- Uma música.
Há tantas músicas belas no Brasil e no mundo. Eu escolho, então, aquela que me aproxima do público. Aquela que todos cantam comigo. Porque esse momento em que o público canta junto é de uma alegria indescritível. “Coca-Colas e Iguarias”, do compositor cearense Valdo Aderaldo, gravada em meu primeiro álbum.
- Um parceiro musical.
O guitarrista, compositor e produtor musical Cristiano Pinho. Cristiano é da linhagem dos melhores guitarristas do mundo. Parceiro da vida inteira, produziu meus dois álbuns, “K” e “Próximo”, e eu produzi seu segundo álbum, intitulado Cortejo. Compomos, produzimos, fazemos shows e arranjos juntos. Temos uma parceria muito prazerosa e uma forte identificação musical.
- Um show.
2016, show “Primórdios”, da Marina Lima, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Um show lindo, impactante, bem dirigido, cheio de imagens reais e de cinema. O final do show é surpreendente e inesquecível: o fundo do palco se abre para o Parque Ibirapuera, enquanto Marina canta a última música… a banda continua tocando, ela veste um casaco, pega uma sombrinha japonesa, e vai embora, andando, até sumir no parque. Uma cena emocionante..
- Uma parceria que gostaria de fazer.
Adoraria fazer algo com o cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler. Tenho profunda admiração pelas canções dele. Recentemente, vi seu show em Fortaleza e pude conhecê-lo pessoalmente. Fiquei ainda mais encantada com seu trabalho, com sua entrega e com sua simplicidade..
- Um filme.
La Noche de 12 ãnos (Uma Noite de 12 Anos / 2018), do diretor uruguaio Alvaro Brechner. O filme conta a história real da prisão e tortura sofridas por três amigos militantes, que lutaram contra a ditadura militar no Uruguai, entre eles o ex-presidente José Mujica, conhecido popularmente como Pepe, de quem sou absolutamente fã. Um filme que merece ser visto, especialmente neste momento que vivemos no Brasil. Nunca um filme me emocionou e me fez chorar tanto e tão profundamente como este.
- Um livro.
Poesia Completa, de Manoel de Barros. Eu adoro poesia, e Manoel é um dos meus poetas preferidos. O poeta menino, que buscou o “criançamento das palavras”. Manoel criou uma linguagem própria e tocante, que enleva o leitor. Quem dera o criançamento do mundo!
- Um local.
Beira do mar, em uma praia deserta. Acho que é o melhor lugar do mundo para se estar, à tardinha.
- O que esperar de 2019.
Politicamente, tomara eu esteja errada, uma tragédia. Infelizmente, estamos vivendo – e permitindo – um retrocesso lamentável, em todas as áreas. Direitos trabalhistas e humanos, educação, ciência, cultura, soberania nacional, reservas naturais, povos originários, tudo está sendo afetado por uma política desonesta, ignorante e desastrosa para o país. “À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”
- O que ficou de Teresina.
Lembranças de um tempo bom e generoso. Um disco, pois foi em Teresina que trabalhei e juntei dinheiro para financiar meu primeiro álbum. E, sobretudo, amigos muito queridos.
- A música pra você é.
Soberana. Uma força da natureza, que me atravessa.
Kátia Freitas é cantora. Ela se destaca pelo trabalho autoral e vigor interpretativo. Lançou os álbuns K (1995) e Próximo (2002), produzidos por ela e pelo guitarrista Criatiano Pinho. Residiu 14 anos em São Paulo e, em Teresina, fez parte da Banda Ônix. De volta ao Ceará estreou o show Cantar Sozinho, com músicas autorais e inéditas.
Publicado na Revestrés#40 – março-abril de 2019.
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