São Paulo, janeiro de dois mil e dezessete: o recém-empossado prefeito da capital paulista, João Doria, inicia uma campanha contra a pixação e o grafite, sancionando uma lei que endurece a punição para pixadores e grafiteiros não autorizados pela prefeitura e jogando gasolina no já caloroso debate sobre a arte de rua. Em uma ação controversa, como parte do programa de zeladoria “São Paulo Cidade Linda”, Doria ordenou que dezenas de grafites pintados ao longo de mais de cinco quilômetros na Avenida 23 de Maio, conhecida então como a maior galeria de arte a céu aberto da América Latina, fossem cobertos com tinta cinza.
Um ano depois, o Ministério da Cultura e o CCBB trazem para o Brasil a exposição Jean-Michel Basquiat: Obras Da Coleção Mugrabi, uma retrospectiva do trabalho do pintor norte-americano, que começou a carreira… nas ruas. Com temporadas agendadas em outras três capitais brasileiras – Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro –, a mostra estreou em São Paulo, no dia do aniversário da cidade. Um belo e curioso presente, considerando os acontecimentos do ano anterior.
Considerado um dos artistas mais importantes da segunda metade do século XX e um dos principais expoentes do neoexpressionismo, Jean-Michel Basquiat foi reconhecido desde muito cedo como uma criança excepcionalmente inteligente. Filho de pai haitiano e de mãe porto-riquenha, aprendeu ainda na infância a falar francês e espanhol, além do inglês, e sempre foi incentivado a desenvolver seus talentos artísticos.
(completa na Revestrés#35- março-abril de 2018).