Em matéria de sexo, o brasileiro anda muito bem, obrigado. Nem a crise econômica tem afetado a sua libido. Embora não goste tanto de ficar em segundo lugar, até que neste quesito, estufa o peito de orgulho. Pesquisa recente mostra que somos vice-líderes em frequência sexual e tempo de duração do ato. Ótima notícia em tempos de moralismo fundamentalista. Oxalá que em 2018 consigamos a poliposicion, revelando ao mundo que, além de futebol e carnaval, temos ainda talento para o remelexo das ancas – o famoso barulhinho bom. Sinal que o nosso povo assimilou direitinho a lição do saudoso e eterno Bandeira: “As almas são incomunicáveis. / Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. / Porque os corpos se entendem, mas as almas não”.

Os dados, caro leitor, são reveladores e surpreendentes. O brasileiro mantém, em média, 145 relações por ano, perdendo apenas para os gregos, que ostentam o desempenho de 164. Com um pouquinho mais de vontade, galera, conseguiremos tirar de letra essa diferença mínima de 19 fornicadas, bastando apenas dar um tempo diante da televisão. Caso não seja possível, o negócio é mandar ver nos intervalos das novelas, nos poucos minutinhos de propaganda, a maioria enganosa. Contanto, que viremos o jogo. Quanto ao “bem-bom”, a transa do brasileiro dura em média 21 minutos, com os nigerianos levantando a marca invejável de 24. O que são para a nossa gente, afinal, três minutos de diferença? Nada, absolutamente nada.

Liebe und Leidenschaft

 

Outros dados são impressionantes, como o que aponta que 50% dos homens confessam que foram infiéis, pelo menos, uma vez na vida, caindo esse percentual pela metade em relação às mulheres. Nas relações homoafetivas, 10,4% dos homens e 4,1% das mulheres confessam ter vivenciado experiência com pessoas do mesmo sexo. A prática da masturbação – o popular “cinco dedos” – apresenta uma disparidade enorme: 30% das brasileiras confessam jamais ter recorrido a tal expediente, enquanto somente 3% dos homens dizem ignorá-la completamente. O uso de camisinha, infelizmente, está em baixa: 43% das mulheres e 35% dos homens nunca a utilizaram no ato sexual. Já no aspecto da satisfação, tomando como base o universo de cada mil pessoas, 10 mulheres e 6 homens afirmaram nunca terem sentido prazer. Que pena, não sabem o que estão perdendo. No que diz respeito ao horário, 2/3 dos brasileiros disseram não se importar tanto com o relógio, que sexo bom é “sem hora marcada”, valendo mesmo é a vontade na hora.

Em Teresina, o sexo virou iguaria das mais apreciadas, provavelmente superando os dados da pesquisa divulgada pela imprensa nacional. Em caso de dúvida, basta lembrar a quantidade de motéis e pousadas espalhados na cidade. Vários deles, para desespero das meninas, trazendo nomes pra lá de embaraçosos: “Sei lá”, “Vou pensar”, “Você é que sabe” e “Não sei”. Ainda por cima, cobrando uma merreca de 20 reais por duas horas de grande folia e animação. De troco, o casal leva uns versinhos atrevidos do referido poeta recifense: “Teu corpo claro e perfeito, / – Teu corpo de maravilha, / Quero possuí-lo no leito / Estreito da redondilha.” Por isso costumo dizer, caríssimo leitor, a vida é simplesmente foda.