Durante os fins de semana do mês de fevereiro o coletivo Salve Rainha ocupa o Sanatório Meduna. São quatro fins de semana, sendo que cada rainha representa o tema dos ensaios que, por sua vez, compõem cada temporada.
A Rainha das Águas abriu a temporada no dia 05. Foi uma referência ao dia 02 de fevereiro, quando se comemora, no Brasil, o Dia de Iemanjá. No fim de semana seguinte, nos dias 11 e 12, acontece a Rainha Lunática com peças, exposições e apresentações artísticas relacionadas às cenas oníricas, aos sonhos e alucinações sensoriais.
No dia 19, é a vez da Rainha Louca, que vem imprimir tudo o que remete à loucura, suscitando debates e inquietações sobre a psicologia humana. A ideia é viver a poesia do “ser louco” e questionar os conceitos de normalidade. Pra fechar a temporada, acontece a Rainha da Saudade, uma homenagem a Júnior e Bruno Araújo, momento em que serão explorados também sentimentos como a saudade e a nostalgia.
Este ano também acontece o bloco de rua do Salve Rainha: o percurso vai do Parque da Cidadania até o local do evento, em cada um dos quatro domingos da temporada. Além disso, as oficinas que fizeram parte da programação das temporadas anteriores darão lugar a quatro bate-papos que acontecem em cada um dos ensaios. As discussões são sobre Patrimônio e Arquitetura; Saúde Mental; Economia Solidária e Empreendedorismo; Produção Cultural e Arte Contemporânea e Queer.
Sanatório Meduna
Nessa temporada, o Salve Rainha acontece no cenário de um hospital psiquiátrico de modelo manicomial. O hospital foi atuante entre 1954 e 2011 e sua antiga estrutura e atuação eram constituídas de 3.356 metros quadrados às margens do Rio Poty, 8 pavilhões ligados por alas cobertas, 2 pátios, 1 edifício com 2 andares, 120 leitos e mais de 100 mil internos. O hospital foi uma homenagem ao médico húngaro Ladislau Joseph von Meduna e foi idealizado e construído pelo Dr. Clidenor de Freitas Santos (1913-2000).
O sanatório ficou conhecido por trazer o que há de mais novo para tratamento das doenças mentais. Os métodos até então descobertos – ou reproduzidos – pelo Dr. Clidenor de Freitas foram postos em prática durante décadas de funcionamento, incluindo a eletroconvulsoterapia (ou eletrochoque), insulinoterapia, malarioterapia, entre outras formas consideradas, na época, como métodos de cura. Em 2011, o Sanatório Meduna fecha as portas. Os pacientes levaram um destino questionável. O local hoje sustenta o Shopping Rio Poty.
Fotos do ensaio: João Albert