Há pouco mais de um ano você, Caeteense, pena numa cela em Curitiba, preso por “crimes” sem provas, exceto ter optado, desde metalúrgico, em ficar ao lado da mão de obra barata das montadoras de carro, mas nunca esquecido, assunte bem, por todos que reconhecem seu exemplo de vida, como Sérgio Vaz, agitador cultural das periferias do Brasil que, no poema Teimosia, traz um abraço pra você em palavras mais que solidárias: “Não adianta/ quebrarem minhas pernas,/ furar meus olhos/ ou falar pelas costas./ O que sustenta meu corpo/ são as minhas ideias./ Braços descruzados,/ tenho um cérebro com asas/ e sou todo coração./ Se me proibirem de andar sobre a água,/ nado sobre a terra.”

Há um ano e 16 dias você, Retirante, sofre na Polícia Federal da capital paranaense, preso por “crimes” que não cometeu, exceto ter ousado criar um partido que desse voz e vez a milhões de trabalhadores, mas jamais abandonado, ouça com atenção, por um monte de gente que admira sua coragem, como Adriane Garcia, poeta mineira que, em dísticos críticos, no texto Ideia, firmou posição contrária a tal absurdo: “Seu nome/ É ferida aberta //  Seu nome/ É prisão política // Seu nome é/ Brasil sem fome // Seu nome/ É nome operário //  Mas seu nome/ Roda o mundo // Aprisionaram/ Seu nome-carne // Isolaram/ Seu nome-espírito // Mentiram/ Sobre seu nome // Mas seu nome/ Virou nome-ideia.”

Há exatos 381 dias você, Pernambucano, come o pão que o diabo amassou numa solitária em Curitiba, preso por ser “dono”, embora nada conste no seu nome, de um triplex e de um sítio fajutos, quando tudo não passou, via cambalacho jurídico, de armação pra tirá-lo da disputa presidencial, mas continua ainda hoje, escute direito, guardado no coração dos brasileiros, como Jessé Andarilho, escritor revelado em favela carioca que, entre balas perdidas e preconceitos de todo ordem, resolveu homenageá-lo em Silva, versos pra lá de instigantes: “Liberdade é o que eu e a maioria dos brasileiros queremos/ Uma pessoa que fez mais pelo nosso povo/ Luta é o que nos une, é o que nos motiva, é o que nos revigora/ A estrela do Silva ainda brilha e isso ninguém pode apagar.”

Há mais de 60 semanas você, Nordestino, carrega uma pesada cruz em prisão da PF, na distante capital do Paraná, por “crimes” amparados em convicções, e não provas, numa clara perseguição política das elites que, refutando qualquer mobilidade social, legado de seu governo, resolveram trancafiá-lo injustamente, mas nem por isso, favor atentar, capaz de estancar o grande amor pelo filho de dona Lindu, como Eric Nepomuceno, tradutor dos bons que escreveu, certa vez, o seguinte a respeito do Cara: “Porque solto, ele é um perigo para os que tratam este país como feudo próprio. E uma esperança concreta e iluminada para os abandonados de sempre, que com ele viram que é possível alcançar uma outra realidade, que lhes foi negada ao longo dos tempos.”

Há pouco mais de um ano você, Guerreiro, foi apartado de nosso convívio sob a alegação de – mentira deslavada – ter usado dinheiro público em benefício pessoal, quando sabemos que a motivação é outra: cortar direitos, entregar riquezas e voltar a ser quintal norte-americano, mas esclarecidos que somos, graças à sua luta por um Brasil inclusivo e democrático, dizemos, inspirados em Quintana, a plena voz: todos esses que aí estão/ atravancando seu caminho/ aceitem que dói menos/ eles passarão…/ enquanto Inácio, o Luiz, será um eterno passarinho.