1. Uma música que todos precisam ouvir

Yá Yá Massemba, de Maria Bethânia. Gosto muito dessa música e indico para as pessoas escutarem.  

  1. Um cantor@

Azagaia, um rapper de Moçambique.  

Foto: Maurício Pokemon

  1. Um livro

O Negro: de Bom Escravo a Mau Cidadão? de Clóvis Moura, lá de Amarante. É um livro massa, eu gostei! 

  1. Um filme 

Um Grito de Liberdade, que fala da história do Steve Biko. 

  1. Um lugar

Meu quarto, que é onde eu faço minhas reflexões para poder sair, fazer os trampos, ver como eu vou resolver as coisas. 

  1. Ser rapper é…

Pra mim é difícil responder essa, porque eu vejo o rap como uma música de luta por direito a alguma coisa, tem que ter protesto. No Brasil o rap ainda não dá pra ser oba-oba. Além disso, a gente do Afronto, fala muito em boa musicalidade. Ser rapper é muito mais do que dizer por aí que é MC e tal. Ficar só arte pela arte é foda, tem que ter contestação. Quem nasce onde as pessoas têm barriga vazia não pode ficar só na alegria, né? Tem que contestar pra alegria vir. 

  1. A internet lhe ajuda a…

Trabalhar mais, a divulgar e movimentar as correrias de trabalho com a Mucambo Nuspano. 

  1. O que eliminaria do mundo                                                                                                                                                                                                                                                                        Essa pergunta parece uma parada de toque de mágica, né? (risos). Mas queria eliminar a ganância, vaidade e a desinformação. Seria massa todo mundo vivendo bem, com respeito. 
  2. O que Teresina precisa

Teresina precisa sair desse modelo de província, né? A gente tenta sair, mas tem uma galera muito conservadora, uma cidade que empata muito as coisas. Sinto muito uma parada: quando eu chego, minha presença, às vezes, incomoda. Nesse trampo de Uber, quando eu vou numa chamada e a pessoa me vê chegando, percebo um impacto. A cidade é muito fechada. Mas tá se abrindo mais, eu acho, não sei se mais pro lado branco, né?  

  1. Um motivo pra resistir 

Saber que não tem problema nenhum em ser uma pessoa preta. É o maior motivo pra eu resistir. O problema tá em quem acha que todo mundo tem que ser igual ou tem que ser branco, cabelo liso. Não tem problema ter nascido preto, assumir essa identidade, passar isso para meus filhos.

Gilsão nasceu no Amazonas, chegou em Teresina em 1987 e conheceu a cultura marginal na zona sul da cidade. Em 2007 criou com WG (Washington Gabriel) a grife Mucambo e, em 2010, com WG e Preta Laura, criou o Afronto, grupo de rap que já gravou três CDs: História Preta, Lei da Faca e Sessão Afronto.

Publicado na Revestrés#38 – novembro-dezembro de 2018.

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