Cinquenta e um pares arrastam os pés e balançam as saias em um coro unânime que grita “tchê, tchê! / tchê, tchê, tchê!”. Sorriso estampado nos rostos dos 102 dançarinos, a energia toma conta da quadra poliesportiva no bairro Mocambinho, zona Norte de Teresina. Enquanto os casais executam diferentes formações, batem palmas e cantam “tá a fim de dançar? / agora / vem com a Luar / uh, uh, uh”, o marcador anima o grupo ao microfone “Veeem Luar do São João!”, grita puxando o “e”.
Assim como a Junina Luar do São João, outras dezenas de quadrilhas em todo o Nordeste estão vivenciando uma das maiores festas populares do país. Ensaios, confecção de figurinos, bandas e uma complexa estrutura de produção estão inseridos dentro dos grandes festivais juninos, que combinam shows, uma teia de serviços alimentícios e apresentações competitivas. As quadrilhas estenderam o campo até a cidade e esticaram o prazo: as festas que aconteciam somente no mês de junho têm se prolongado até o mês de agosto, constatando que, pra aproveitar o São João, um só mês não dá.
São mais de 100 quadrilhas filiadas em todo o estado, de acordo com dados da Federação das Quadrilhas do Piauí. Algumas delas com menos integrantes e atuantes na região de seu surgimento; mas, a maioria tem escavado recursos em busca de estrutura e patrocínio para viajar o Nordeste participando de disputas interestaduais.
Interior e capital. Nordeste e Brasil. As quadrilhas se tornaram o ápice das festas juninas. Com figurinos que saem por R$ 2 mil reais e um custo anual de até R$ 250 mil reais, a manifestação deixou de habitar somente as festas interioranas para subir aos palcos de grandes festivais com premiações que passam de R$ 10 mil reais. E não é só usar chapéu de palha e vestido de chita. Arrastando milhares de pessoas, as quadrilhas têm mostrado que pra ser matuto tem que ter muita animação.
(Reportagem completa na Revestrés#31 – Junho/Julho 2017)