“Em vez de você ficar pensando nele…”, o verso era conhecido, mas a voz rouca e o estilo blues era novidade. O clássico sertanejo na trilha de uma minissérie global imprimia a interpretação pessoal do cantor Johnny Hooker. “Fiquei muito feliz em regravar nessa versão, porque é uma música linda”, disse o cantor com delineador preto nos olhos e blusa com fios brilhosos nos minutos que antecederam uma interpreção dramática na TV.

Agora a mulher não chora sozinha suas decepções: ela vai para o bar “beber um dobrado” e desabafar com o garçom, de um modo que só Reginaldo Rossi fazia”

A roupagem é nova, mas a música é o sucesso que despontou Leandro e Leonardo para todo o Brasil em 1990. Solo de saxofone, ombreiras, calça social e a própria temática da canção marcam uma tentativa de adaptar o estilo sertanejo ao gosto do público urbano – a dupla queria se dissociar do mundo rural para ampliar o alcance. Falar de amor parecia uma boa pedida.

Quase três décadas separam as duas interpretações, provando que as ombreiras podem até sair de moda, mas relacionamentos amorosos marcados por muita “sofrência” continuam rendendo versos. A música sertaneja, assim adjetivada em referência ao homem do sertão, ao som da viola que vinha do interior, foi se adaptando e sofrendo influência de outros estilos em letra e melodia – mas a essência e a repetição de fórmulas para o sucesso permanecem as mesmas.

Nesta edição, Revestrés mergulha no estilo musical sertanejo – suas origens, diferenças, particularidades e os maiores expoentes de um gênero musical que domina as rádios, os bares, os festivais. O som caipira que sempre arrastou multidões nas festas de peões pelo interior do Brasil, lidera o faturamento do mercado fonográfico desde 2010. É certo que, ao longo dos anos, o estilo sofreu uma verdadeira metamorfose agregando muitas referências do pop e da música eletrônica – destacamos a transição entre rural e urbano, e a entrada do universo feminino, dominada por novas Robertas Mirandas empoderadas e muitas vezes fora dos padrões de comportamento e beleza.

No auge do sucesso, a dupla Maiara e Maraísa chega a fazer 28 shows por mês. Marília Mendonça virou um fenômeno aos 17 anos. Em Teresina, ouvimos a dupla que fez pegar a “quartaneja” nos botecos, o estilo romântico de Lucas e Rômulo, e o galã das adolescentes, Junior Berger. Além, é claro, do especialista autor do livro “De caipira a universitário”, que nos ajuda a entender a história do sucesso da música sertaneja.

De caipira a universitário

Ao primeiro toque da viola, ou no embalo da sanfona, conseguimos mentalmente imaginar uma dupla – o estilo sertanejo quase nunca é pensado para uma só voz, embora o segmento universitário tenha trazido novas formatações. “Um dos grandes diferenciais que vem desde as origens é o fato de se cantar em dupla, fazendo um casamento perfeito entre as vozes”, explica Edvan Antunes ao tentar traçar o diferencial de estilo da música sertaneja.

Publicitário e escritor, ele dedicou um ano a pesquisar, junto a duplas, produtores e compositores, a história desse gênero – fato que originou o livro-reportagem “De caipira a universitário  – a história do sucesso da música sertaneja”, publicado pela editora Matrix em 2013.

“Percebi que já existiam bons livros sobre MPB, samba, rock, mas faltava um livro que explicasse ao público como surgiu a música sertaneja e como esse gênero mudou com o tempo”, diz o escritor. Ele explica essas mudanças em três fases – da viola caipira do sudeste e centro-oeste até os anos 60, passando pelo rompimento desta com o sertanejo; a explosão urbana e o fluxo migratório do campo para cidade com a chegada dos meninos de Goiás nos anos 90; até culminar no sertanejo universitário que chegou nos anos 2000 para ficar.

Enquanto a Jovem Guarda arrancava suspiros na linha do pop internacional dos Beatles e outras bandas, o estilo sertanejo olhava para dentro do Brasil, cantando as coisas do sertão e uma rotina bucólica. O estilo rompe de vez com o caipira quando a música sertaneja começa a buscar público nas cidades grandes e espaços na mídia. “A vendagem de discos cantando a dor de cotovelo e os desencontros amorosos formou um grande público feminino, enquanto a música caipira permaneceu fiel as suas origens cantando as coisas da natureza e os valores do campo”, afirma Antunes.

Embora afirme que hoje não exista mais tanto preconceito com o estilo, o pesquisador relembra que, no passado, os meios de comunicação não abriam espaço para a música sertaneja – um país de raízes rurais excluia ou esnobava uma forte representação musical dessa vertente.

São duplas como Chitãozinho e Xororó e Leandro e Leonardo que, no fim dos anos 80, vão cravar espaço na mídia e abrir caminhos para uma legião de cantores que já faziam sucesso no centro-oeste, sudeste, e parte do sul do país. Quebrando as últimas barreiras da mídia, estes nomes estreiam uma nova fase: a geração que surgiu pós Victor e Leo, que por ser composta, em sua maioria, por duplas formadas dentro das universidades do inteior do país (como foi o caso de Fernando e Sorocaba e João Neto e Frederico, só para citar alguns), atualizou o nome do estilo para sertanejo universitário.

“Esses jovens do interior gostavam da música caipira e sertaneja, mas foram influencidos pelo rock e pelo pop”, ressalta Antunes. “Sua temática é voltada para o tema das baladas e reflete o comportamento do público jovem”, continua o pesquisador. “Isso atraiu todo esse público que ficou órfão do rock nacional que desacelerou”, aponta, atribuindo a isso e ao forte investimento de empresários o surgimento de tantas novas duplas. “Eles oferecem músicas dançantes com letras descartáveis cantadas por rapazes de roupas coladas, cabelos arrepiados que cantam e dançam bem”, define. “O resultado foi um grande estouro comercial”.

O sertanejo universitário não tem nada a ver com a música caipira, é apenas uma metamorfose ambulante que vai atrás da última novidade pop – Edvan Antunes, escritor

As afirmações de Antunes podem ser observadas em mega produções de shows de Luan Santana, Lucas Lucco e outros, que movimentam uma super estrutura e flertam com o pop romântico – clipes lançados no Youtube e visual que nada lembra o caipira de uma outra geração. O pesquisador se posiciona criticamente diante das inovações e não vê com otimismo. “As duplas de sucesso funcionam como empresas e precisam de lucro”, afirma. “O sertanejo universitário não tem nada a ver com a música caipira, é apenas uma metamorfose ambulante que vai atrás da última novidade pop para incorporar”, diz Edvan. “O público e a mídia já sentem os sinais de cansaço e repetição”.

Sabadão sertanejo

Waldo é a abreviação de Francisvaldo Ramos, 27 anos, irmão de Felipe, 25. Os dois vieram de um povoado no interior de Palmeirais, a 117 quilômetros de Teresina com o objetivo de uma carreira artística.

Filhos de agricultores, a história deles lembra em muitos pontos a dos irmãos Camargo: começaram a cantar ainda crianças, em festas no interior, influenciados pelo pai. Com o sonho de cantar, mudam-se para a casa de uma família adotiva em Palmeirais – o filho mais velho do pai de criação era produtor da Banda Auê e produzia shows na capital. É através dele que conseguem, pela primeira vez, pisar em um palco grande, fazendo uma participação com essa banda abrindo um show da dupla Bruno e Marrone em 2001.

Intalam-se definitivamente em Teresina em 2005 – os primeiros contratos eram para shows particulares e o cachê não passava de 100 reais, como lembra Waldo. “Nessa época a noite teresinense era dominada por MPB e muita gente dizia que devíamos mudar para esse estilo”, conta Waldo, óculos escuro espelhado e calça apertada a la Zezé de Camargo.

“O auge do Victor e Leo deu um empurrão em muitas duplas, abrindo porta para muita gente”, diz o cantor que faz a primeira voz. Foi mais ou menos nessa época que o dono de uma churrascaria cedeu as noites de quarta, sempre de pouco movimento e baixa clientela para que a dupla tocasse seu repertório. “Em um mês o restaurante estava lotando, as pessoas ligando para reservar mesa”, diz Felipe. Foi o começo da “quartaneja”, uma tradição que embala uma mistura de churrasco, cerveja e sertanejo até os dias de hoje.

Waldo e Felipe – “amor sertanejo”, tem clipes disponíveis no Youtube, esbanjam a aquisição de um ônibus para viagens e apresentações e estão lançando em breve um DVD gravado em Teresina, produzido por Jeimes Teixeira, “a mesma captação de áudio de Wesley Safadão”, indica Waldo. Aliás, o cantor cearense, embora aproxime-se mais do forró, também está no repertório da dupla e é grande influência – a música “Safado carinhoso”, de autoria deles, segue a mesma linha e eles costumam dividir o estilo entre Wesley Safadão (“batidão”) e Marília Mendonça (“arrocha”).

A dupla tem feito uma média de quatro shows por semana em Teresina, mas destaca que os maiores cachês estão para shows nas cidades do interior. “Bandas não ganham dinheiro na capital, tocam só para manter o nome”, afirma Waldo. Vaidosos, levam roupas para trocar na sessão de fotos (muitas marcas os patrocinam hoje) e, antes dos clicks, Felipe manda pedir ao assessor – o irmão mais novo da dupla – o secador para arrumar o cabelo.

“’Tá na cara’ ficou em segundo lugar entre as músicas mais tocadas na FM Meio Norte, perdendo só para ‘Infiel’ da Marília”, empolga-se Waldo. A dupla acredita que hoje é o trabalho que emplaca uma música, numa lógica que se inverteu – há um investimento alto para que determinados cantores cheguem a ter o sucesso que tanto almejam. Para eles, por exemplo, a “parceria” com a Kalor Produções, uma produtora local com um cast de artistas no nordeste trouxe uma guinada para execução no rádio, aparição em TV e contratos para shows.

A esse tipo de “parceria” a dupla Lucas e Rômulo não quis se render. A dupla hoje define seu estilo como “romântico”, mesmo não dispensando do repertório hits de Victor e Leo – a dupla, aliás, assemelha-se bastante aos irmão mineiros, seja pelo porte físico ou pelo jeito de cantar.

Das 50 músicas mais tocadas no Brasil no mês de agosto, mais de 80% eram de artistas sertanejos

A amizade de Lucas Reis e Rômulo Augusto começou na universidade, em 2007, quando ambos frequentavam o curso de Música da UFPI. Lucas já fazia parte do Octeto, um grupo vocal da cidade, e acabou convidando Rômulo para participar. A dupla começou quando precisaram montar um formato compacto do Octeto para apresentação em festas, no começo de 2011.

A formação mais erudita diferencia os músicos, que gostam de compor letras e harmonias para participar de festivais e mostras como o Chapadão em Teresina e outros eventos pelo Brasil. Lucas destaca a relevância do estilo musical sertanejo ressaltando composições de violeiros como Almir Sater e Renato Teixeira, mas prefere não enquadrar a dupla. “Nossa resistência talvez tenha a ver com a nossa formação e com o que consumimos”, frisa Rômulo, que é também clarinetista e crooner na banda da Polícia Militar.

“Já tivemos muitas propostas de parcerias com empresários, mas não conseguimos nos enquadrar nas exigências”, diz Lucas que, numa decisão em comum com o parceiro Rômulo, resolveu trocar a promessa de agenda cheia, bons cachês e uma organização de carreira por eventos particulares como casamentos e aniversários. “Casamento hoje rende mais do que três noites de barzinho”, ri.

Com repertório que dá uma nova cara ao “forró das antigas” (Mastruz com Leite, Brucelose, Cavalo de Pau e Magníficos, por exemplo), passando por hits internacionais (Cold Play e BB King), mescla com o reggae e o pagode até chegar no sertanejo (Victor e Leo e Jorge e Matheus), os amigos parecem se divertir com a atividade. “Transformamos tudo pro estilo suave, sem gritaria”, define Lucas. “Nada de fórmulas prontas nem repetição de harmonias”.

Da onda do pop romântico, passando pelo sertanejo universitário e agora chegando ao forró também surgiu Junior Berger. Aos 24 anos, ele estudou publicidade, mas diz que sempre quis ser artista. “Comecei a cantar há uns seis anos, tinha uma bandinha de pop, mas profissionalmente, na noite, canto há três anos”, comenta em entrevista.

Para lançar carreira Junior apostou na produção de um videoclipe. A música “Sei que cê volta”, de Kayke Ventura, compositor baiano, ganhou uma versão em vídeo com locações em Goiania e assistido por mais de 45 mil pessoas no Youtube. “Quando eu percebi que tinha chegado a hora de lançar uma música de trabalho, eu não queria fazer igual”, diz o cantor. “Então procurei uma boa equipe de filmes, que foi a Ronaldo Carvalho Filmes, e criei junto com ele todo o roteiro do clipe”.

Juniro Berger surge paralelarmente ao estouro do sertanejo universitário, fato que o influencia artisticamente – mas não é o único estilo. Na sua página no facebook, seguida por mais de 12 mil pessoas, ele aparece usando colares e boné aba reta, ao lado de sanfoneiros, bandas de axé e também forró. Ele disponibiliza com frequência vídeos em que faz covers de músicas do pop internacional – difícil limitá-lo a um só estilo. “O sertanejo foi um caminho natural já que era o que estava bombando no momento e até hoje”, declara. “Sou fã assumidíssimo do Luan Santana, também curto Lucas Lucco, Matheus e Kauan, Marília Mendonça e por aí vai”.

Ouvindo um modão

Elas estão acima do peso, confessam que já foram traídas e gostam de afogar as mágoas escoradas na mesa de um bar “ouvindo um modão”. Expoentes da vertente feminina no sertanejo, a dupla Maiara e Maraísa e a cantora Marília Mendonça têm colhido os loiros de uma recente carreira já marcada por sucessos.

Gêmeas, Maiara e Maraisa nasceram no Mato Grosso há 28 anos, mas cresceram em Tocantins onde começaram a se envolver com música, cantando e aprendendo a tocar violão. “A gente ouvia Irmãs Galvão, Chitãozinho e Xororó e tantos outros nomes que fizeram a gente se apaixonar”, diz Maiara. “Subimos ao palco pela primeira vez com cinco anos de idade, mas foi em 2013 que começamos profissionalmente”.

Após a gravação do DVD ao vivo, gravado em Goiânia em 2015, a dupla estourou sobretudo com as músicas “10%”, campeã de memes de “sofrência” no Twitter (“Garçom troca o DVD que essa moda me faz sofrer e o coração não guenta…”) e “Medo bobo”, cantada apenas por Maraisa – “É o momento que a segunda voz tenta ser a primeira”, diria Maiara depois, no programa Caldeirão do Huck.

No auge da carreira, a dupla hoje apenas troca de mala em Goiânia – elas fazem uma média de 28 apresentações por mês. Volta e meia se esbarram em ponte aérea e bastidores com a amiga Marília Mendonça. Elas se conheceram ainda adolescentes e antes de Marília explodir nos palcos.

Cantando, ninguém associa Marília a idade que tem: ela acabou de fazer 21 e relata em forma de melodia experiências de infidelidade e muitas desilusões amorosas – nada novo no mundo do sertanejo, a diferença é que agora a mulher não chora sozinha suas decepções: ela vai para o bar “beber um dobrado” e desabafar com o garçom, de um modo que só Reginaldo Rossi fazia. “É bom ver a mulher podendo ser ela, eu luto bastante por isso”, afirma Marília em entrevista por email.

Eu sempre falei que seria eu mesma, gosto de beber minha cerveja e não queria mudar. O problema é que o povo fala mais do que é – Marília Mendonça, cantora

“O que falta em você sou eu” e “Infiel” são seus grandes sucessos – mas Marília é uma fábrica de hits e compõe desde os 16 anos. “Eu componho histórias reais e crio”, afirma. “Muitas histórias eu ouço, aconteceu com pessoas conhecidas, mas quando sento pra escrever coloco a imaginação pra fluir”.

Antes de subir aos palcos, Marília já assinava muitos sucessos gravados por duplas como Henrique e Juliano e João Neto e Frederico. “Faltava eu estar por dentro do que acontece no mercado, entender como funciona mesmo”, explica. “Não sei se é maturidade a palavra, mas me preparar foi fundamental para tudo acontecer como tem acontecido”.

Em poucos meses suas músicas já eram as mais tocadas nas rádios, somando 300 milhões de execuções por mês e 150 milhões de visualizações na internet. A mais recente, “Eu sei de cor”, teve 22 milhões de visualizações no Youtube em duas semanas. No Instagram, seguida por dois milhões de pessoas, Marília Mendonça mescla posts sobre os shows ao redor do Brasil com look do dia e muitas farras – naturais a uma jovem autêntica que ela não permite deixar de ser. “Eu sempre falei que seria eu mesma, gosto de beber minha cerveja e não queria mudar”, exclama no email. “O problema é que o povo fala mais do que é, isso é algo que se enfrenta quando você se torna uma pessoa pública”.

Fora dos padrões de beleza impostos, Marília já pautou a imprensa sobre o estilo de se vestir – ela passeia entre o rockstar casual e também looks mais formais – fofocas sobre namoros e o empoderamento sertanejo feminino. A mistura está também nas influências musicais – embora busque inspiração em Maria Gadu, Ana Carolina, Zezé de Camargo, Leonardo e Daniel, atualmente diz estar escutado bastante “Tribo da Periferia”, um grupo de rap do Distrito Federal.

Para Edvan Antunes, o sucesso que Paula Fernandes fez chamou a atenção de empresários para um novo nicho de mercado. “Todos saíram em busca de duplas femininas para lançar no caminho já aberto por outras vozes. Mas o objetivo é um só: faturar muito”, avalia o escritor. Não se pode negar o feito de mulhereres que burlaram um segmento dominado por homens e conquistaram um público essencialmente feminino. “A temática dessas duplas flerta com questões de gênero e de direitos, mas isso não tem nada de político”, critica Antunes. “É apenas uma forma de chamar o público para os shows e gerar polêmica na mídia”.

Só sucesso

Das 50 músicas mais tocadas no Brasil no mês de agosto, mais de 80% eram de artistas sertanejos. Os dados são do site top10mais.org, que contabiliza a execução nas maiores rádios do país.

Na lista das 50 mais, 41 eram exclusivamente do gênero “neosertanejo” – denominação do sertanejo que flerta com outros ritmos e estilos cujos principais expoentes são Gusttavo Lima, Luan Santana e Michel Teló. A maioria das músicas, no entanto, está classificada entre sertanejo romântico e universitário.

Se você acha exagerado a preponderância desse estilo, vale lembrar que no início do ano em alguns meses ele chegou a prevalecer numa escala de 47 para 50.

A música mais tocada em agosto foi “Medo Bobo”, de Maiara e Maraísa.

(Reportagem publicada na Revestrés#27 – Outubro/Novembro 2016)