Foram quatro tiros certeiros, todos na cabeça, disparados quase à queima-roupa, que tiraram a vida de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, eleita com 46. 502 votos no último pleito, 2016, em pleno cumprimento de seu primeiro mandato parlamentar, colocado a serviço, desde o início, das camadas pobres das periferias, sem falar também da defesa intransigente dos direitos humanos, infelizmente entendido, por fascistas e ignorantes, como proteção a bandidos, quando põe em prática, na realidade, resolução tomada pela ONU em 1948, que garante aos seres humanos em geral, independente de qualquer coisa, direitos fundamentais de cidadania e vida digna, mas os que a mataram fria e covardemente, obedecendo ordem superior, gente de costas largas, não ligavam a mínima pra esses aspectos, afinal quem “defende” criminoso, segundo pensam, merece morrer também, daí os quatro disparos na cabeça, sem dó nem piedade, talvez um aviso pra quem ainda se meter à besta, sobretudo, parlamentares esquerdistas e lideranças populares e sindicais, que teimam em ficar ao lado da escória social, pois arrego não terão daqui pra frente, ainda mais se o grande líder deles, matador convicto, com aval da grande mídia e judiciário, levar a melhor na campanha presidencial, outubro próximo, e nomear generais pra  maioria dos ministérios, bem como aprovar no Congresso, finalmente, sob o patrocínio da indústria bélica e das bancadas evangélica e da bala, a liberação do porte de arma,  aí sim, senhores e senhoras, a matança vai correr solta, com ricaços e classe média exultando de alegria,  vestidos de verde e amarelo outra vez, as cores da seleção Canarinho, e tomando ruas e praças a fim de bebemorar o novo Brasil, branco e elitista, capaz de colocar a raia-miúda no seu devido lugar, onde já se viu, indagam os assassinos e seus mandantes, ralé andar de avião, transformando aeroportos em rodoviárias fétidas, ou, o que é pior, frequentando praias da zona Sul, bonitas por natureza e abençoadas por Deus, hoje transformadas em piscinões de negros e putas, que escutem direitinho o aviso dado pela extrema-direita, com a execução da Marielle, quatro tiros na cabeça, de um total de nove disparados, pouco importando, caso queiram saber, se três levaram Anderson Gomes, motorista da vereadora e rapaz humilde, tampouco ligam, acreditem, pra enorme repercussão dentro e fora do país, lisonjeados mais com os apoios recebidos nas redes sociais, até de desembargadora, deputados, jornalistas, professores e delegados, uma legião de imbecis que adora beber o sangue, de preferência em quantidade, de pobres, negros, mulheres, gays e bandidos, embora digam ser cristãs e pessoas do bem, porque pra elas, gritam em voz alta e batendo no peito, que mal existe em tirar a vida de uma militante do Psol, useira e vezeira em plantar ideias de igualdade e de direitos nas favelas do Rio, lixando pro fato da vítima ser jovem demais pra morrer, 38 anos apenas, mãe dedicada e amorosa, formada em sociologia (PUC/RJ) e mestra em Administração Pública (UFF), tendo conquistado tudo, inclusive o mandato de vereadora, com muito esforço e determinação, podendo alçar voos maiores no futuro, lamentavelmente interrompidos, quarta-feira passada (14), às 21h07, rua Joaquim Palhares, no Estácio, por uma rajada de pistola 9mm, um segundo de nada e, com barulho forte e rápido, vários tá, tá, tá, tá, pondo em questionamento o sentido da intervenção militar na cidade: segurança pra valer ou jogada de marketing eleitoral?