Século XIX, mulher, combatente de guerra. Aos 17 anos, Jovita Feitosa contrariou a sociedade da época e, atendendo à campanha que se fazia em todo o país, resolveu se alistar nas forças militares para lutar na Guerra do Paraguai. Cearense, dispensava a função de auxiliar de enfermeira, serviço permitido às mulheres e seu desejo era lutar nas trincheiras.

Filha de Maximiano Bispo de Oliveira e Maria Alves Feitosa, Jovita – apelido pelo qual a chamavam – perdeu a mãe, vítima de cólera, quando tinha apenas 12 anos, o que a fez depois ir morar com um tio em Jaicós, no Piauí. Decidida, cortou os cabelos, disfarçou os seios com bandagens, usou roupas masculinas e seguiu viagem para Teresina, juntamente, com outros voluntários.

Mulata de traços indígenas, não conseguiu esconder a verdadeira identidade por muito tempo. Em uma feira, foi delatada por outra mulher que reconheceu sua feição feminina e os furos de brincos nas orelhas. Insistiu para que a deixassem combater e foi aceita no efetivo do Estado, após o caso chamar a atenção do então presidente da Província do Piauí, Franklin Dória, que lhe incluiu no Exército Nacional como segundo sargento.

De saiote e blusa militar, Jovita ganhou grande repercussão nacional: todos desejavam conhecer a mulher que queria ir à guerra. Virou instrumento de propaganda política até que o então Ministro da Guerra, Visconde de Cairú, negou-lhe a permissão para a frente de batalha.

No Rio de Janeiro, Jovita se apaixonou pelo engenheiro inglês Guilherme Noot, passando a viver com ele na praia do Russel. Conta-se que, ao saber que seu amado foi embora, cometeu suicídio com uma punhalada no coração, aos 19 anos de idade. Outras versões relatam que ela teria ido ao campo de guerra no Paraguai, onde teria falecido na Batalha de Acosta Nû ou de Campo Grande.

Não se sabe ao certo que rumo o paradeiro de Jovita tomou, no entanto, apesar da breve existência, inspira coragem até hoje.

Linha do tempo: 

08 de março de 1848 – Nasce Antônia Alves Feitosa, na cidade cearense de Tauá, região dos Inhamuns.

09 de setembro de 1865 – Desembarca no Rio de Janeiro, após passar por vários estados.

09 outubro de 1867 – Jovita teria se suicidado ao saber que seu amante a deixou.

1869 – Jovita teria conseguido ir à guerra onde teria morrido no campo de batalha.