A música Poemas e Carícias foi minha primeira parceria com o Cruz Neto. Ele escreveu o poema no começo dos anos oitenta. Eu acho que musiquei em meados de 1984, logo que retornei do Rio de Janeiro.

A música retrata o ambiente universitário em meio às lutas estudantis pelo fim da Ditadura Militar, numa época em que as conversas dos jovens giravam em torno de temas como a conjuntura nacional e internacional, a opressão capitalista e, sobretudo, um desejo intenso de liberdade.

Edvaldo Nascimento | Foto Maurício Pokemon

Em meio a uma greve geral, surge o amor de dois universitários, que só querem amor e carícias e fogem para um motel. A música faz um trocadilho com a entidade estudantil, União Nacional dos Estudantes – UNE, e o amor da jovem militante, que resultou em “meu amor, a UNE nos uniu”. 

Foi no contexto de criação dessa música que conheci minha namorada, que era do movimento estudantil e militante de esquerda. Ela se tornou minha esposa, Edna Magalhães, e por incrível que pareça vivemos a mesma história narrada pelo poema do Cruz Neto.

A música teve grande repercussão nacional, virou um ícone do movimento estudantil e passou a ser tocada em todos os Congressos da UNE e eventos da esquerda brasileira. Ela foi gravada no LP Pedra Base. Até hoje toca nas rádios e é uma das músicas mais pedidas nos meus shows. 

 

Letra:     

A sua presença me deixa assim legal 

Desde os tempos da universidade 

 

 

Onde a rapaziada discutia 

A conjuntura nacional 

  

Eu e você trocando mil beijinhos 

No meio da greve geral 

Meu amor a une nos uniu 

  

E fomos pro motel 

E fomos pro motel 

  

E eu te fiz poemas e carícias 

E eu te fiz poemas e carícias  

E você cheia de malícia 

Cobriu meu corpo de mel 

Para ouvir a música, acesse:

Publicado na Revestrés#43 – setembro-outubro 2019.

 Assine ou compre edição avulsa e receba em qualquer lugar do Brasil:
www.revistarevestres.com.br ou (86) 3011-2420
💰 Ajude Revestrés a continuar produzindo jornalismo independente: catarse.me/apoierevestres