“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou sua construção”. A frase de Paulo Freire, no livro Pedagogia da Autonomia, inspira pessoas que atuam no Humanismo Caboclo, programa de extensão do curso de Ciências Sociais da Uespi – Universidade Estadual do Piauí, que desde 2010 reúne estudantes de diferentes cursos à comunidade por meio de ações nas áreas da educação, comunicação popular e cultura, impactando microrrealidades. 

Entre as ações, o Leitura é Vida é uma oficina que acontece na Escola Municipal Professor João Porfírio de Lima Cordão, em Teresina. Quinzenalmente, crianças entre 8 e 11 anos conversam sobre os acontecimentos da semana, comentam leituras feitas em casa e na biblioteca da escola, compartilhando novas histórias com colegas do grupo. O nome Leitura é Vida foi escolhido em processo democrático de votação, em que as crianças apresentaram sugestões, defenderam argumentos e votaram. Segundo William Feitosa Júnior, professor da escola municipal, essa ação ajuda os pequenos leitores a compreenderem o mundo e a tentarem dar sentido à vida. “Uma vez eles leram algo sobre pessoas com deficiência e fizeram a proposta de discutir sobre acessibilidade na escola”. 

Foto: Ohana Luize

Em uma das rodas de conversa na escola, Taline Rodrigues, 10 anos, diz que “os livros nos fazem sentir no lugar em que está a história se passa”. Já Heloísa Lopes, 9, atribui ao projeto o aprendizado de “muitas coisas que não sabia. Eu evoluí na escrita e estou tirando boas notas”. Rafael Higino, 9, destaca: “Eu consigo imaginar a história do livro na minha frente, pela mente”. A mãe de Rafael, Teresa Cristina, aguardava o filho e dizia, orgulhosa: “Eu procuro incentivar, mesmo com as dificuldades. Ele lê tudo e gosta de desenhos educativos”. 

Sob a coordenação do professor Luciano Melo, doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e por meio de parcerias com escolas, associações comunitárias e movimentos sociais, o Humanismo Caboclo busca contribuir na ideia de formação cidadã, o que não é tarefa fácil. “As universidades precisam de políticas mais claras de fomento à extensão, juntamente com recursos financeiros. Sem bolsas, transporte para estudantes e professores, além de suporte para o desenvolvimento de determinadas ações, nossas atuações ficam limitadas”, reflete o professor. 

Completa na Revestrés#42 – julho-agosto de 2019.

 Assine e receba em qualquer lugar do Brasil: www.revistarevestres.com.br ou (86) 3011-2420
💰 Ajude Revestrés a continuar produzindo jornalismo independente:
catarse.me/apoierevestres