A Volta do Zorro trata de um tema que eu gosto, que é a reviravolta na vida do cara. Para fazer essa música eu lembrei de uma decepção amorosa que tinha vivido. Então juntei com uma certa inveja branca que eu tinha do Tião Carvalho, compositor da música “Nós”, gravada por Cássia Eller (Eu sei que você disse por aí / Que não tava muito bom/ Teu novo amor/ Você tava mais querendo/ Era me ver passar por aí), que fala exatamente de um pé na bunda. Então eu reuni as duas coisas: pitacos de uma história real com alguma ficção e a vontade de fazer uma música inspirada em “Nós”. E eu compus assim: “pei-bufo”, sentado na calçada de casa. Passaram umas meninas voltando do colégio e uma ex-professora de química, Bernadete, que chamava a gente de belezinha. Ela disse: “Tá escrevendo poesia para as meninas, né, belezinha?”. E assim nasceu A Volta do Zorro.
Para ouvir a música:
A volta do Zorro
Eu ouvi dizer que seu olho encheu
Quando na roda um outro alguem cantou
Aquele beatle que era meu e seu!
Por que você não me ouviu?
E que ao passar o dia em tal lugar
E que ao lembrar que ali me ouviu cantar
Sentou e recordou o que viveu
Não tava ao lado meu
Me disseram que um dia você falou
Que foste numa praia passear
Mas que ao chegar lá você só chorou
E parei pra pensar
Mas você não me ouvia
Eu falava, cantava, berrava, gritava, dizia
Querida minha vida e meus passos precisam diariamente
Dos carinhos teus
Não! Eu não preciso mais do teu olhar
Eu não preciso mais dos labios teus
Eu não preciso mais do teu pegar
Já sei caminhar!
Já desamarrei esse meu coração
E decorei a formula do não
E dos teus braços sei me desatar
Já posso até amar
Sei que ao falar pra ti o que falei
Que apagaria tudo o que sonhei
Naquele dia sei te fiz pensar
Que é tarde pra voltar
Pois lhe dizia tudo o que eu queria
Falava, cantava, brigava, dizia
Querida tu segue tua vida
Porque os meus braços agora não querem os teus.
Teófilo Lima é cantor e compositor, autor dos discos “Matulão”, “Com fusão” e o mais recente “Teófilo” (2018), comemorando 30 anos de carreira.
Publicado na Revestrés#36- maio-junho de 2018.