré Almeida, uma das donas do Frango Snob, zona Sul de Teresina. No local, somente no domingo, chegam a ser vendidos o dobro de frangos que é vendido em outros dias da semana. “Nesse dia, vendemos cerca de 300 frangos, tanto para comprar e levar para casa, quanto para o consumo no próprio restaurante. O que mais sai é o frango recheado”, explica Nazaré.
Outros pontos de venda de frango assado podem ser facilmente encontrados em diversos bairros, com um preço que varia de 25 a 30 reais. Sejam em grandes restaurantes ou em churrasqueiras de pequeno e médio porte, montadas nas calçadas com uma placa simples: “Vende-se frango assado”.
Um prato simples e bem preparado como o frango assado, acaba sendo irresistível para o paladar do teresinense. Até quem trabalha diariamente com isso, não abusa. “A gente fica aqui assando e, vez ou outra, dá vontade de comer”, confessa sorridente o churrasqueiro de 25 anos, Misael Keslly.
(Matéria publicada na Revestrés#31 – Junho/Julho 2017)