Na cidade de Porto, a 198 km de Teresina, ainda criança, Lenir se deslumbrava com desenhos de bailarinas – mas não achava que a dança pudesse fazer parte de sua realidade. Adolescente, precisou fazer tratamento médico no Rio de Janeiro. O pai, que chegou a ser prefeito de Porto, a mandou para a casa de uma prima – Maria Nair Santos, que era mãe de Beth Carvalho.

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Lenir acompanhava a prima de seu pai nas aulas de balé que esta fazia e passou a retardar sua volta à terra natal. No anexo do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, teve a oportunidade de fazer aulas com professores de gabarito como Tatiana Leskova e Johnny Franklin.

O amor pela pintura a fez estudar Desenho e Arte na capital carioca. De volta ao Piauí, ela passou a ser professora de artes plásticas no Liceu Piauiense e Colégio Sagrado Coração de Jesus. Sob a permissão desconfiada do pai, que achava balé “aquela coisa que as moças levantam a perna”, ensinou as primeiras aulas de dança em sua própria casa, para amigas interessadas na novidade.

Lenir fundou sua primeira escola – chamada Escola de Ballet Clássico – em 1957. O espaço funcionou até 1960. Nesse período, numa viagem ao Rio de Janeiro para fazer cursos de dança, a bailarina conheceu o marido, comerciante. Voltou a morar na capital carioca, onde permaneceu até 1972.

Na volta definitiva a Teresina ela criou a Academia de Ballet Lenir Argento, que esteve aberta de 1972 a 1997 e foi responsável pela formação inicial de grande parte dos bailarinos profissionais do Piauí.

Homenageada pelo Ballet Bolshoi, em visita a Teresina, Dona Lenir recebeu menção honrosa pelo pioneirismo e ganhou até nome de rua no bairro Mário Covas. Deixou dois filhos, aos 78 anos, em 2003, ano em que a Escola de Dança do Piauí foi rebatizada em sua homenagem.

(Publicado na Revestrés#12 – janeiro/fevereiro de 2014)