Tarde de domingo. Em direção à praça, jovens entre 19 e 25 anos comparecem ao encontro semanal e tomam assento dividindo o espaço entre os bancos que formam um semicírculo e o chão. O cenário despretensioso loga bira espaço para discursos sobre o cotidiano da juventude, política, acesso à cidade, cultura, preconceitos e outros diversos assuntos, sempre com caminhos que levam às reflexões em torno da chamada filosofia social. Inevitavelmente a cena lembra o que se conhece das chamadas ágoras gregas, onde filósofos, como Aristóteles, debatiam e tomavam decisões sobre a vida pública. Mas, na comunidade Vila Irmã Dulce, a juventude coordena a atividade e prepara intervenções.

Foto: Maurício Pokemon

A ideia é encurtar distâncias, dar lugar de fala e estudo para quem vive os desafios de ser jovem, negro e morador da periferia de uma capital como Teresina. O bairro Esplanada, na zona sul da cidade, abriga uma das maiores comunidades periféricas do país – Vila Irmã Dulce. O acesso ao ensino superior, atualmente celebrado por muitos  e questionado por tantos, não passa despercebido. “Aqui são poucas as pessoas que fazem curso superior e, por isso, a maior parte se conhece”, explica Francisco Filho, 23 anos, estudante de Filosofia da Universidade Federal do Piauí (Ufpi). Ele é um dos fundadores do grupo Perifala, que realiza dos estudos, sempre aos domingos, com intenção de provocar a juventude a presente a intervir em seu cotidiano.

Completa na Revestrés#41 – maio-junho de 2019.