(ou o 6)


Com certa frequência o barulho do mundo incomoda Rita Hayworth. Nessas horas ela sempre decide ir a parrí para abafar todos os sons do multiverso abraçada a Emmanuel. E lá vai Rita Hayworth, agora pelo mar porque ali, no fundo, só a voz de um ou outro peixe tagarela, weird fishes, weird fishes, e, vez em quando, um leve ressonar de Netuno, que dorme a sono solto. Bien dit, que fique claro aos sóbrios e aos excelsos: o mar de Rita Hayworth se estende por toda parte, ao sabor de suas conveniências. Curta, a viagem. Rita Hayworth já está no campanário, um pássaro em uma das mãos e três gárgulas como companhia. Rita Hayworth abraça Emmanuel e, com a ponta dos pés, faz leve impulso. Emmanuel não é mais um garoto, anda um pouco mais lento para soltar a voz. Mas logo o canto de Emmanuel e Rita Hayworth se espalha pelo ar e umedece os olhos da multidão que, até então, perambulava pela praça guardando souvenirs em suas caixinhas de enxergar mas não ouvia o tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tic-tac-tac do próprio coração. Rita Hayworth e Emmanuel, um par insólito. “Notre Dame, santa Maria venerada até por mim que não acredito em Céu, abençoa o  coração de Emmanuel e que ele viva outros trezentos e trinta e quatro anos para que eu possa ser feliz um dia ou outros”. Rita Hayworth, quase bêbada, toma mais um gole e calça suas meias. Há um furo no dedão. Dane-se.