Estivemos na bela cidade de Parnaíba num desses finais de semana. O passeio não poderia ter sido melhor. Ainda mais acompanhado de duas pessoas queridíssimas: Ceiça, irmã mais velha, e dona Raimunda, nossa mãe, que fez 94 anos neste mês de setembro. De certa maneira, foi nosso presente de aniversário à matriarca, cumprindo uma antiga promessa de levá-la outra vez ao litoral. Nada comparável a um banho de mar. Parece que todo aquele mundão de água salgada e azul, sem falar da brisa que acaricia o corpo, lava de vez as impurezas da gente. Ali, nas praias de Luís Correia, não vi ninguém triste nem deprimido. Ao contrário, imperava nas pessoas, sobretudo em dona Raimunda, apenas o sentimento de alegria. De todas, sem dúvida, as crianças eram as mais felizes, dado a estreita relação que mantêm com o mar, abraço afetuoso trocado entre velhos amigos.
Durante três inesquecíveis dias, pudemos matar saudade dos encantos do nosso litoral, a começar pelo Coqueiro, praia belíssima e onde comemos peixes deliciosos no Restaurante Dona Maria, tendo como sobremesa cocadas daquelas de nos tirar o fôlego, de tão gostosas. Em Macapá, o prazer foi deitar numa rede e descansar a vista diante de tanta beleza, reafirmando em nós a convicção de que Deus não só é piauiense como tem moradia naquelas praias. À tardinha, de volta ao Hotel Cívico, demos um pulo na sorveteria Araújo a fim de provar de uma variedade incrível de sabores: cajá, bacuri, castanha, morango, açaí, tapioca e coco, cada um mais apetitoso que o outro. Sendo o de abacate, de longe, o meu preferido. Programa sem o qual, costumo dizer, a viagem fica incompleta.
Misto de prazer e conhecimento foi nossa viagem ao Delta do Parnaíba, desde o nome do barco (MANDU LADINO) até o didatismo do guia turístico, explicando tudo nos mínimos detalhes. Passando pelas Ilhas Canárias, onde na volta almoçamos, ele falou dos “homens-peixes” ou “pé-de-pato”, como ficaram conhecidos os índios Tremembés. Nos manguezais, além de informados da retirada diária de 2.500 cordas de caranguejos, exportadas para Fortaleza, fomos apresentados a um deles pelo barqueiro, que recebeu merecidos aplausos. Aquele cenário paradisíaco despertou em mim, mesmo não sendo cineasta, uma vontade enorme de produzir um filme de aventura nos moldes de 007, com muitas perseguições arriscadas e mulheres bonitas.
Em Atalaia, praia onde começavam e terminavam nossos dias, o barato era entrar no mar e banhar até se fartar, de tão mansas e convidativas suas águas. Depois, uma boa caminhada pela areia, exercitando o corpo e respirando o ar puríssimo da brisa. Dona Raimunda parecia uma criança de tão feliz, banhando sem parar e esquecida do horário de almoço, que fizemos na Barraca Carlitus, saboreando uma deliciosa peixada amarela. Relembrando os bons momentos de 2016, mamãe foi logo nos avisando antecipadamente que diante do calor de Teresina, cada dia mais insuportável, quer passar o Réveillon deste ano em Luís Correia. Fora esse argumento, o que pesa mesmo, não tenho dúvida, é a sua grande paixão pelo mar: “Quero ser feliz/ Nas ondas do mar/ Quero esquecer tudo/ Quero descansar”, como diria o inesquecível Manuel Bandeira. Cumpramos sua vontade, então.