Uma das melhores maneiras de conseguir falar com Pires de Sabóia era ir à redação do veículo em que estivesse trabalhando. Certamente seriam divididos um café e as notícias mais quentes dos bastidores da política.
Jornalista, que começou com rádioescuta ainda no Ceará, onde nasceu, sonhou em ser vaqueiro, estudou para ser advogado e ainda foi escrivão de polícia. Francisco Pires de Sabóia chegou a Teresina em 1976, e se consagrou como comentarista político no Piauí. Com memória agudíssima, raciocínio rápido e frases diretas e contundentes, ganhou o respeito e admiração de colegas, autoridades e todos os que, de alguma maneira, conviveram com ele. Passou por praticamente todos os jornais, rádios e emissoras de TV do estado, além de trabalhar em assessorias de imprensa. Figura quase folclórica, teve anunciada sua morte muitas vezes, o que fazia os amigos brincarem: “O Pirex? De novo? Que nada, amanhã cedinho el está aqui”.
Até que, um dia, Pires de Sabóia, o inoxidável, não chegou. Não se ouviu mais sua voz no rádio, nem se viu sua análise política na TV, nem era possível compartilhar de suas tiradas divertidas e arrasadoras nos corredores. Corria agosto de 2013. Pires de Sabóia já não era mais um colega. Havia se tornado um ícone.
(Publicado na Revestrés#25 – Junho/Julho de 2016)