De Jerumenha, região ao Sul do Piauí, Amélia Carolina de Freitas Beviláqua foi a primeira mulher a se candidatar a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1930, embora tenha sido rejeitada por não corresponder ao regimento, que indicava a candidatura de escritores homens, sendo relatado na tese de doutorado da professora Algemira Macêdo (Uespi), que sete acadêmicos foram favoráveis à aprovação de seu nome e 14 votaram contra. 

Arte sobre foto de Amélia Beviláqua: Área de Criação/ Alcides Júnior

A filha do jurista e político Desembargador José Manuel de Freitas e de Dona Teresa Carolina da Silva Freitas, foi casada com Clóvis Beviláqua, jurista, filósofo e historiador cearense, e teve quatro filhas. Nasceu em 07 de agosto de 1860, residiu os primeiros anos de vida no Piauí, depois morou em São Luís (MA), Recife (PE) e, por último, no Rio de Janeiro (RJ), onde faleceu em 17 de novembro de 1946, aos 86 anos.  

O início da vida literária de Amélia aconteceu ainda nos primeiros anos de escola, em São Luís, no jornal do colégio, com a publicação de contos e poesias. Foi uma das criadores e redatora-chefe da revista O Lyrio, de Recife, em 1902, escrita somente por mulheres e que contava com crônicas, contos e comentários literários.  

Ela escreveu para a Revista do Brasil, de São Paulo, e em grandes jornais de circulação de Recife.  Contista, poeta, crítica literária, ensaísta,  teve diversos textos publicados em jornais do país. Entre os romances estão Através da vida (1906), Angústia (1913) e Contra sorte (1933). Os contos foram Milagre de Natal (1928), Literatura e Direito (1907), Impressões (1929), Divagações sobre a consciência (1931), Alma universal ( 1935).  

Outras publicações que marcaram a sua carreira literária foram a revista Ciência e Letras, Literatura e Direito, Almanaque Brasileiro Garnier, Enciclopédia e Dicionário Internacional. Amélia enveredou pelo caminho das letras por influência do marido e do irmão, João Alfredo de Freitas. De Clóvis Beviláqua tinha respeito e admiração, tanto que partiu dele a proposição para que ela concorresse à cadeira na ABL. Desde os 8 anos de idade, quando leu o primeiro livro, Paulo e Virgínia, de Bernardin de Saint Pierre, foi fisgada pelo universo literário. 

Embora não tenha obtido o reconhecimento nacional, no Piauí a escritora ocupou a cadeira 23º da APL (Academia Piauiense de Letras), e foi patrona da cadeira 48 da Ala Feminina da Casa Juvenal Galeno-Ceará e da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil-AJEB.   

Amélia Beviláqua e sua história na luta pelos direitos das mulheres foi destacada em textos de escritores como Lucídio Freitas, Mathias Olimpyo, João Pinheiro, Herculano Moraes e Monsenhor Chaves. Na sua busca por ocupar espaços majoritariamente frequentados por homens, a escritora foi importante para abrir caminhos a outras literatas. 

Amélia Beviláqua é o nome da Revestrés#48, maio de 2021.

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