Maria Assunção do Senhor ou, como ficou conhecida, Maria Pangula, nasceu em Simplício Mendes, sul do Piauí, em 1918. Com mais 10 irmãos, Maria Pangula ajudava os pais na plantação e na colheita. Aos 13 anos começou a trabalhar em residências e, em 1941, já morando em Teresina, foi convidada para uma festa, “um frevo”, como contava.
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Começavam aí as grandes paixões de Maria Pangula: na festa, impressionada pela cantoria dos violeiros, se encantou pela viola e pelo repente. Bem, também lhe chamou atenção um violeiro, de nome Oscar, com quem se relacionou por cerca de cinco anos. Além de Oscar, Maria Pangula teve outros relacionamentos e casou-se novamente em 1959 com José Alves de Barros, um tropeiro, com quem viveu até a morte dele.
Os versos da violeira Maria Pangula impressionavam pela coerência e agilidade, ainda mais porque ela não sabia escrever, nem mesmo assinar o próprio nome. Assim, contando com sua voz e sensibilidade, Maria Pangula desafiou o meio e a época extremamente machistas deixando marcadas as histórias criadas pela sua imaginação e sua ironia corajosa.
Reza a lenda que, durante uma peleja, um cantador deu a deixa: “Eu sou o melhor do Piauí/como é que perco pra vovó?”. Ao que a brava Vovó Pangula respondeu:
“É melhor que respeite essa vovó
A estrela da nossa Teresina
A melhor repentista de Campina
Dei em todos que vi em Mossoró
João Pessoa, Natal e Maceió,
Fortaleza, meu nome é respeitado
Pra cantar um martelo agalopado
Violeiro só faz o que eu quiser
O homem que apanha da mulher
Não merece dar parte ao delegado”
Maria Pangula teve seis filhos: Marta, Francisco, Joaquim, Galdino, José e Gonçalina. E faleceu aos 72 anos, em 1990, deixando uma longa história de talento e dedicação à viola, ao repente e às raízes nordestinas.
(publicada na Revestrés#35, março-abril de 2018).