back2Ele chegou em Teresina como piloto de avião. Era final dos anos 1970 e o cearense – que de tão piauiense mais tarde recebeu título – escolheu o Piauí para viver. Acabou mesmo alçando outros voos, mas aqui mesmo, no chão.

Na década de 80, Marcus Peixoto foi nome fundamental na publicidade local – apostou numa renovação, alcançou destaque, investiu em eventos. Acreditava no potencial econômico da cultura e, de tanto persistir, emplacou o nome de Teresina na agenda dos grandes eventos nacionais, como carnaval fora de época e festival de pop rock. Peixoto foi um agitador cultural gigante, antes mesmo disso ser uma profissão.

 

É difícil ter passado pelos anos 2000 por aqui sem ter ouvido falar no Piauí Pop – três dias de festas, mais de 20 bandas, a cidade do rock erguida na terra do sol. Marcou uma nova geração de adolescentes, como já havia, aliás, feito antes. Os anos 2000 estão para o pop como os 90 ficaram para a Micarina – a cidade entrou para o calendário das maiores micaretas graças a invenção de Peixoto. Ia do axé ao rock sem perder o tom, num feito inédito.

Certa vez, reza a lenda, alguém chegou para ele no meio de um show – mais um entre suas tantas produções – e perguntou indiscretamente, já que, por algum motivo, o público era pequeno: “E aí, Peixoto, será que vai dar lucro?”. Ele, que não só trabalhava como se divertia no meio da multidão, soltou: “Não tenho ideia”, pulava feito um menino. “Mas a festa tá linda, não tá?”

Peixoto saiu de cena no dia 7 de abril de 2012, aos 59 anos. Deixou a festa à francesa, sem esperar o fim. Nem ficou para amanhecer no palco mais uma vez com o Biquini Cavadão.

(Publicado na Revestrés#27 – Outubro/Novembro de 2016)