Quando li a matéria no UOL, publicada no último dia 11 deste mês, minha reação foi a mesma que você,leitor/leitora, experimenta agora – de incredulidade e surpresa. O título era bastante chamativo:“Gwyneth Paltrow está vendendo velas aromáticas com o cheiro da sua vagina”. Além de uma foto grande da bela atriz norte-americana, aparecia também a imagem de uma vela acesa, cuja essência foi chamada de This Smells Like My Vagina que, em tradução livre, fica “Isto cheira como a minha vagina”. O aroma foi concebido, segundo a matéria, em parceria com o perfumista Douglas Little, da Heretic, e a vela pode ser adquirida no site da Goop por 75 dólares, aproximadamente uns 305 reais. Detalhe importante, o produto não deu nem pra começar, dado a imensa procura, se esgotando em poucas horas.

Passado o espanto, abri um sorriso matreiro e, feliz da vida, gritei bem alto: sacada genial! Genial! Que mulher fantástica! Há muito tempo esperava ansioso, em diálogo com meus botões, por essa invenção revolucionária. Só que ao invés de vela, pensei num perfume capaz de substituir essas fragrâncias brasileiras e importadas vendidas por aí – caras e enjoativas. Se já a admirava como atriz em Shakespeare in Love e Emma, pelo talento e formosura, agora a venero como empreendedora criativa e ousada. E digo mais: já estou na lista de espera, com dólares guardados e tudo, pra comprar a vela de Paltrow, pelo menos uma, com aroma da sua desejada vagina. Diante dessa possibilidade, versos eróticos de Drummond, presentes em Amor natural, saltaram da memória e ocupam esta crônica: “A língua lambe/ A língua lambe as pétalas vermelhas/ da rosa pluriaberta; a língua lavra/ certo oculto botão, e vai tecendo/ lépidas variações de leves ritmos.”

Como uma ótima ideia se espalha rapidamente e, em curto tempo, é copiada por outras pessoas, sobretudo, ao envolver uma grande soma de dinheiro, fico na torcida que Dakota Johnson, a sensual mocinha do filme Cinquenta Tons de Cinza, enverede pelo mesmo caminho e lance, pra alegria dos admiradores, a vela com o cheiro de sua xoxota. Quem sabe não faça o mesmo Halle Berry, protagonista do filme Mulher-Gato, primeira afro-americana a ganhar o Oscar de melhor atriz. Entre as mulheres brasileiras, consideradas mais sensuais do mundo, tomara que abracem o inusitado produto as gostosas Alice Braga, do longa Cidade Baixa e da série Netflix A Rainha do Sul, atriz paulista que desponta no cenário internacional, e  Paolla Oliveira, a irresistível garota de programa Danny Bond, em Felizes para sempre?, minissérie global de grande sucesso em 2015.

Quem não gostou nadinha dessa história, menos ainda de meus devaneios, foi a patroa, lá de casa, que fez um interrogatório completo. Vela aromatizada com cheiro de vagina? Sim, respondi, tentando esconder o entusiasmo. E qual a serventia disso? Segundo Gwyneth Paltrow, por ser divertido, incrível, sexy e inesperado – falei, pisando em ovos. E de que é feita? Pelo que li, uma mistura de gerânio, bergamota cítrica e absolutos de cedro justapostos com sementes de rosa e ambreta. Que sensações provoca? De fantasia sedutora e calor sofisticado, diz a descrição do produto. Essa é a razão de você está inundado de felicidade? Em parte, sim, ficando completa ao adquirir uma vela pra mim. Pra colocar em nosso quarto? Pensei na biblioteca, pois não quero ofendê-la. Sei, ela resmungou, pegando meu travesseiro e lençol e, sem direito a contestação, apresentou minha sentença: talvez um mês dormindo no sofá da sala você aprenda a ser homem. E não disse mais nada.