O escritor pernambucano e idealizador da Balada Literária, Marcelino Freire, recebe o título de “Cidadão Piauiense” nesta quinta-feira (7), às 9h30, em solenidade no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Estado do Piauí (Alepi). A proposição do título é de autoria do deputado Francisco Limma, que reconhece os relevantes serviços prestados por Marcelino à cultura do Estado.
Marcelino vem há sete anos promovendo a Balada Literária no Piauí, sob curadoria do escritor e professor Wellington Soares. Radicado na cidade de São Paulo, Marcelino é um grande divulgador e incentivador das manifestações culturais do Piauí no sudeste do país. Sua relação com o estado é ainda mais antiga: desde 2012 convida escritores e artistas piauienses a participarem da Balada Literária em várias partes do país. Teresina foi a primeira, dentre as 15 capitais do país, que o escritor percorreu com o Projeto Quebras, financiado pelo Itaú Cultural em 2013, mapeando escritores à margem da produção editorial. Em 2017, homenageou o poeta piauiense Torquato Neto na 12ª edição da Balada Literária de São Paulo, Teresina e Salvador.
Marcelino conta que sua relação com o Piauí, desde o começo, foi um “abraço fértil”. Aqui encontrou palavras que o faltavam e as carregou consigo, fez amizades sólidas que geraram bonitos projetos, como a edição piauiense da Balada Literária, e pôde estreitar a distância geográfica. “Piauí é estreitamento e calor humano, muita arte, muito pensamento gerador. Terra de Torquato, Nêgo Bispo, Emerson Boy, Élio Ferreira, Benício Bem, Nayara Fernandes, Wellington Soares, Patrícia Mellodi, Thiago E, Demetrios Galvão, Teófilo Lima… Terra de poesia, de Acrobatas e Revestrés. Terra que abraça a minha terra. Terra que me ajudou a ser mais cidadão. A ser mais teimoso. A ser mais poeta”, afirma o escritor.
Nascido em Sertânia (1967), no estado de Pernambuco, Marcelino Juvêncio Freire muda-se com a família para Paulo Afonso, Bahia, em 1969. Lá permanece por seis anos, até voltar para Pernambuco e radicar-se na capital, Recife, onde começa a fazer teatro. Em 1981, escreve os primeiros textos do gênero e participa, juntamente com artistas plásticos e escritores – Adrienne Myrtes, Denis Maerlant, Jobalo, Pedro Paulo Rodrigues e Regi Soares, do grupo POETAS HUMANOS, fundamental para sua formação artística. Ao longo da década de 1980, trabalha como bancário e inicia o curso de Letras na Universidade Católica de Pernambuco, sem concluí-lo. Em 1989, frequenta a oficina literária do escritor Raimundo Carrero e, dois anos depois, é premiado pelo governo do Estado de Pernambuco. Decide mudar-se para a cidade de São Paulo em 1991 e publica, de forma independente, seus dois primeiros livros: AcRústico, de 1995 e EraOdito, de 1998. Em 2000, publica o livro de contos Angu de Sangue.
Em 2002, Marcelino idealizou e editou a Coleção 5 Minutinhos, inaugurando com ela o selo eraOdito editOra. É um dos editores da PS:SP, revista de prosa lançada em maio de 2003, e um dos contistas em destaque nas antologias Geração 90 (2001) e Os Transgressores (2003), publicadas pela Boitempo Editorial.
Escreveu Contos Negreiros (Editora Record, 2005), com o qual foi vencedor do Prêmio Jabuti, livro também publicado na Argentina e no México. Em 2013 lançou, pela Editora Record, o romance Nossos Ossos (Prêmio Machado de Assis), também publicado em Portugal, na Argentina e na França. É o criador e curador da Balada Literária, evento que reúne, desde 2006, escritores nacionais e internacionais pelo bairro da Vila Madalena, em São Paulo. Em 2018, lançou o livro Bagageiro, reunindo o que ele chama de “ensaios de ficção” (Editora José Olympio). Em 2021, saiu pela José Olympio a Seleta com seus contos preferidos.
Destaca-se como um dos mais importantes escritores da literatura brasileira contemporânea, com vários dos seus oito livros adaptados para o teatro, recebendo premiações consagradas como o Prêmio Jabuti de Literatura (2006) e o Prêmio Machado de Assis (2014).
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Para ler a entrevista de Marcelino na Revestrés 16, acesse: