Música é um conceito amplo, que envolve combinação de sons e silêncios, escalas e tons. Combinada às palavras de compositores e letristas, a arranjos trabalhados e às vozes de intérpretes, tornam-se obras que podem emocionar e criar laços, memórias e afetos. A música é capaz de expressar as relações com lugares, costumes e culturas. 

É possível considerar Teresina uma cidade ainda jovem, apenas 167 anos. Mas são muitos os olhares sobre o que ela significa. Para alguns artistas, o registro feito através das músicas materializa sentimentos. “Desde que me mudei para Teresina senti algo diferente. Os artistas, os coletivos, os eventos, sempre me chamaram atenção; a pluralidade e diversidade das produções foi algo que me fez querer me movimentar mais como artista”, diz a cantora Monise Borges. 

Monise trabalha com música há 20 anos. É natural de Picos, sul do Piauí, e canta desde os 10 anos. Licenciada em música pela Universidade Federal do Piauí (Ufpi), divide os dias entre os palcos e aulas de música para crianças e adultos. As histórias sobre vaqueiros que ouvia na infância e as lembranças das aulas de História na Academia se uniram. A composição de Mesopotâmia do sertão faz referência ao apelido dado à cidade, banhada por dois rios, Poti e Parnaíba. “Essa canção surgiu de tanto observar a cidade que eu percorria de ônibus e a pé”, conta Monise sobre a música, lançada em 2013 no disco Amor em Prelúdio. 

Uma cidade mexe com os sentidos e provoca a imaginação. Após um dia comum de trabalho, quase sonhando acordado, Ostiga Júnior diz ter “ouvido” a notícia que, se fosse real, poderia ter mudado completamente os rumos da história: “Boa noite! Teresina é a nova capital do mundo!”. “Cheguei em casa, tomei um banho e fui jantar. Aí liguei a televisão e pensei ter ouvido essa frase do Cid Moreira. Isso me fez dar boas risadas e começar a rabiscar. A sequência saiu ali, entre um pão com ovo e uma limonada”. O relato traz o surgimento da música Teresina capital do mundo, composta por Ostiga em parceria com André de Sousa. Os dois estavam trabalhando em uma ideia para o Festival de Música Chapada do Corisco (Chapadão), em 1995. “Na mesma noite terminamos de parir a moça. Gravamos a demo numa fita cassete e no outro dia fizemos a inscrição. O resultado foi o primeiro lugar do Chapadão, além dos prêmios de melhor letra e melhor intérprete”. 

No caso de Anatália Gomes, um sonho realmente parece ter ocorrido. Era agosto, mês do aniversário da capital piauiense. Anatalia é autodidata e cantora em uma igreja evangélica desde os três anos de idade, e conta que fez rapidamente a transcrição das ideias para o papel logo que despertou do sono inspirador. “Escrevi rapidinho. Fiz uma música sobre meu lugar, que amo demais”, relembra entusiasmada sobre Vem ver Teresina. A música não tem gravação oficial, mas está disponível no Youtube. No vídeo, ela se mostra tímida e alerta que o violão está “um pouco desafinado”. Mas isso não impede o visível orgulho quando ela começa a cantar. 

A vontade de expressar o amor pela terra já era forte no cantor e compositor Junior Teixeira. Ele conta que tentava escrever sobre o Piauí, mas as ideias tomaram forma quando concentrou os esforços para tratar da capital. “Falei mesmo das pessoas, do calor, da cajuína, o fato de ser uma cidade mesopotâmica. Falo sempre que não trocaria Teresina, até lembrando o que diz a música ‘minha Teresina não troco jamais’. Sou daqui e me sinto acolhido pelo nosso jeito de ser, de falar, coisas que só nós temos”. Junior é músico desde 2011 e toca com um trio de forró pé de serra. 

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